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Neste espírito, procedemos a um estudo que congregasse aspectos gerais da religião buscando os ensinamentos dos pais fundadores da Sociologia, assim como a consulta e interpretação de dados bibliográficos, no que toca a questões internas, recorremos a alguns dos mais conceituados especialistas locais na área do saber sobre a qual se cingiu a nossa pesquisa, tendo em alguns casos abordado com certa profundidade aspectos como os ki-mbandas e os problemas causados pelas seitas assim como possíveis soluções para o problema. II – Breve abordagem sobre a religião Para que possamos antes mesmo de entrar naquilo que é objecto do nosso estudo (seitas religiosas), precisamos inserir- nos no conceito global de religião, para tal, precisamos de começar por saber o que é, e o que não é religião, e só então enquadrar-nos no conceito e abordar a sua problemática. 2.1 – O que não é Religião Segundo Antonhy Giddens [1]para ultrapassarmos as ciladas do pensamento culturalmente enviesado quanto a religião, será provavelmente preferível começarmos por dizer o que a religião em termos gerais, não é. Em primeiro lugar ainda segundo o autor, a religião não devia ser identificada com monoteísmo (a crença em um só Deus). Na maioria das religiões proliferam diversas divindades. Mesmo em algumas versões do Cristianismo, existem varias figuras com qualidades sagradas: Deus, Jesus, Maria, o espírito santo, anjos e santos. Em algumas religiões não existem quaisquer deuses. Em segundo lugar, a religião não deveria ser identificada com preceitos morais que controlam o pensamento dos crentes – como os dez mandamentos que Moisés terá supostamente recebido de Deus. A ideia de que os deuses estão interessados no nosso comportamento terreno não existe em muitas religiões. Na Grécia antiga por exemplo, os desuses eram bastante indiferentes as actividades dos homens. Em terceiro, religião não está necessariamente preocupada em explicar como o mundo se tornou no que é. No Cristianismo, o mito de Adão e Eva propõe-se explicar a origem da existência humana e muitas religiões têm mitos deste tipo, embora haja muitas outras em que isto não acontece. Em quarto, a religião não pode ser identificada com o sobrenatural, vista como envolvendo intrinsecamente a crença num universo "para alem do reino dos sentidos". O Confucionismo, por exemplo, prende-se com a aceitação da harmonia natural do mundo e não com a procura de verdades que estão para alem dele. 2.2. – O que é a Religião Para o já referido autor, as características que todas as religiões parecem, de facto, partilhar são as seguintes. As religiões implicam um conjunto de símbolos que invocam sentimentos de reverência ou temor, ligados a rituais ou cerimónias (como os serviços religiosos) realizados por uma comunidade de crentes. Cada um desses elementos deve ser alvo de explicação. Quer as crenças numa religião envolva deuses, ou não, existem sempre seres ou objectos que inspiram atitudes de temor ou de admiração. Em algumas religiões, por exemplo, as pessoas acreditam e veneram uma força divina, em vez de acreditarem deuses personalizados. Noutras religiões existem figuras que não são deuses, mas em relação as quais sentimos uma certa reverência – como Buda ou Confúcio. Diz ainda o autor que os rituais associados a religião são muito diversos. Os actos rituais podem incluir orações, cânticos, canções, comer certo tipo de comida – ou abster-se de o fazer – jejuar em certos dias e por ai a diante. Em virtude de os actos rituais serem orientados para símbolos religiosos, são muitas vezes vistos distintos hábitos e procedimentos da vida comum. Acender uma vela para honrar ou aplicar um Deus é algo completamente diferente, no seu significado, do que fazer o mesmo para fornecer luz. Os rituais religiosos são, muitas vezes, levados a cabo individualmente, mas todas as religiões envolvem também cerimónias realizadas pela colectividade de crentes. As cerimónias habituais têm lugar normalmente em lugares