PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO: REGRESSO PARA O PAI A parábola do filho pródigo, do capítulo 15 do evangelho de S. Lucas, normalmente se lê no 4º Domingo da Quaresma. Se no tempo quaresmal nos convida ao mistério da reconciliação para melhor prepararmos as festas pascais, este domingo a leitura da parábola do filho prodigo é precedida de outras duas, que expressam a alegria do reencontro de algo que se tinha perdido. O contexto é, pois, de festa, adequado à assembleia litúrgica do domingo. O refrão do salmo utiliza as palavras do filho que quer regressar à casa do pai. Com a leitura do Êxodo, o salmo e o evangelho, compreenderemos melhor a fidelidade do pai que se compadece do seu povo e que “desiste do mal com que tinha ameaçado o seu povo”. Poderemos resumir a missa dominical com as palavras do filho pródigo: “Vou-me embora, vou ter com meu pai…”. O que é a missa senão um encontro com aquele que nos espera com os braços abertos para nos acolher na sua infinita misericórdia? Uma vez acolhidos, também começa a festa! A grande festa dos cristãos realiza-se ao domingo. Nela encontramos tudo o que precisamos para fortalecer a nossa fé e recuperar as forças que se perderam durante a semana. A celebração dominical começa sempre com o abraço do Pai, no momento penitencial. A Liturgia da Palavra faz-nos aproximar de Deus, para, de seguida, nos introduzir no banquete eucarístico, onde nos alimentamos com o Pão da vida e o Cálice da Salvação, entrando assim em comunhão com Cristo e com os irmãos. Todos estes momentos acontecem num clima de alegria regeneradora, remédio contra o nosso egoísmo e superficialidade da vida, expressos nos dois irmãos da parábola que só pensam em si mesmos. Como a eles, Deus também nos concede tudo. Se gastarmos as nossas energias em lutar para ficar somente com a parte da herança que nos toca, estaremos a fugir da casa do Pai, onde tudo o que Lhe pertence é também nosso. As três parábolas deste domingo formam uma unidade. A parábola da ovelha perdida (por um pastor) e da moeda de prata perdida (por uma mulher) preparam-nos para escutar a parábola de um pai que perdeu o seu filho mais novo. A parábola do filho pródigo, ou seja, a dos “regressos” (porque os dois filhos regressam) é uma excelente imagem de Deus que compreende, espera e acolhe os seus filhos, respeitando a liberdade de cada um. Ao contrário do pastor que vai à procura da ovelha e da mulher que varre a casa para recuperar a moeda, o pai permanece em casa, porque conhece os filhos e respeita a liberdade de cada um. Mesmo assim, o pai ia sempre lançando o seu olhar para o horizonte, esperando por ele para o acolher e lhe restituir a dignidade de filho (a túnica, o anel e as sandálias). Todavia, o filho mais velho, que nunca deixou a casa do pai, não acolheu o seu irmão, nem se esforçou por compreender o seu Pai. Tantas vezes nós ou as nossas comunidades fechamos as portas a quem regressa ou às novas realidades, onde devemos levar a alegria de Deus Pai! O nosso desejo de ter o mais possível leva-nos à tristeza, porque é contrário à vontade de Deus. O nosso Pai quer que nos levantemos do nosso pecado e do nosso individualismo para recomeçar de novo o caminho para a liberdade que somente Nele se encontra. O domingo é o dia do regresso à casa do Pai. Ele vem ao nosso encontro para nos tirar da tristeza, para sairmos da escravidão do pecado que nos impossibilita de alcançar um horizonte de alegria e de amor. Aceitemos a festa do Pai que nos congrega, na entrega do Filho e na alegria do Espírito Santo. O domingo enche o nosso coração, derruba os muros do pessimismo e abre as portas da nossa vida para acolher a graça de Jesus Cristo, o qual “veio ao mundo para salvar os pecadores” (2ª leitura). O Senhor, que tanto nos ama, cria em nós um coração puro, faz renascer em nós um espírito firme. Sem o domingo, a festa com o Senhor não acontece. É na celebração dominical que se experimenta a alegria do reencontro e do perdão de Deus Pai.
Posted on: Sun, 15 Sep 2013 11:57:06 +0000
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