Há quatro anos e cinco dias exatamente eu escrevi esse poema para - TopicsExpress



          

Há quatro anos e cinco dias exatamente eu escrevi esse poema para uma pessoa que amo muito, o qual ainda sinto muita falta, um ser humano que foi fundamental na minha vida, que me ensinou a viver, a ser essa criança feliz que sou, essa menina-moça ou moleca como ele me chamava. Esse ser humano que nas últimas horas de vida abriu seus olhos verdes para me ver pela última vez. Que no hospital ficou fazendo birra para não comer a gelatina (que era mesmo horrível), que eu sempre tinha que levar até o posto para tomar vacina pq ele detestava hospital. Esse homem que me levava para pescar, mesmo eu nunca pegando nenhum peixe, porque eu sou uma matraquinha, e quando não pegava nada chorava copiosamente porque sempre fui essa manteiga derretida. Esse homem que me ensinou que não precisa ser do mesmo sangue para se amar alguém como pai. Esse homem que uma vez comprou uma piscina de surpresa pra mim e pro meu irmão no dia das crianças, porque tava um calor danado. Esse homem que me ensinou muito do que sei hoje, esse homem que nos seus últimos dias de vida disse que tudo o que queria era me ver formada, isso um ano antes de eu entrar na usp. Esse homem que me inspirou esse poema. Meu pai. O tempo alivia muitas dores, a saudade que sinto também aliviou, mas sempre quando vejo um salame, que sei que ele adorava, assisto o chaves ou os três patetas, ou quando sinto cheiro de café, quando vejo um santana ou um opala de luxo e lembro dos últimos carros que ele teve, tão velhinhos e descuidados mas como ele dizia o importante é que ta levando vocês para onde vocês querem, quando vejo um fusca azul e lembro dessa brincadeira, sinto um aperto no peito. Penso naquela música do Chico: Oh, pedaço de mim. Oh, metade afastada de mim, leva o teu olhar, que a saudade é o pior tormento, é pior do que o esquecimento, é pior do que se entrevar. Quando chega outubro, lembro do ultimo feliz aniversário qe ele me deu, no dia 5 de outubro, foi o aniversário mais feliz e mais triste da minha vida, nunca me esquecerei daquele beijo com aquela barba mal feita, nem daquele abraço, e pensar que 26 dias depois meu pai nunca mais estaria comigo novamente. Quatro anos e parece que foi ontem que dei em meu pai o último beijo e abraço que serão eternos enquanto eu durar. Defaccio Teu cheiro de tabaco e café Exala por toda a casa. Nas mãos, os calos não se calam, Homem-Operário. Barba que rabisca o rosto da mulher, Abraço que afaga lágrima de criança, Até mesmo choro de manha Tudo com soluços se ganha. Homem bruto e chucro, Que em breves momentos No espaço de um afeto, Torna-se sensível e terno. Amo-te tanto Luomo della mia vita, Ítalo-brasileiro de minha cantiga. Apreciador de uma bela feijoada, Carne mal passada com malagueta, Alegria da baiana, Sonho da pequena... Carpe
Posted on: Thu, 31 Oct 2013 13:22:01 +0000

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