especiais – igrejas, templos ou santuários. A existência de cerimoniais colectivos é para o autor vista usualmente vista pelos sociólogos como um dos factores que distingue a religião da Magia[2]embora as fronteiras de uma e outra sejam de modo algum nítidas. As pessoas recorrem com frequência a magia em situações de desgraça ou perigo. Assim o estudo clássico de Bronislaw Malinowski dos habitantes das ilhas Trobriand, no pacífico, descreve vários ritos mágicos efectuados antes de uma viagem perigosa de canoa (Malinowski, 1982 APPUD Giddens). Segundo o mesmo., os ilhéus só não recorrem a esses rituais quando apenas vão pescar nas águas plácidas e seguras da lagoa local. Apesar de as praticas magicas terem praticamente desaparecido nas sociedades modernas, em situações de perigo, as superstições de índole magica são ainda muito comuns. Muitos dos que trabalham em profissões perigosas ou onde os factores de risco podem afectar drasticamente a sua execução – tal como mineiros, pescadores de alto mar ou desportistas - , recorrem a pequenos rituais supersticiosos, ou usam amuletos especiais em momentos de maior tensão. Como exemplo podemos citar o caso do jogador de ténis que insiste em utilizar o anel especial em jogos mais importantes. As crenças astrológicas herdadas das sociedades pré-modernas Aida têm adeptos, embora a maioria provavelmente não as leve muito a serio. 2.3 – Variedades de religião Segundo Antony Giddens, nas sociedades tradicionais a religião desempenha normalmente um papel central na vida social. Os símbolos religiosos e os rituais estão muitas vezes interligados na cultura material e artística da sociedade - na musica, na pintura ou na escultura, dança, na arte de contar historia e na literatura. Nas culturas pequenas, não existe propriamente um clero profissionalizado, mas há sempre certos indivíduos que especializam no conhecimento das práticas religiosas (muitas vezes, magicas). Embora haja vários tipos desses especialistas, um dos mais comuns é o Xamã [3]Por vezes, os Xamãs, são no fundo, mais mágicos do que chefes religiosos. São consultados frequentemente por indivíduos descontentes com o que lhes é oferecido pelos rituais religiosos da comunidade. 2.3.1 – Totemismo e animismo Giddens diz que nas culturas pequenas são recorrentes duas formas de religião: o totemismo e o animismo. A palavra "totem", originaria das tribos índias norte-americanas, tem sido amplamente utilizada para assinalar espécies animais ou plantas que se acredita terem poder sobrenaturais. Normalmente, cada grupo de parentesco ou sociedade tem o seu totem particular, ao qual estão associados vários rituais. As crenças totémicas podem parecer estranhas as pessoas que vivem nas sociedades industrializadas. No entanto, certos contextos relativamente menores, símbolos semelhantes aos do totemismo são-nos familiares, quando por exemplo, uma equipa desportiva tem um animal ou planta como emblema. As mascotes são totens. O Animismo é uma crença em espíritos ou fantasmas, que se pensa viverem no mesmo mundo que os seres humanos. Tais espíritos podem ser vistos como benignos ou malignos e podem influenciar o comportamento humano em numerosos aspectos. Em algumas culturas por exemplo acredita-se que os espíritos causam a doença ou a loucura e que também podem possuir um indivíduo de modos a controlar o seu comportamento. As crenças animistas não estão confinadas as pequenas culturas, mas, encontram-se em certa medida em muitos sistemas religiosos. Na Europa medieval, aqueles que se acreditava estarem possuídos por espíritos demoníacos eram perseguidos frequentemente como feiticeiros ou bruxos. Sociedades pequenas e aparentemente simples têm frequentemente sistemas complexos das crenças religiosas. O totemismo e o animismo são mais comuns entre estas sociedades do que nas maiores, mais algumas sociedades pequenas têm religiões muito complexas. Os Nusser no Sul do Sudão, por exemplo, descritos por E. E. Evans-Pichard, possuem um conjunto elaborado de ideias teológicas centradas num "Deus Supremo" ou "espírito do seu" (Evans Pichar 1956 APPUD Giddens). As religiões que tendem para o monoteísmo, contudo, são relativamente pouco frequentes entre as pequenas culturas tradicionais. A maioria destas são politeístas, ou seja, crêem em muitos deuses. 