O que uma professora de canto lírico diria sobre vocalistas de - TopicsExpress



          

O que uma professora de canto lírico diria sobre vocalistas de heavy metal? 1. Bruce Dickinson Iron Maiden: “The Number of the Beast” (1982) youtube/watch?v=7-iRf9AWoyE Primeira reação: “Os dois primeiros caras são tão impecáveis, que apresentam, cada qual a seu jeito, um manifesto de como cantar bem, independente de gêneros musicais”. Não tenho nada que não seja admiração por este cantor. Ouçam como ele começa com um suave rosnado, e então muda sem problemas para um som alto e cheio, com bastante sustain, que evolui sem esforço a um longo grito! Sua dicção é facilmente inteligível, independentemente do que está cantando e do efeito que busca. Ele consegue cantar as letras de forma ritmicamente intensa sem perder o “ligado” e a dinâmica musical, algo que muitos cantores clássicos lutam para conseguir, especialmente quando interpretam os vários “staccato” e acentuações que misturam os registros de Bellini, Donizetti, etc. Algumas observações para os meus leitores: Há uma intensidade visceral e dramática conduzindo esta perfomance. Muitos cantores de Rock e Metal são tenores que alcançam tons muitos mais altos e por muito mais tempo do que os requisitados pelos tenores de ópera. E não é a apenas o microfone que torna isto possível. Estes caras estão cantando com tudo que têm e com um comprometimento incrível. A intenção é uma coisa muito poderosa. Notem a “irritação” que ocasionalmente colore seu som. Este é um efeito totalmente diferente de uma tensão – toda sua laringe e garganta precisam estar completamente soltas e livres para responder deste jeito. Em alguns dos exemplos a seguir, vocês escutarão cantores fazendo suas vozes soarem deliberadamente mais fracas, estridentes, anasaladas ou “rudes”. Se eles sabem o que estão fazendo, podem fazer todos estes efeitos sem resistências ou problemas. Você pode ver a diferença da mesma forma que faria com um cantor clássico – o canto livre é como uma massagem, enquanto que o canto específico faz você apertar a própria garganta. 2. Ronnie James Dio Black Sabbath: “Falling Off the Edge of the World” (1981) youtube/watch?v=cAQfhZauTLs Este é mais um ótimo cantor. Sua voz é tão naturalmente ressonante – ele me lembra o Freedie Mercury. Assim como o primeiro cantor, ele canta com um “ligado” perfeito, dicção clara e vibração orgânica e consistente. Ele organiza seu espaço de ressonância para criar um leve rosnado, sem apresentar qualquer resistência à sua respiração. Você pode perceber o quão saudável é sua performance, através da forma em que ele entra e sai de breve momentos de harmonia com entonação impecável. 3. King Diamond Mercyful Fate: “Gypsy” (1984) youtube/watch?v=1k6ostxtkLo Reação inicial: “Há alguns inoportunos truques de estúdio que me fizeram pensar que havia mais de um cantor, porque eles editaram as partes em que ele muda de um canto cheio para aquela coisa maluca de contra-tenor que ele faz (imagino que ele faça isso ao vivo o tempo todo); como ele sai de um para o outro e o que faz dele incrível, e eu quero escutá-lo mudando de um para o outro”. Aqui está um canto impressionante. Ele começa com uma voz tenor cheia, carregada de “choros” a la “verismo”, e então muda para um tom ultra-alto em um contra-tenor bem focado, alternando estas duas abordagens ao longo da canção, algumas vezes na mesma frase. Mas não apenas eu não entendo uma única palavra que ele está dizendo, eu nem ao menos sei qual a mensagem ou emoção geral a música deveria ter. Há uma verdade que serve para a música clássica e para qualquer outro estilo: não há necessidade de sacrificar a comunicação em prol de ótimos efeitos como este. Tudo que eu ouço é virtuosidade. No início é legal, mas então fica entediante, e você não deveria se entediar ouvindo Metal. 4. Ozzy Osbourne Black Sabbath: “War Pigs” (1970) youtube/watch?v=_4cx1pk0P3o Reação inicial: “O quarto cara é apenas um mau canto de garganta… Minha garganta se encolheu só de escutá-lo. Quanto tempo durou a carreira dele”? Este é um cantor com dicção decente e bons instintos musicais, mas nenhuma noção de técnicas de vocal. Ele está forçando demais as cordas vocais, enquanto deixa fluir ar suficiente para que elas consigam falar, mas sua garganta está tão forçada que não há ressonância. Sua pontuação rítmica das letras é muito perturbadora, em contraste com o primeiro cantor, que apresentou a letra com acentuações rítmicas que encaixaram, ao invés de tirar um pouco da fluência da música e da poesia. Minha garganta dói tanto só de escutá-lo, que fiquei tentada a perguntar quanto tempo a carreira dele durou antes de sumir ou de ter necessitado uma cirurgia. Todo o espectro de seu canto está contido dentro de uma única oitava – com a exceção do momento quando ele grita “oh, Lord!” num tom mais alto, em minha opinião o único momento de canto livre em toda a música. 5. Rob Halford Judas Priest: “Dreamer Deceiver” (1976) youtube/watch?v=GjMizl3qQGE Reação inicial: “O último cara é super talentoso e é o único no qual realmente gostaria de pôr as mãos. Ele demonstra várias técnicas loucas, mas elas não estão bem integradas. Isto não importa muito, porque ele é muito comprometido, expressivo e musical, mas eu poderia ajudá-lo a fazer melhor e mais facilmente”. Este cantor possui um fabuloso espectro de cores e efeitos vocais para escolher. Sua dicção é fácil de entender e seu fraseado é lindo. Ele começa em um tom tão alto, bonito e ressonante, que me surpreendi ao escutar o quão baixa sua voz verdadeira é quando ele começa a cantar desta forma. Claramente ele canta, de alguma forma, com a laringe elevada quando começa a parte alta, e mais tarde na canção, quando ele muda para um canto mais estridente ou um grito, você nota que sua laringe está numa posição muito mais alta novamente. Os tons altos e os gritos são ótimos, mas eu acho que seria mais impactante se ele dominasse uma técnica vocal que lhe permitisse integrar melhor todas as coisas que ele faz tão bem, primeiramente com o objetivo de incorporar a profundidade e a ressonância de sua natural voz baixa às partes mais altas. Ele é o único dos cinco que eu realmente gostaria que viesse visitar meu estúdio em algum momento. imprensarocker.wordpress/2010/10/26/o-que-uma-professora-de-canto-lirico-diria-sobre-vocalistas-de-heavy-metal/
Posted on: Tue, 12 Nov 2013 21:56:11 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015