O QUE TEM A VER A BOMBA H E O PAPA BENTO XV COM O “MENSALÃO” ? Não têm muito a ver ou tem muito a ver. A capacidade de se construir a bomba H suscitou a fundamental questão se ele poderia ou não ser fabricada. Norberto Bobbio – jurisfilósofo italiano – afirmou que se um certo país a fabricasse ele dominaria o mundo e isto levaria outros países a também fabricá-la; assim só poderia ser feita se ficasse a cargo de uma força transnacional (como a ONU) e o país que dominasse essa força seria o dominador, o que autorizaria outros a construí-la, mesmo a margem da lei internacional, chegando à conclusão de que na prática qualquer país poderia fabricá-la, desde que jamais a detonasse já que o mundo e a si mesmo. Concluiu sabiamente que se jamais poderia ser detonada, para que ser construída? Na Academia da Baviera, em 2004, o então Cardeal Joseph Ratzinger travou interessante polêmica com Habermas (jurisfilósofo alemão) onde este defendia o Estado Liberal. O, depois Papa, indagou se a existência do Estado Liberal não exigiria pressupostos de existência que ele sabidamente não é capaz de garantir. Quanto ao mensalão, a gente que nem é Bobbio, nem Ratzinger, pode perguntar: “SE O SISTEMA LEGAL BRASILEIRO FOSSE CAPAZ DE PUNIR TÃO EXEMPLARMENTE A CORRUPÇÃO COMO A NAÇÃO PARECE EXIGIR, A CORRUPÇÃO EXISTIRIA? Mesma indagação pode ser feita em outras áreas. Um deles, por exemplo, é a questão das drogas. A atuação do Estado já se mostrou ineficaz e a solução que mais se fala é que tal problema só será resolvido por algo que chamamos de “família”. Mas é de se perguntar: se existisse a “família” capaz de resolver a questão da droga, existiria o problema da droga? Outro é essa questão dos médicos cubanos. Pode até embutir questão ideológica ou chamar atenção para outras faces do problema, como a falta de infra estrutura , mas a questão que fica é: se a medicina (e aqui não é só médico) brasileira fosse capaz de cuidar da saúde do povo brasileiro, alguém estaria falando em importar médicos estrangeiros? E, parando, a indagação talvez mais triste. Afirma-se que a política e o governo brasileiros só prestarão quando existir “moral”. Mas, se existisse as coisas seriam como são? Se o “mensalão” é uma “infecção” que tem que ser exterminada do cenário brasileiro, a bactéria só pode chamar “voto”. (Nivaldo Duro).
Posted on: Sun, 15 Sep 2013 12:51:09 +0000
Trending Topics
Recently Viewed Topics
© 2015