Luis Fraga Depoimento pessoal: Sou de uma família de 7 - TopicsExpress



          

Luis Fraga Depoimento pessoal: Sou de uma família de 7 irmãos onde há engenheiros, psicólogos, advogados e médicos. No caso, o cardiologista é meu irmão mais novo. Impressiona a diferença da "pressão social" em cima das expectativas do recém-formado em medicina. Desde a época da residência já notávamos a dificuldade para um médico recém formado "levar uma vida modesta". Para sentir-se em igualdade de condições com seus pares é necessário logo que se forma, conquistar algumas "coisinhas" que confiram a ele "legitimidade" para figurar (mesmo porque grande parte é oriunda de classes abastadas) entre seus pares: Apartamento, carro, jantares em bons restaurantes , vestir-se bem, etc. É o "status compatível" com sua nova condição, sob pena de, em caso contrário, ser um "coitado de um pobre". De início o cara se vira fazendo plantões de 24, 48 horas em cidades diferentes e outras coisas absurdas. Praticamente não há saída se não quiser sentir-se marginalizado em sua "roda social". Enfim, há quase uma obrigação de GANHAR dinheiro. De início em paralelo com os "plantões" há uma escravização aos esquemas dos planos médicos (Ah! as unimeds da vida com seus milhões de patrocínio a clubes de futebol) Com algum tempo e com trabalho árduo (eles são bem pagos!) essas conquistas vêm e a consciência de fazer medicina simplesmente pelo bem-estar das pessoas e por idealismo se vai. O que me irrita neste posicionamento do CFM é que eles contaminam os médicos que ainda estão nas faculdades. Tenho o exemplo de duas (meninas !) jovens. Uma ainda cursando a faculdade de Medicina de Cajazeiras na PB, outra fazendo residência em Ribeirão Preto; ambas queridas ao coração por pessoas especialíssimas que são de fato. Como se fossem filhas. Ambas contaminadas por esse corporativismo doentio das entidades representativas da classe. Elas se colocam repetitindo os bordões da classe. Em 50 anos de vida, reparem 50 anos de vida , repito. NUNCA VI em toda minha vida os médicos lutando, brigando (de forma organizada) por melhorar as condições de atendimento em hospitais, no SUS, ou onde quer que seja a favor dos mais desassistidos. Vejo, como foi recentemente divulgado, eles protestando (com razão inclusive) contra os baixos valores pagos a eles por consultas pelos planos médicos. Por outro lado me pergunto como seria se uma consulta médica PARTICULAR custasse cerca de R$ 50,00 invés de R$ 100,00 ou mais. Será que ficariam tão a mercê dos planos? Embora existam as exceções que sempre, sempre, sempre existe, fico com vergonha de que no meu país haja uma classe profissional (a médica juradora de Hipócrates, afinal eu assisti a mais de uma TRANSformatura médica) tão esquecida de seus compromissos sociais. O Ato Médico, onde a categoria pretende se sobrepor com arrogância a todas as outras categorias auxiliares na difusao de saúde e bem-estar, quais sejam: psicólogos, acupunturistas, enfermeiros, nutricionistas, fisioterateutas, desprezando sua formação, estudos e especialização é deprimente. A obstação à contratação de médicos estrangeiros para preencher lacunas onde médicos brasileiros não QUEREM IR é absurda, um corporativismo ridículo e degradante. Os caras são seres humanos com um trabalho estafante e estressante, afinal não é fácil lidar diuturnamente com doenças, doentes, expectativas de seres humanos que vêem confiar (desconfiando de você) suas vidas e por muitas vezes com falta de condiçoes de trabalho adequadas. Não há motivo para criar-se essa divisão entre máfia de branco de um lado e população de outro. No entanto, creio firmemente que a classe médica padece de dois problemas: 1- essa essa obrigação de serem ricos, obviamente comparando com a média da população brasileira. 2- o fato de sentirem-se uma classe à parte. Alguém consegue ver os médicos como "trabalhadores"?
Posted on: Fri, 12 Jul 2013 05:39:41 +0000

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