Não obstante o facto de ter sido um dos períodos mais - TopicsExpress



          

Não obstante o facto de ter sido um dos períodos mais conturbados de todo o percurso histórico de Macau, poucos trabalhos foram sobre ele produzidos, para além dos conhecidos testemunhos de Manuel Teixeira, António de Andrade e Silva, Leonel Barros, J. J. Monteiro e outros autores que nos deixaram crónicas e artigos ou meras referências em livros, revistas e jornais. Até por isso, o Instituto Internacional de Macau (IIM) acolheu, de imediato, a proposta de João F. O. Botas para a publicação de “Macau 1937-45 — Os Anos da Guerra”, um importante contributo para um melhor conhecimento da forma como aqueles anos duríssimos foram vividos pela população de Macau, bem como das políticas públicas então prosseguidas neste derradeiro reduto de paz, permanentemente ameaçado pela sangrenta presença nipónica em seu redor, provocando tremendas convulsões em vastas áreas do Extremo Oriente. Contributos do IIM Foi com idêntico propósito que o IIM assumiu a edição, em 2004, de “Porta do Cerco — a ténue fronteira no conflito sino-japonês de 1894 a 1945”, de Cândido do Carmo Azevedo, professor coordenador do Instituto Politécnico de Macau, e do livro-álbum, em dois volumes, intitulado “The Portuguese Community in Hong Kong — a Pictorial History”, com selecção fotográfica e texto de António M. Pacheco Jorge da Silva, arquitecto e investigador macaense radicado nos E.U.A., que contém, igualmente, informação útil sobre este tema. Saíram do prelo em 2007 e 2010, para apresentação nos dois últimos Encontros das Comunidades Macaenses, juntamente com outras obras que integram colecções muito significativas e diversificadas do acervo editorial do IIM, que tem como uma das vertentes dos seus objectivos estatutários o estudo, a preservação e a valorização da memória macaense. Estudos de Carlos Bessa Desta temática ocupou-se, igualmente, o Coronel Carlos Gomes Bessa, membro da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Portuguesa de História, de que foi secretário-geral, tendo sido também secretário-geral e vice-presidente da Comissão Portuguesa de História Militar e presidente do Conselho Supremo da Sociedade Histórica da Independência de Portugal (SHIP). Foi coordenador, em 1999, de um número especial da Revista Militar dedicado à presença de Portugal no Oriente e autor de vários estudos relacionados com Macau, de que se destacam “Macau e a implantação da República da China - Uma carta de Sun Yat-sen para o Governador José Carlos da Maia” (Fundação Macau, 1999), “Restauração em Macau - património e perspectivas do futuro de Portugal no Oriente” (1989) e “Macau do Nome de Deus na China e a União das Coroas Peninsulares” (1999), ambos publicados pela SHIP. Dedicou-se, entretanto, à investigação dos reflexos da Guerra do Pacífico em Macau, para o que foi reunindo bastante material relacionado com esse período histórico, mas problemas graves de saúde impediram-no, infelizmente, de prosseguir e concluir uma obra que era aguardada com justificada expectativa. Um trabalho sério Apesar de ser parca a documentação oficial disponível sobre este intrigante e penoso período, em que mais uma vez se pôs à prova a capacidade de resistência e sobrevivência do território e das suas gentes, esperamos que este livro de João F.O. Botas, um “filho da terra adoptivo”, como afirma com compreensível satisfação e orgulho o autor, estimule mais investigadores — e muitos e academicamente bem preparados são eles — a debruçarem-se sobre Macau, nas perspectivas histórica, sociológica, cultural, económica e política. Com mais de 500 páginas, este meritório trabalho inclui uma oportuna introdução e um correcto enquadramento, seguido de uma cuidadosa caracterização do contexto da situação vivida, sendo as pesquisas feitas enriquecidas com testemunhos vários. Juntou-se, no fim, uma bem elaborada cronologia e uma série de gráficos de fácil consulta e encerra a obra uma bibliografia muito útil, compreendendo os livros conhecidos e uma extensa relação de jornais, revistas, anúncios, catálogos, relatórios e outros documentos, sendo igualmente indicadas diversas fontes electrónicas. É de destacar, neste conjunto de documentos, o relatório da gerência do BNU de Macau de 1938-1945, com cerca de 250 páginas e muita informação relevante. “Macau 1937-45 — Os Anos da Guerra” é uma obra séria, abrangente e metodicamente organizada, merecendo figurar na colecção “Suma Oriental”, que congrega trabalhos de investigação sobre o universo oriental protagonizado especialmente pela presença lusa. O seu autor merece o nosso reconhecimento e esperamos que avance com novos trabalhos sobre Macau. Relato de Manuel Teixeira O prefácio do jornalista João Guedes explica muito bem a ascensão do Japão entre os grandes potências mundiais e os condicionalismos naqueles anos dificílimos de Macau, num tempo de profundas mudanças históricas e num espaço assolado por terríveis tufões políticos. Neste contexto, não deixou de citar o Pe. Manuel Teixeira, que nos legou esta claríssima síntese: “O vendaval soprou violento por todo o Extremo Oriente, arrebatando na sua fúria todas as colónias europeias, ainda as mais prósperas, poderosas e bem artilhadas, até mesmo aquelas que eram consideradas fortalezas inexpugnáveis (Singapura e Hong Kong). Macau, a mais antiga de todas, ficou de pé, e o glorioso pendão das quinas que havia sido o primeiro a desfraldar às brisas do Extremo-Oriente, foi, também, a única bandeira europeia que continua a flutuar nestas inóspitas plagas, lambidas pelas labaredas do mais violento incêndio que os séculos viram. No entanto, apesar de insulados nesta dentadinha de terra, à mercê do capricho de bandos sem lei nem consciência que, em completo desacordo entre si e os seus chefes apenas as entendiam num ponto – o ódio ao europeu; apesar de Macau haver sido cinco vezes bombardeada, de maneira que o simples roncar de um avião infundia pavor em todas as almas; apesar dos sobressaltos e da ansiedade em que vivemos, chegando a esperança a ser para muitos pura miragem e o optimismo sinónimo de inconsciência; apesar dos crimes sem conta perpetrados contra cidadãos pacíficos e inocentes, estando muitos assinalados nas listas negras e todos incertos pelo dia de amanhã; apesar dos boatos alarmantes e das ameaças que, qual espada de Dâmocles, pairavam durante muito tempo sobre as nossas cabeças, pondo-nos num estado de tensão contínua de nervos; apesar da negra fome... apesar de tudo isto e que a pena se recusa a registar, esta cidade saiu incólume do prélio gigantesco e bárbaro que convulsinou o Extremo Oriente”. Lançamento em Junho Os interessados nestas matérias concordarão que este era mesmo um estudo necessário, sendo oportuna a sua publicação numa altura em que se tornou possível conjugar esforços e ampliar sinergias, aproximando mais os centros de estudos, os organismos com vocação editorial e as indispensáveis entidades financiadoras, nem sempre abertas ao patrocínio de propostas de investigação, mesmo quando é evidente a qualidade e a utilidade dos trabalhos produzidos. O lançamento do livro será feito no dia 18 de Junho em Macau, em sessão integrada nas comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portugueses, devendo ser também apresentado em Lisboa no mesmo mês. Artigo da autoria de Jorge A. H. Rangel publicado no JTM de 21 Maio 2012
Posted on: Sun, 28 Jul 2013 16:27:55 +0000

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