Miguel de Villa Nova. “E choraremos com pesar, a derrota da - TopicsExpress



          

Miguel de Villa Nova. “E choraremos com pesar, a derrota da ciência e da sapiência com a vitória da prevaricação religiosa, da ignorância servil, do atraso cultural e da estupidez implantada nas mentes timoratas de nossos compatriotas”. (Marinho Seques Lopes) “Ainda sinto o cheiro de minha carne, como fumaça subindo aos céus. Um holocausto para Deus. Um tétrico espetáculo para o demônio (MSL) (Biografia extraída do “Novo Dicionário Enciclopédico Formar 25ª edição. Editora Formar Ltda ). Servet, Miguel – Reformista e homem de ciência, espanhol. Nasceu em Villanueva de Sigene em 29 de setembro de 1.511 e faleceu em Genebra em 27 de outubro de 1.553. Conhecido também por Miguel de Villanova e por Serveto, célebre por ter descoberto a circulação do sangue. Fez estudos em Saragoça e Barcelona. Residiu em Lyon e Paris exercendo a profissão de médico ao mesmo tempo em que estudava ciência judia e o platonismo. Suas teorias sobre a circulação do sangue provocaram grande escândalo na Sorbonne. Miguel Servet antecipou-se a Harvey descobrindo (contra a opinião daqueles tempos) que o sangue expulso do coração, voltava a ele através das veias pulmonares. Tinha idealizado uma reforma radical dos dogmas cristãos, que prometia levar a Ecolampadius. Fracassados seus intentos, publicou em 1.546, sobre outro aspecto, a heresia de Ário; “Restauração do Cristianismo”. O intransigente Calvino fê-lo denunciar à Inquisição, em Lyon; e embora fugisse para a Suíça foi reconhecido em Genebra, quando tratava de passar para a Itália. Preso e julgado naquela cidade, pelos calvinistas, foi sentenciado e queimado na fogueira, durante duas horas; cumprindo-se assim a ameaça de ódio que sobre ele pairava e que tinha sido lançada por Calvino, ao escrever; “Se vem por aqui, por pouco que seja minha autoridade não o deixará que siga vivo” Villa Nova, reino de Aragão, em Espanha no ano de 1511 nascia Miguel Serveto. Fora primorosamente educado para eclesiástico em um convento. Aos dezenove anos emigrou de seu país. Estudioso desde tenra idade, e com o movimento da reforma de Lutero, abandonou a fé romana, abraçando as novas idéias libertadoras do grande reformador alemão. Estudou na Universidade de Tolosa. Aos vinte e dois anos, visitou em Basel, o célebre reformador suíço Ecolampadius, expondo-lhe o seu credo; “há um Deus onipotente, simples, criador de todas as coisas. Há um único Senhor Jesus Cristo, produzido pela palavra eterna do Pai, e por e Ele mandado aos homens, como Salvador e Redentor”. O espanhol, ainda jovem, apresentava ao já idoso mestre Ecolampadius, a sua própria sentença de morte! Para Serveto, Cristo era, o filho “enviado” de Deus e, para o antagonista, Cristo era o filho increado e “eterno” de Deus, e da mesma substância do Pai. A mesma questão de doze séculos antes, discutida no concílio de Nicéia: O dogma trino! Em 1.531, Serveto publicou em Strasburgo, a sua obra; “Os Erros da Trindade”, e o efeito fora exasperador. Ecolampadius escrevera a Bucer; “não sei como esta besta veio meter-se na Suíça”. Bucer, um teólogo alto-intitulado devolve em resposta; “O herético deve ser despedaçado”. Cristo era Deus e, Deus era Cristo. Os reformistas, ainda mais se exasperaram, quando os católicos os acusaram, dizendo que o novo “arianismo” era fruto legítimo da reforma religiosa que se esparramava pelo mundo. E esta, corria perigo, seriam todos hereges? Suíça e Alemanha, já não davam a liberdade de viver à Serveto. Ele, então, refugiou-se em França, na cidade de Lyon e depois Paris. Estudou medicina e artes. Palestrante sem igual, poliglota, cultíssimo, conheceu Pedro