SOLIDARIEDADE Jardineiro alviverde cultiva projeto e floresce - TopicsExpress



          

SOLIDARIEDADE Jardineiro alviverde cultiva projeto e floresce Verdão na África Agência Palmeiras Luan de Sousa 21/07/2013 09h00 38 Divulgação Clique na imagem e confira as fotos do projeto Antônio Ferreira Bento, mais conhecido como Ronaldo (um apelido de família que virou nome), é jardineiro do Palmeiras desde 2002. É atualmente um dos responsáveis por cuidar dos campos e do entorno da Academia de Futebol. Em dezembro de 2010, ao aceitar um convite de seu pai, passou a ser colaborador – durante suas férias – de um projeto para crianças carentes em Maputo, capital de Moçambique, na África. E os bons frutos, apesar de ‘pragas’ como corrupção, miséria e conflitos étnicos, continuaram a ser colhidos. A missão inicial de Ronaldo (36 anos), recém-formado em educação física, foi ensinar aos ‘miúdos’ (como são chamadas as crianças moçambicanas) lições de esporte e o amor ao Palmeiras (veja o vídeo abaixo). “Na primeira vez que eu fui, em 2010, eu me emocionei já no aeroporto. Quando desci do avião, alguns meninos, uns cinquenta, me receberam cantando o hino do Palmeiras. Chorei mesmo. Não aguentei”, afirmou ao Site Oficial, acrescentando que o hino palestrino está na boca da maioria das crianças que integram o projeto. - Clique aqui e conheça mais sobre o projeto "África-Moçambique" Em junho deste ano, o jardineiro foi pela quarta vez à nação africana e ficou 38 dias. Experiência que nunca sairá da memória do profissional. “A viagem de 2013 foi a que mais mexeu comigo. Meu pai, idealizador da iniciativa, teve de voltar ao Brasil, e eu fiquei sozinho no comando. Tive que cuidar dos meninos, dos professores, da alimentação, dos campeonatos, de tudo. Mexeu comigo, me deu ainda mais força, enfim, me senti um verdadeiro líder”. Ronaldo e particularmente seu pai (Manoel Borges, 67 anos, psicólogo e professor de inglês), no entanto, precisam conviver com uma realidade cruel. “A maioria das crianças é abandonada porque os pais, que são tribais, fazem os filhos e vão para a África do Sul. As mães, que são as pessoas que levam o sustento para casa em 90% dos casos, precisam então ir para as machambas (roças) e deixam as crianças em casa. Eu vi crianças com dez anos que cuidam de quatro menores e muitas outras nas ruas sem direção. Meu pai – que sempre quis salvar vidas na África –, ao perceber isso, instalou-se em uma casa e passou a dar café da manhã a elas todos os dias. Com o tempo, o projeto cresceu. Hoje, os pais delas apoiam e nos agradecem, dizem que os filhos mudaram. Isso é muito gratificante”, explicou, em alusão à evolução da entidade totalmente sem fins lucrativos, que oferece atualmente aulas de matérias como português e matemática, música (violão, teclado e bateria), informática, religião e atividades recreativas. O funcionário alviverde, inclusive, testemunhou uma situação alarmante que ilustra bem o cenário do país. “Na minha primeira viagem, eu perguntei a cerca de 300 crianças que estavam lá: ‘Quem aqui já matabichou (tomou café da manhã) hoje?’ Apenas seis levantaram a mão. A maioria deles tem de esperar a mãe chegar às duas da tarde para comer a metade de um pão com algumas fatias de tomate ou com uma folha de alface”, disse. A corrupção e a aversão ao estrangeiro são outros obstáculos a serem superados pela instituição. “Nós, estrangeiros, somos conhecidos como perturbadores e tidos como ameaças. Ou seja, os governantes querem manter a população na pobreza para ficar mais fácil de manipulá-los. E, quando eles vêem pessoas com uma mente mais aberta, trabalhando o psicológico das crianças, eles começam a dificultar. Além disso, nós, brancos (ou molungos), causamos muita inveja. Assim, o pessoal aumenta o preço das coisas porque acha que somos ricos”. Mesmo com os percalços, ‘tio’ Ronaldo, que tentou ser jogador quando jovem (começou a treinar no Fortaleza, mas abandonou a carreira por lesões), orgulha-se em ensinar esportes, sobretudo futebol, e o Palmeiras (o clube doa uniformes todos os anos para ele) às crianças africanas. “Ensino eles a tocar uma bola, a cabecear, a chutar com duas pernas, a dominar uma bola. E, agora que adquirimos uma casa maior, temos quadras de vôlei, basquete e futebol. Faço também campeonatos masculino e feminino com troféus aos times primeiros colocados, ao artilheiro, ao goleiro menos vazado... Tem também a igreja e o nosso próximo passo é erguer um alojamento. O Palmeiras nos abençoa muito com os uniformes. A criançada adora. O que impressiona também é que eles nos entregam tudo certinho, lavadinho. Nunca sumiu nenhuma camisa", emendou o palmeirense Ronaldo, um ídolo requisitado na carente Maputo. "Se você jogar uma bola na rua ao meio-dia em Moçambique, aparecem pessoas de todos os lados. Teve um dia que era feriado e eu estava muito cansado. Mas, às 8 da manhã, a criançada bateu na minha porta e não resisti. Tive que ir. Minha felicidade é vê-los felizes", completou o jardineiro, que já está juntando o dinheiro da passagem para a viagem do ano que vem.
Posted on: Mon, 22 Jul 2013 14:03:44 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015