2.3.2 – Judaísmo, Cristianismo e Islamismo As três religiões monoteístas mais influentes na história do mundo são: O Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo. Todas tiveram a sua origem no próximo oriente e influenciaram- se mutuamente. (Giddens 2007). O Judaísmo é a mais antiga das três religiões, datando de cerca de 1000 a. C. Os primeiros Hebreus eram nómadas, vivendo no Egipto antigo e zonas circundantes. Os seus profetas ou líderes religiosos, inspiram-se parcialmente em crenças em crenças religiosas existentes na região, mas diferenciam-se pela sua adoração de um Deus único e todo-poderoso. A maioria dos povos vizinhos era politeísta. Os Hebreus acreditavam que Deus exige obediência a códigos morais estritos e reivindicavam o monopólio da verdade vendo as suas crenças como única religião verdadeira (Zeitlin 1984:88 APPUD Giddens). Ate a criação de Israel, não muito depois do final da II guerra mundial, não existia estado algum onde o Judaísmo fosse a religião oficial. As comunidades Judaicas sobreviveram na Europa, no norte da África e na ÁSIA, embora tenham sido frequentemente perseguidas, culminando no assassinato pelos Nazi de milhões de Judeus nos campos de concentração durante a guerra. 2.3.3 - Cristianismo Muitos pontos de vista Judaicos, foram adoptados e incorporados pelo cristianismo. Jesus era um. Judeu Ortodoxo, e o Cristianismo começou como uma facção do Judaísmo; não se sabe ao certo se Jesus desejava fundar uma religião distinta. Os seus discípulos começaram a vê-lo como messias[4]– esperado pelos judeus. Paulo, um cidadão romano de língua grega foi um grande iniciador da expansão do cristianismo, pregando extensivamente na Ásia menor e na Grécia. Embora os cristãos tenham sido, inicialmente barbaramente perseguidos, o Imperador Constantino acabou por adoptar o Cristianismo com religião oficial do império Romano. O Cristianismo tornou- se uma força dominante na cultura ocidental durante os dois milénios seguintes. (Giddens 2007) O Cristianismo tem actualmente maior número de seguidores e encontra-se mais difundido em todo o mundo do que qualquer outra religião. Mais de mil milhões de indivíduos reconhecem-se como Cristãos, mas existem muita divisões de ordem teológica e na organização das Igrejas, as principais das quais são a Igreja Católica, Protestante e as Ortodoxas. (Ibdem) 2.3.4 - Islamismo Para Giddens as origens do Islamismo, hoje em dia a segunda maior religião do mundo (ver quadro) têm pontos em comum com as do Cristianismo. O Islamismo deriva dos ensinamentos do profeta Mohamed no século VII da era cristã. Segundo o Islamismo, o seu único Deus, Alá, domina toda a vida humana e natural. Os pilares do Islão são os cinco deveres religiosos essenciais dos muçulmanos (assim se chamam os crentes islâmicos). O Primeiro é a recitação do credo islâmico "só Alá é Deus e Mohamed o seu profeta". O segundo é rezar as orações formais cinco vezes ao dia, fazendo-as proceder por uma lavagem cerimonial. Nestas orações por mais longe que se encontre, o crente deve rezar sempre virado para cidade santa de Meca, na Arábia Saudita. O terceiro pilar consiste na observância do Ramadão, um mês de jejum durante o qual não se pode ingerir comida ou bebida durante o dia. A dadiva de esmolas (dinheiro aos pobres) estabelecida na lei islâmica que tem sido usada frequentemente como fonte de imposto pelo estado. Finalmente espera-se que cada crente tente fazer pelo menos uma peregrinação a Meca. Os Muçulmanos acreditam que Alá falou através dos primeiros profetas – Incluindo Moisés e Jesus – antes de Mohamed, cujos ensinamento exprimem mais directamente a sua vontade. O Islamismo expandiu-se muito, tendo qualquer coisa como mil milhões de aderentes em todo o mundo. A maioria esta concentrada no norte e no leste da África, no Oriente e no Paquistão. 