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Texto de Leonardo Herrmann (obrigada por permitir o compartilhamento!) Com essa parada de Black Blocs, voltam os nossos queridos anarquistas à cena... Já digo que sempre simpatizei com o ideário anarquista de associação voluntária, de liberdade, de não-coerção e devo dizer que as melhores críticas ao comunismo que já li são de autoria do Proudhon: O Anarquista par excellence. Mas me parece mais uma daquelas lindas utopias que vivem na cabeça dos intelectuais muito afeitos à segurança ideal dos livros e pouco interessados na realidade brutal da condição humana. Nessas horas me vem sempre à cabeça o mito do bom selvagem. Embora eu seja indulgente com Rousseau - prefiro acreditar que em sua época ele teve acesso a material pouco rigoroso - não consigo simpatizar com quem consegue dizer com cara séria que o homem é essencialmente bom e o que o corrompe é a sociedade. Blah... Prefiro ver o filme do Pelé. As pessoas são seres mesquinhos, egoístas e extremamente preconceituosos, que reagem como animais quando se sentem ameaçados. É sempre gostoso acreditar que o preconceito existe apenas no deseducado, que o egoísmo é pecado alheio e que ceder à surtos passionais seja algo reservado apenas aos irracionais. Tudo historinha de conto de fadas que se conta apenas para que possamos nos sentir menos culpa. É fácil detestar o Malafaia pelo seu discurso homofobico detestável, ou o Bolsonaro com seu saudosismo militar, mas eu tenho certeza que boa parte da sua família, inclusive aqueles que vc ama e te deram muito amor durante toda a vida, compartilham de muitas das opiniões desses caras. É fácil odiar os caras na TV, mas quer queira quer não: eles representam uma boa parte do que a população pensa, e quando lembro disso eu me pergunto: será que uma sociedade livre de um aparelho de coerção seja algo realmente desejável? “Ah, mas você se esquece que com a educação podemos mudar tudo.” Tudo eu não diria, mas mesmo que pudesse, eu desejo a melhor sorte do mundo nessa missão pois mesmo que se eduque todos os homens com os mesmos valores, a história ta aí pra provar que todo sistema moral absoluto sempre ruiu por dentro, por causa da hipocrisia das pessoas que o operavam. Voltemos ao Vaticano da Renascença. Haviam papas (sim o sumo-pontífice) que casavam seus filhos com nobres de toda a europa por alianças políticas. Era de se esperar, no mínimo, a castidade de um cara que foi eleito para encabeçar a Igreja; mas na época não se elegia um sumo-pontífice apenas mas toda uma suma-família. Mais recentemente, no maravilhoso mundo comunista com o qual tanta gente ainda hoje adora sonhar: enquanto a maioria vivia em condições de conforto mínimas, o politburo e seu gigantesco aparato burocrático vivia tão bem quanto os mais ricos capitalistas do ocidente. Dividindo os meios de produção apenas entre os compadres. Esperar que todos sejam moralmente íntegros e corretos é uma ilusão, e alguém sempre se sentirá tentado a tirar proveito de uma situação. Voltemos aos anarquistas... Os anarquistas vão na direção de acabar com o estado, o que é algo com o qual eu concordo até certo ponto; advogo um estado mínimo e pouco intrusivo. Me considero um Libertário e existem vários pontos em comum daquilo que penso com o que pensam alguns anarquistas. Mas tanto meus colegas Libertários mais radicais como os anarquistas em geral pecam em responder a pergunta: como se manter a ordem em uma sociedade sem estado? Contar com a boa índole de cada ser humano está fora de questão. O ser humano é um caso perdido e apenas a religião me parece sensata ao descrever a condição humana: só Deus ou alguma força superior para redimir a humanidade mesmo... Mas sabe-se muito bem que a religião não deu jeito; em alguns indivíduos talvez, mas não em todos. Educação? Até parece mais promissor, mas essa utopia foi desfigurada com gás mostarda na década de 10 e finalmente morreu de radiação na de 30 com as duas guerras mundiais. Educação não impediu que as mais “educadas” nações do mundo quase se aniquilassem. Ironicamente, a educação permitiu que elas se destuíssem mais eficientemente. Deu jeito em alguns mas não na sociedade. Me parece que, a menos que haja uma evolução (ou transcendência) da natureza humana, não há forma de se evitar um aparato coercitivo que garanta que as pessoas não se matem assim que os outros virarem as costas. Ainda não se descobriu mecanismo ou caminho para que a sociedade dê o salto necessário para aquele estado no qual todos conviverão entre sí, respeitando os direitos universais sem tentar tirar vantagem da situação; ainda mais no Brasil.
Posted on: Tue, 12 Nov 2013 02:38:40 +0000

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