Ontem assiste a um filme que deve ser o filme mais reacionário - TopicsExpress



          

Ontem assiste a um filme que deve ser o filme mais reacionário que já vi em toda a minha vida. Chama-se “Ameaça Terrorista”, e deve ter sido patrocinado pelo Tea Party, se é que não foi encomendado por ele. A “mensagem” do filme (sim, é daqueles filmes que tem “mensagem”, como cabe aos institucionais) em resumo é dizer que na luta contra o terrorismo a tortura é plenamente válida e aceitável, e devemos (devem eles) torturar até a mulher e os filhos dos terroristas (mais ou menos como fazia Saddan Houssein) pra que eles nos deem (pra eles) informações de ataques iminentes. O ambiente na sala de “interrogatório” no filme faz Guantanamo parecer um parque temático da Disney. E ao fim e ao cabo o filme editorialmente defende abertamente a tortura de toda a família do terrorista, com uma cena que pode ser facilmente lida como “tá vendo! Devíamos ter torturado aquelas crianças, não torturamos, olha a merda que deu. Eram apenas duas crianças [deles] a troco de milhares "das nossas"! Que sirva de lição.”. Fiquei esperando que subisse um lettering indicando um 0-800 pras pessoas ligarem apoiando a causa, com uma conta bancária onde podiam fazer donativos pra financiá-la. Enfim, um filme, pra dizer o mínimo, escabroso. Mas o que espanta nem é isso, mas outra coisa. O filme é estrelado por Samuel L. Jackson, um atorzaço! Estranhamente o último filme que vi com ele pode ser visto como um dos filmes americanos mais “à esquerda”, falando do racismo ainda existente hoje na América, e de uma forma muito realista e contundente, além de ter um drama pessoal tocante em primeiro plano. Este chama-se “A Cor de um Crime”, que recomendo com ênfase. Mais estranho ainda: nesse mesmo filme (A Cor de um Crime), participa Julianne Moore, outra grande atriz, que fez porradas de coisas muito boas. Mas ela teve a manha de protagonizar um outro filme chamado Virada no Jogo, que é uma descarada campanha política pra Sarah Palin. Nesse filme também trabalha outro ator de primeira grandeza, Ed Harris. Odd, very odd... E eu me faço duas perguntas: 1) Por que gente deste naipe se mete nessas presepadas? 2) Como é que eles saem "impunes" disso?! Explicando melhor minha segunda pergunta, faço uma terceira: o que aconteceria com a carreira de um ator aqui no Brasil se, por exemplo, Wagner Moura resolvesse fazer um filme cuja a mensagem fosse “a polícia tinha que ter descido mais o cacete nos manifestantes! Não desceu, olha a merda que deu! Que sirva de lição pra próxima.” (e não, não vale o Tropa, porque esse filme em hora nenhuma apóia o Capitão Nascimento, ou dá a entender que, na opinião editorial dos autores, ele estava agindo certo.) Ou o que aconteceria se qualquer outro ator de porte fizesse um filme-campanha pro (pró) Collor? Diria que não sobreviveriam. E agora as perguntas que importam: sou eu (ou nós) que sou/somos provincianos, apaixonados e ainda fazemos policiamento ideológico, ou são os americanos que são mais maduros e conseguem separar as coisas. Ou ainda: somos nós que estamos certos por NÃO separarmos as coisas?
Posted on: Sun, 23 Jun 2013 20:45:39 +0000

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