Somos todos delinqüentes acadêmicos? – Efeitos e - TopicsExpress



          

Somos todos delinqüentes acadêmicos? – Efeitos e conseqüências (5) Por Antonio Ozaí da Silva O problema é a insistência na produtividade, sem a menor preocupação com a recepção do trabalho. Perdeu-se o equilíbrio entre esses dois elementos – a produção e a recepção” (WATERS).[1] Os efeitos dessa “corrida maluca” pela produtividade são nefastos e influenciam o cotidiano acadêmico desde a graduação. Logo cedo, os graduandos aprendem a jogar o jogo e percebem a importância de “encostar” na pessoa certa, a que abrirá as portas para o mestrado.[2] Por experiência concluem que o mais importante não é necessariamente o projeto de pesquisa ou o saber, mas sim conquistar a “proteção” dos mais “produtivos”, os que têm o Lattes mais extenso e ocupam postos chaves no campus. Percebem que para se dar bem na carreira acadêmica precisam aceitar certas práticas e relações nem sempre justas e éticas. O clientelismo caminha de mãos dadas com a bajulação, a adaptação e a submissão acrítica à linha teórica e ideológica do “protetor”. Em lugar de favorecer a autonomia do educando, investe-se na subordinação, na formação de séquitos e discípulos dispostos a defender a verdade do mestre, mas incapazes de pensar pela própria cabeça. [3] Nem é preciso ser bom aluno, basta apenas se dar bem com o professor “X”, ainda que reprove ou se saia mal em outras disciplinas. É um jogo de mútuas vaidades. Os neófitos miram-se nos exemplos que têm diante de si, aprendem a serem servis e tornam-se catedráticos na arte da dissimulação. O servilismo tende a se aprofundar na medida em que aumenta a concorrência para ingressar na pós-graduação e é reproduzida nesta. Pressionados pela exigência de mais e mais produtividade, os docentes reproduzem o servilismo na relação com os órgãos superiores. Mutilam-se para atender as normas e regras burocráticas decididas por um grupo seleto de indivíduos, os quais agem como deuses no Olimpo, cujas decisões são imperativas e moldam a prática cotidiana da maioria. Esta se submete. A perda do senso crítico e submissão à ordem acadêmica talvez representem o efeito mais infausto e preocupante. As diretrizes emanadas dos órgãos superiores, e acatadas incondicionalmente no campus, favorecem o intelectual especialista. Valoriza-se o saber burocratizado, disciplinado, prisioneiro de fórmulas e padrões tidos como de caráter científico. A forma passa a ser mais importante que o conteúdo. O discurso da interdisciplinaridade não suplanta práticas fundadas na especialização. Os critérios de avaliação desses organismos pressupõem consistência na área de pesquisa, ou seja, que os pesquisadores se atenham aos mesmos “objetos”, por anos, décadas… Ao anuir com os critérios positivistas da medição matemática do saber, como se este pudesse ser verdadeiramente mensurado, numa clara rendição às áreas do conhecimento acadêmico que priorizam a quantificação e também aos princípios mercadológicos cada vez mais influentes no campus, acentua-se o “produtivismo”. Na medida em que se prioriza a quantidade, compromete-se a qualidade. Claro, há muitos interesses a defender e é melhor não colocá-los em risco. Prevalece a mentalidade burocrática e conformista. A mediocridade caminha de mãos dadas com o conformismo. O resultado é um ambiente acadêmico cada vez mais estressante e deprimente, com indivíduos conformistas e apegados a interesses mesquinhos, fechados em feudos e lançados numa corrida desenfreada para conquistar status e recursos materiais. O sonho do sucesso, do reconhecimento dos pares, passa pela aceitação acrítica da ideologia produtivista. A “Casa de Salomão” imaginada por Francis Bacon tem mais o aspecto de um imenso “cemitério dos vivos”.
Posted on: Sat, 10 Aug 2013 15:49:58 +0000

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