2.4 - Teorias da religião Giddens diz que as abordagens sociológicas da religião Aida são fortemente influenciadas pelas ideias dos três teóricos clássicos da Sociologia: Marx, Durkheim e Weber. Nenhum era crente e todos achavam que a importância nos tempos modernos. Todos acreditavam que a religião era num sentido fundamental, uma ilusão. Os defensores das diferentes doutrinas podem estar inteiramente convencidos da validade das crenças que defendem e dos rituais em que participam, contudo, estes três pensadores sustentam que a grande diversidade de religiões e suas ligações obvias a diferentes tipos de sociedade fazem com que essas convicções não sejam plausíveis[5] Karl Marx, apesar da sua influência nesta matéria, nunca estudou a religião ao pormenor. A maior parte das suas ideias derivam dos escritos de vários autores, teólogos e filósofos do começo do século XIX. Um deles, Ldwing Feuerdbach, que escreveu um famoso trabalho intitulado "A essência do Cristianismo" (Feuerdbach, 1957 publicado pela primeira vez em 1841). De acordo com este autor, a religião consiste em ideias e valores produzidos pelos seres humanos no decurso do seu desenvolvimento cultural, mas projectados erroneamente em forças divinas ou deuses. Como os seres humanos não percebem inteiramente a sua própria historia, tendem a atribuir valores e normas criadas socialmente à acção dos deuses. Deste modo, a historia dos dez mandamentos dados a Moisés por Deus é uma versão mítica das origens dos preceitos morais que norteiam a vida dos crentes judeus e cristãos[6](Giddens, 2007) Ao contrário de Marx, Emile Durkheim passou grande parte da sua vida intelectual a estudar a religião, especialmente as religiões em sociedades pequenas, tradicionais. O trabalho de Durkheim, As formas elementares da vida religiosa, publicado pela primeira vez em 1912, é talvez o estudo mais influente da Sociologia da Religião. (Durkheim, 1976 appud Giddens 2007). O autor, não relaciona a religião, em primeiro lugar, com as desigualdades sociais ou o poder, mas com a natureza geral das instituições gerais de uma sociedade. Baseia o seu trabalho no estudo sobre o totemismo, tal como este é praticado pelas sociedades aborígenes australianas, e argumenta que o totemismo representa a religião na sua forma mais elementar ou simples – daí o título do seu livro. Define a religião em termos de distinção entre o sagrado e o profano [7]De acordo com Durkheim, o totem é sagrado porque é o símbolo central do grupo e representa os seus valores centrais, cujo respeito e reverência provêem do respeito que as pessoas depositam nos seus valores, sendo que o objecto de valor é a própria sociedade. Realça fortemente o facto de as religiões implicarem sempre cerimonia e rituais regulares que reúnem grupos de crentes e não apenas uma questão de fé, sendo que, para si, os rituais e as cerimónias são essenciais para manter a coesão do grupo[8] Durkheim, tal como Marx pensa que as religiões que as religiões que envolvem forças divinas estão prestes a desaparecer no entanto, afirma que, num certo sentido, a religião, sob uma forma alterada, irá provavelmente continuar. Diferentemente de Durkheim, que com base no seu estudo sobre o totemismo, cujas ideias acreditava poderem aplicar-se a religião em geral, Weber efectuou um estudo exaustivo sobre as religiões de todo o mundo[9]A maior parte da sua atenção concentrou-se no que chamou religiões mundiais – aquelas que atraíram um grande número de crentes e afectaram decisivamente o curso global da história. Estudou pormenorizadamente o Hinduísmo, o Budismo, Taoismo e o judaísmo antigo (Weber, 1951, 1952, 1958, 1963) e na Ética protestante e o Espírito do capitalismo (1976; publicado pela primeira vez em 1904-5) e noutros escritos debateu longamente o impacto do cristianismo na historia do ocidente, contudo não completou o seu projecto sobre
Posted on: Thu, 27 Jun 2013 23:48:54 +0000

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