Palmor, posteriormente feito ilustre dignitário da igreja de Roma. As idéias de Serveto, o trairiam. Em 1.542, fugiu para Viena, onde encontrou abrigo do velho admirador Palmier. João Perulus, médico, também lhe devotou sincera amizade. Em Viena, Serveto publicou uma obra sobre os conhecimentos cósmicos de Ptolomeu e, uma nova edição da Vulgata. Contudo, passado dez anos, inquietou-se acusando a si mesmo de conformismo e, achando-se um enviado de Deus, traíra a missão sagrada que o Altíssimo lhe encarregara. Assim, tentou reatar com Calvino uma correspondência teológica. Não obteve resposta! Suas missivas, como documentos comprobatórios lhe levariam a morte. Era uma questão de tempo, Deus não poderia mais esperar! Fosse Ele quem fosse; o Deus dos Católicos ou o Deus dos Protestantes e Calvinistas acender-se-iam a fogueira religiosa para deleite de religiosos intolerantes... “Um mundo em trevas, dividido por deuses sanguinários em detrimento da sublime mensagem do Cristo; Amai uns aos outros como Eu vos amo”! Sua obra; “Rastitutio Christianismi” seria outra sentença. Teimoso tanto quanto Giordano Bruno, ele voltava com uma convicção divina; ”era um enviado de Deus para restituir o cristianismo”, banindo para sempre o dogma da “Santíssima Trindade” do mundo cristão. Seu prefácio, na monumental obra o comprova; “Cristo fora banido do mundo, desde o dia em que Nicéia proclamou o deus trino”. Em outra parte; “Vosso evangelho baniu Deus, a fé e as boas obras. Em vez de colocares aí um Deus, pusestes um Cérbero de três cabeças; em vez da fé, um desvario fatal; e em vez de boas obras, um fantasma estulto”. Era uma crítica ao fanatismo, aos novos teólogos e ao próprio Calvino. Lutero libertou os cristãos do julgo de Roma, mas o que seria mais fatal, um edito do papa, ou uma sentença dos reformistas? Quem fosse indiferente, onde estivesse, seria colhido e ceifado. E isto se daria aos judeus posteriormente. Chegou a Genebra um exemplar da obra de Serveto. Causou grande excitação religiosa. Guilherme Trie, forçosamente convertido a fé romana, escreveu a um católico de Lyon, que e residia em Viena um “arqui-herege” e, que os mesmos descuidaram do zelo para com a “Santa Madre Igreja”. Iniciou-se uma caçada religiosa. Levaram ao bispo protetor de Serveto, um pedido de churrasco humano. Este, protegendo o grande pensador, alegou que o médico Miguel de Villa Nova, não era Serveto. Mas a prisão veio e, Serveto foi capturado. Antes, porém, da consumação incendiária, ajudado pelos protetores, evadiu-se da prisão. Era um fugitivo, tal qual Caim aos olhos do demoníaco Jeová bíblico. Católicos lhe queriam na fogueira e, protestantes e calvinistas às chamas! O deus de ambos, nada devendo ao sanguinário deus dos judeus, deveria ter a ira aplacada! E isto se dava, queimando gentes... Da obra de Calvino; “Institutos”, recebida como santamente escrita, ditada pelo próprio Deus, tal quais os devaneios de Moisés e Maomé, não se poderia jamais, emitir qualquer juízo sobre ela. Os simpatizantes ou não, teriam que aderir e cegamente obedecer. A correspondência de Serveto com Calvino seria documento comprobatório de sua declarada heresia aos olhos dos novos fariseus. Não sabia Serveto, que em estâncias de Calvino seria capturado. O novo papa, a sombra de Lutero, havia declarado a Guilherme Farell por carta; “Serveto escreveu-me... seus desvarios cheios de estapafúrdios... se ele vier e minha opinião prevalecer, daqui não sairá vivo”. Fugindo da insanidade católica, Serveto seria presa da loucura protestante e da insanidade calvinista. Desembarcando em Zuric, fora jogado ao cárcere. O grande pensador, médico, que defendeu idéias estranhas , porém muito respeitado