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O SER HUMANO ENQUANTO AMANTE DO SABER Não há dúvida de que o ser humano é caracterizado pela busca do saber. Aristóteles no início da sua Metafísica já dizia isso. Mesmo sem considerarmos o que ele dizia podemos perceber através da nossa própria observação e da observação sobre nós mesmos. Não é admissível que um ser humano na sua condição de completude cognitiva, isto é, não tendo nenhum problema que o impeça de raciocinar, possa vir a deseja ser alguém que ignore tudo. Nós e os demais seres humanos, por natureza, gostamos de saber o que são as coisas; sejam aquelas que nos cercam, sejam aquelas distantes, que existem em outros países e de repente, até em outros planetas. Nesse sentido podemos dizer que o ser humano é um ser curioso por natureza, mas pode ocorrer algo inesperado na vida do ser humano que o transforme num ser apático e não mais interessado em saber. Mas quando isso ocorre temos que admitir que tal ser humano não mais se constrói como tal, mas que ele entrou num processo de se desmontar, de se desconstruir. Alguém que se desinteresse totalmente pelo conhecimento praticamente se desinteressou de si mesmo e assim não pode mais ser tomado como exemplo de um discurso que quer englobar a essência humana num bojo que o identifique a partir das suas características principais. Assim, o ser humano enquanto alguém que assume o seu desejar continuar a ser humano é alguém que, necessariamente, de um jeito ou de outro, ama o saber; ama conhecer o porquê das coisas, ama lançar um olhar monitorador sobre a realidade que o cerca e envolve. Desde a mais tenra idade, o ser humano já demonstra essa intensão para a sobrevivência, pois busca conhecer tudo o que lhe possa ajudar para a preservação da sua existência. O próprio choro primordial, aquele que a criança dá assim que sai do útero da sua mãe e é lançada na atmosfera, é um choro indicador da preocupação a respeito da possibilidade de se manter existindo ou não naquelas novas condições. Sendo assim, podemos afirmar, com certeza, que a tendência ao saber é primordial e natural no ser humano, enquanto nasce com ele. Podemos também afirmar, que desse ponto de vista o ser humano é amante do saber de modo inato. Tal inatismo porém, não se resume nessas palavras, indicando apenas que podemos facilmente perceber que a animalidade do ser humano é naturalmente uma animalidade que o leva a querer sempre estar informado sobre a realidade que o cerca e envolve. Paralelamente, temos que perceber que muito animais também possuem tal tendência ao conhecimento, mesmo se nenhum deles é capaz de sistematizar o conhecimento adquirido e o armazenar de algum modo, na memória natural do seu cérebro ou em texto escritos e guardados de modo vário. Um coelho silvestre, ou um esquilo, ao sair de sua toca em busca de alimento, vai, por assim dizer, explorando o ambiente, vai conhecendo, vai testando o que é e o que não é cada coisa, usando seus órgão dos sentidos, vai usando o faro para identificar o que possa vir a ser comestível ou não, etc. Nós como animais, mamíferos, participamos também desse processo que é aquele de sermos buscadores de conhecimento. Como disse acima, a capacidade de armazenar conhecimentos a respeito da natureza que entramos em contato faz de nós uns buscadores especiais. Perceber isso é o primeiro passo para que se comece a filosofar, já que a filosofia significa etimologicamente, amizade ou amor pela sabedoria. Essa característica faz de nós seres dotados, precisamente da razão e é esta razão que nos caracteriza, nos diferenciando de todos os outros seres que conhecemos empiricamente. A partir daqui surge o problema de saber se nós somos ou não os seres mais inteligentes do universo ou se poderíamos admitir que num local muito distante do planeta Terra, pode haver um tipo de ser que tenha a inteligência muito melhor equipada do que a nossa. Tais seres poderiam ser considerados quase como deuses para nós, já que seriam capazes de compreender certas realidades que nós não compreendemos. Mas há também a hipótese religiosa que hipotetiza seres divinos como existentes e como mais capazes de perceber a realidade do que nós, ou seja seres mais racionais do que nós. Os anjos, os arcanjos e os querubins, seriam exemplo desses seres. Um outro exemplo seria o próprio Deus, que segundo aquilo que se acredita, possuiria uma inteligência tão maior que a nossa que nós seríamos perto dele seres bem pouco racionais. Obviamente uma filosofia que se queira autônoma não tenderá a reconhecer a existência desse hipotético deus, pois isso vanificaria o fazer filosófico. E foi isso que gerou um problema grave na Grécia antiga quando os sacerdotes de Zeus, de Afrodite, de Dioniso, etc, se aborreciam com os filósofos por tentarem explicar o ser das coisas sem recorrerem às elaborações mitológicas dadas pelos poetas tais quais Homero e Hesíodo. Assim nasce a filosofia: desde cedo desafiada a explicar o mundo a partir da pura razão humana e acossada pela religião que reivindica seu direito de manter sob seu domínio vários seres humanos considerados por ela como inferiores ou meros fieis laicos.
Posted on: Thu, 08 Aug 2013 04:38:50 +0000

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