PORTUGAL INDUSTRY MAGAZINE O estudo da Câmara de Comércio Internacional (CCI) de 2013 sobre comércio e finanças, divulgado no passado dia 24, revelou que a escassez continuada de trade finance para o comércio internacional mantém-se como um grande desafio para a recuperação e desenvolvimento económicos, com muitos comerciantes dependentes de linhas de crédito e de outros créditos dirigidos às empresas para financiar as suas exportações e importações. Segundo o estudo, a incerteza sobre os resultados das eleições presidenciais norte-americanas, a crise no Médio Oriente e as tensões sino-japonesas contribuíram para o ritmo medíocre do comércio mundial, que caiu para um crescimento de 3,8% em 2012, dos 6,1% registados no ano anterior. A morosidade na Zona Euro incitou a fraca procura mundial a meio do ano, enquanto que, por sua vez, as economias da China, Índia, Brasil e outros mercados emergentes desaceleraram. A proliferação de novas regulações nos últimos anos tem aumentado as pressões de custo sobre instituições financeiras e mercados deprimidos. Cerca de 65% dos especialistas entrevistados disseram que a implementação dos regulamentos Basel III está, em parte, a afectar os custos do capital e de liquidez para o trade finance. Embora já tenham sido implementadas ou propostas várias mudanças nas regulações, o futuro permanece incerto, com a harmonização dos princípios de regulação a manter-se como um grande problema para os financiadores comerciais e para os seus clientes. O estudo indica de forma positiva que, apesar do desempenho irregular em todo um mundo em 2012, o mercado do trade finance não apresenta sinais de crescimento lento e constante, com medidas comerciais temporárias impostas durante a crise financeira – incluindo o aumento nas taxas para o comércio – a serem lentamente removidas. “Isto mostra que os intermediários financeiros continuam a satisfazer a procura por um financiamento e que os investimentos em activos comerciais é parta de um modelo bancário mais sustentável”, defendeu Pascal Lamy, Director-Geral da Organização Mundial de Comércio, no prefácio do estudo. Intitulado Repensar o Comércio e Finanças – Uma Perspectiva da CCI sobre o Desenvolvimento do Sector Privado, o estudo da CCI revela que as economias em desenvolvimento continuam a ser os motores do crescimento do comércio internacional, apesar do nível sempre crescente de regulação, na esteira da crise financeira, e de uma clara lacuna de financiamento para as pequenas e médias empresas (PME) no hemisfério sul. No entanto, os riscos e a crescente importância dos países em desenvolvimento tornaram-se mais evidentes, de acordo com a pesquisa, que diz que, embora as exportações dos países em desenvolvimento tenham oscilado durante todo o ano, superaram os níveis pré-crise, subindo para 8,5% em 2012. Os programas de facilitação do comércio por parte dos bancos multilaterais de desenvolvimento também aumentaram em 2012, segundo o estudo, que prevê que o papel destes bancos multilaterais de desenvolvimento se assuma ainda mais essencial na recuperação económica, no desenvolvimento económico e na redução da pobreza nos próximos anos. O estudo inclui uma análise de dados de tráfego de comércio, a partir da SWIFT, o fornecedor de informações financeiras, sugerindo que, em 2020, um terço do comércio mundial será provavelmente Sul-Sul. Os dados revelam uma mudança de assinatura na região da Ásia-Pacífico, onde ocorreram 73% de todas as operações de exportação em 2012, juntamente com um aumento de 2,32% no tráfego de importação. Por outro lado, o tráfego de importação diminuiu mais marcadamente na zona Europa-Euro, onde se registou uma queda de 13,5%. “We are encouraged by the continuing effort to fine tune various capital treatments for trade finance whether at the supranational level, or in national implementation. It is important for the business community to press on with the current dialogue with regulators as there is still a lot to be done. On the macroeconomics front, we also expect to see a credible plan in place for the budget issues that are plaguing certain countries, leading to restored confidence but perhaps with a longer drawn out and bumpier recovery than we hope for,” said Kah Chye Tan, Vice-Chairman, Corporate Banking, Barclays, and Chair of the ICC Banking Commission. Querendo proporcionar uma análise estatística detalhada das tendências regionais e mundiais em trade finance, Repensar o Comércio e Finanças 2013 recebeu respostas de representantes de 260 bancos em 112 países. Ampliando o seu alcance, o estudo de 2013 inclui uma nova secção sobre possíveis evoluções do mercado, que inclui as opiniões de alguns dos maiores especialistas do mundo no financiamento do comércio mundial sobre os drivers e sobre possíveis soluções para um mercado mais robusto e resistente. No estudo de 2013 contribuíram, ainda, dois novos parceiros: o Centro de Comércio Internacional (International Trade Centre – ITC), para cobrir as restrições de crédito e medidas não-aduaneiras; e o Factors Chain International (FCI), proporcionando as tendências de negócios em factoring. Repensar o Comércio e Finanças 2013 dá resposta ao compromisso assumido pela CCI de preencher a lacuna de informação sobre o financiamento do comércio através de relatórios de inteligência de mercado e monitoramento com o objectivo de contribuir para uma melhor compreensão os mercados mundiais. Thierry Senechal, Senior Policy Manager para a Comissão Bancária da CCI defendeu que "o financiamento do comércio é o óleo que alimenta o motor do crescimento económico mundial, mas, apesar dos sinais encorajadores, esta excelente imagem da indústria fica ameaçada, pelos ventos contrários que o trade finance enfrenta e que podem derrubar completamente o cenário mundial em que actua nos próximos cinco anos. Isso inclui uma profusão de normas, um sistema financeiro a duas velocidades, um processo perturbador de desalavancagem e novas PME sedentas por trade finance em vários países emergentes. "
Posted on: Fri, 05 Jul 2013 11:06:07 +0000
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