LEMBRANÇA A tua lembrança é uma asa azul e etérea. Uma queimadura a arder calada dentro do nada. Lembrar-te é voar no absurdo das tardes incólumes. Debruço-me sob o silêncio da nossa música e descubro as minúsculas partituras dos teus olhos molhados. Momentos translúcidos que não se revelam mais. Secou a paixão e as flores se recusam a florir. Eras tu que bailava na invisibilidade do vento transgredindo a lógica dos impérios: a doce ternura nos teus pés que agora são de metal. Tua frieza exprime a saudade perfurante que perdura como a chuva. Não te direi que estou com medo. Eu só estou triste. E não peço que me expliques os motivos porque morri, estando ainda vivo. Sou a estrela cuja explosão há milhões de anos, nada mais deixou que o registro tênue de uma luz que se apagou na imensidão do céu. Sem órbita, gravito num caminho incerto. Só tu saberás a minha direção. Orlando de Souza.
Posted on: Wed, 17 Jul 2013 06:12:43 +0000
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