"O essencial é invisível aos olhos" Antoine de - TopicsExpress



          

"O essencial é invisível aos olhos" Antoine de Saint-Exupéry "Um sonho... A paisagem era de sonho, no tecto do mundo. Uma planície imensa, as aves sobrevoando o céu e as montanhas lá ao fundo. Naquele lugar, a paz reinava e os únicos sons que se ouviam eram o do vento e o da areia e mais ao fundo, o das aves. Do meu lado estavam dois irmãos, de pele escura típica dos tibetanos, sentados nuns bancos, e o mais velho mostrava-se incomodado com a minha presença. Os seus olhos rasgados castanhos cor de mel gritavam em silêncio a repulsa pelo estranho que ali se encontrava. O mais pequeno sorriu para mim e por momentos desviou o olhar para o irmão: perguntou-lhe se acredita em Deus. Ao ouvi-lo falar, o outro irmão parou de olhar para mim e olhou directamente nos olhos do irmão mais novo. Segurou-o fortemente nos braços e abanou-o violentamente, palavreando irritado em hindu: “Eu não acredito nessas coisas! Não o vês, nunca o viste, nunca o verás. Os pais morreram e agora somos só nós os dois, achas que se deus existisse estávamos aqui e nesta situação? Eu já não acredito em nada nesta vida, ouviste? Em nada!” O sorriso do menino tinha-se dissipado do seu rosto escuro e sujo de terra e em seu lugar caíram lágrimas, que prontamente limpou com a manga daquelas enormes vestes que trazia por cima do corpo. Ao olhar aquela criança, senti um aperto tão intenso no meu coração que me senti puxado a me aproximar deles e assim abordar o irmão mais velho. “Hey”, disse eu. “Não assustes o teu irmão.” Visivelmente contra a minha presença ali, recuou tal e qual animal selvagem, puxando o pequeno pela mão. Marcou a sua posição de defesa e acenou que não com a cabeça. Pedi para ele se aproximar. “Não te quero fazer mal… deixa-me falar contigo rapaz”. Baixei-me e o mais novo aproximou-se lentamente de mim, contra a vontade do irmão. Dei-lhe a minha mão… A princípio o mais velho estranhou, mas o mais novo rapidamente confiou no estranho que a minha pessoa representava. Depois de me ceder a sua mão, o irmão mais velho abandonou a posição defensiva e aproximou-se lentamente, acabando também ele por me dar a sua mão. Assim que apertei com força as mãos das duas crianças contra a minha, o vento fez-se sentir ao levantar os meus cabelos. “A vida foi cruel para com vocês. Mas isso não impede que feches o teu coração ao essencial desta vida. Só acreditas naquilo que os teus olhos te fazem ver?” O rapaz largou a mão de mim e do irmão e recuou novamente em posição defensiva, dizendo que “A vida não foi cruel, mas já me pregou rasteiras suficientes... Prefiro deixar os pés assentes na terra e ver as coisas com os meus próprios olhos.” Voltei a buscar a mão do rapaz e disse-lhe que olhasse para o irmão: “Tu e o teu irmão têm uma ligação muito especial. Os sentimentos que tu tens por ele não são visíveis como aquela montanha ali atrás de vocês, e tu mesmo assim acreditas neles e não largas a mão do teu irmão. Não tomes como facto as tuas verdades só porque o ressentimento tomou conta de ti. Existem aqueles que não vêm a verdade porque insistem em olhá-la com os seus olhos. Entretanto, existem uns poucos, cujos olhos estão cobertos com uma leve camada de poeira; estes compreenderão a verdade.” Quando acabei de pronunciar aquelas palavras, senti o vento a aumentar de intensidade. As aves estavam desorientadas e a fugir das montanhas, e quando dei por isso, os rapazes escondiam-se debaixo dos bancos grandes. “Esconda-se, estranho”, disse-me o mais velho, enquanto as areias desciam as montanhas em nossa direcção. Escondi-me e a tempestade passou por cima de nós. Enquanto o medo nos percorria as veias, o mais novo disse-me que não tivesse medo, pois “se tiveres que morrer hoje, não há nada que agora possas fazer para mudar esse destino. E acordei..." Fiquem bom dia, boa semana.
Posted on: Mon, 15 Jul 2013 06:23:33 +0000

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