em Viena, ali se encontrava, a mercê dos inquisidores da reforma, em Genebra. Ficou em uma masmorra, junto a presos por crimes capitais. Queixou-se aos juízes, da miserável condição em que vivia; roído pelos vermes; atormentado pela enfermidade; sem meios de higiene e de outras misérias, que o envergonhava de relatar. Da prisão, Serveto pediu um debate com Calvino aos juízes. Fosse numa igreja, ou perante 200 homens doutos nas escrituras. Calvino negou. Os juízes, então, decidiram que Serveto haveria de se defender por cartas, dirigidas ao novo papa “Calvino”. Este, em resposta, após longos 15 dias de silêncio, provou aos magistrados, que as idéias de Serveto, não encontravam respaldo à sua obra “Institutos”, recebida por inspiração do próprio Deus. A controvérsia teológica chegava ao fim. O dogma trino haveria de prevalecer. A herança da besta apocalíptica, que o adotou do paganismo, só mudava de endereço; de Roma para a Suíça, Alemanha e quase toda Europa. Perret, membro do conselho da cidade, tentou poupar Serveto, mas a grande autoridade de Calvino, que havia resolvido a morte do herético, prevaleceu. Não se sabe o que era mais temeroso: Uma bula papal, ou um edito dos reformadores, uma fogueira católica ou as chamas dos protestantes... Serveto pedira misericórdia. Esforçou para uma audiência última com o seu ídolo Calvino. Não se encontrava mais preparado para o terrível martírio. A dolorosa prisão, lhe fez sucumbir e entre lágrimas, pediu perdão. Calvino lhe acusava de blasfemar contra o filho de Deus. O Cristo, conforme Calvino era desde a eternidade o filho increado. Cristo era Deus e Deus era Cristo. O grande religioso, o excelso teólogo honrado como um enviado de Deus, o sanguinário Calvino, cujos seguidores atravessaram séculos, com certeza não conhecia a bíblia. Pois, Jesus não foi o Cristo, e o Cristo também não é Deus. "Mas vós não queirais ser chamado Mestre, porque um só é o vosso Mestre, e vós sois todos irmãos. Nem vos intitulem Mestres; porque um só é o vosso Mestre — o Cristo! (Mateus, XIII — 8 e 10). Caído de rosto ao chão, diante ao poste e feixes de lenha empilhados ao redor, Serveto orou em silêncio. Farel falou então à multidão petrificada: - “Veja o poder de Satanás! Este infeliz que vai morrer é um erudito. O demônio colheu-o e se apossou dele. Cuidado para que não vos aconteça tal calamidade”. Amarrado ao poste, com alguns de seus livros e escritos, agonizou Serveto. Piedosos e amorosos espectadores jogaram paus secos incendiados - o costume era incendiar com paus verdes, para aumentar o suplício do condenado - a fim de apressar a morte do grande médico, escritor e filósofo, antecipando o doloroso fim daquela alma de escol. O Deus protestante e calvinista ficaria em paz, com o holocausto. Melanchton vergonhosamente escreveria a Calvino; - “A igreja de hoje e do futuro tem para convosco uma dívida de gratidão, pela morte do blasfemo”. Poucos anos após, outro mártir também seria incinerado nas fogueiras inquisitoriais; Giordano Bruno, vítima da intolerância e da ignorância religiosa. O Deus sanguinário dos fanáticos, certamente abriu as narinas, para deleitar-se com as espirais de fumaça, que aos céus subiam, com odor de carne humana assada. O costume bárbaro de incinerar animais e seres humanos no judaísmo passara para o catolicismo e para o protestantismo. A única diferença, que o último se fazia com somente humanos. As fogueiras religiosas, tanto protestantes, calvinistas e católicas, vergonhosamente iluminaram as noites! O sangue, e as cinzas dos mártires, foram o pasto de tanta ignorância e intolerância.
Posted on: Sat, 28 Sep 2013 18:06:33 +0000

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