São Paulo - O vietnamita Thai Nghia, criador da empresa de calçados Goóc, mostrou como suas experiências pessoais resultaram no sucesso do seu empreendimento. Filho caçula de uma família com boas condições no Vietnã, Nghia nunca se conformou com o regime imposto em seu país, o que motivou sua fuga. A vinda para o Brasil, no entanto, foi obra do acaso. Ele e outros fugitivos do Vietnã foram resgatados por um navio do Brasil e acabaram no Rio de Janeiro, em 1979. "O Brasil não tinha preparação nenhuma para receber estrangeiros e integrá-los na sociedade", contou. "Ficamos na favela e meses depois fomos para São Paulo morar em um albergue". Aos poucos ele se deu conta de que era um "filhinho de papai" que nunca tinha trabalhado nem se formado em uma faculdade. Sem conhecer ninguém, sem falar português e sem ter para onde ir, ele decidiu reagir. Com muito esforço, ele conseguiu se comunicar, se sustentar, estudar na conceituada Universidade de São Paulo (USP) e ter o primeiro emprego em um banco. Foi nesse momento que começou a vender bolsas. O primeiro lote ele comercializou na Rua 25 de Março (um dos maiores centros de comércio popular de São Paulo) e perto da USP, onde estudava. Em duas semanas, vendeu tudo. "Mas as coisas não são foram tão simples. Quando eu trabalhava no banco, tinha carro e podia ir para a praia e para a balada", disse. "Quando comecei meu próprio negócio, não tem mais balada, nem praia, nem nada. Meu apartamento passou a ser estoque de tecido, já que com a inflação alta, precisava comprar e estocar". Na visão do empresário, quem quer abrir o próprio empreendimento não pode deixar que outras pessoas o tirem do caminho. "A gente tem que ser determinado. Se não, você deixa sua vida pela decisão do outro", alerta. A inspiração para criar a Goóc surgiu em uma visita ao Vietnã. "Vi uma sandália usada no Vietnã feita com câmara de caminhão. As pessoas montam essa sandálias e vão para luta", disse. "Para mim, ela é símbolo da resistência". Em sua avaliação, a mensagem da Goóc é mais importante do que o produto. "O produto acaba, é volátil. O que importa é levar o conceito", reiterou. E a mensagem de sua marca tem a ver com ecologia, preservação das raízes e superação. "Uma tem tudo a ver com a outra. Se você quer salvar o mundo, antes precisa salvar a si mesmo", explicou. "Aguente os problemas da vida. Reclame cinco minutos e depois volte a trabalhar". E isso não é tudo: "Depois, proteja as pessoas ao seu redor, a sua família, as pessoas que você ama, a sua cultura, as suas raízes. Goóc significa raízes. Isso é sustentabilidade", conclui. O empresário participou do Festival de Empreendedorismo (Festemp), que é realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem da Indústria (Senai-SP).
Posted on: Sat, 28 Sep 2013 21:04:37 +0000
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