Um triste 5 de Outubro por MÁRIO SOARESHoje31 comentários 1 - TopicsExpress



          

Um triste 5 de Outubro por MÁRIO SOARESHoje31 comentários 1 Deixou, com o atual Governo, de ser feriado. Pudera, este Governo não é republicano, pois exclui os valores republicanos tanto quanto pode e não dialoga com o povo. Ora, sem o povo não há República e muito menos quando se celebra o aniversário de janela fechada para não se ouvirem as vaias. Mas ouviram-se. E de que maneira. Porque a polícia, que também é povo, infelizmente é treinada para espancar quem os chefes mandam e, assim, grita e bate em quem protestar. De qualquer modo, as vaias dirigidas ao Presidente da República e ao primeiro-ministro ouviram-se bem mesmo com a janela fechada na sala do município. E os espancamentos policiais - e a prisão de um inocente que foi libertado a seguir - multiplicaram o barulho e ouviu--se bem. Todo o País soube o que se passou. Seria melhor a janela não estar fechada... Mas a verdade é que nem se dignou a ver e a inaugurar a exposição sobre Raul Rego. O discurso do Presidente da República foi curto e com pouco sentido e interesse. Parecia ser republicano e de esquerda. O que nunca foi. Falou de ética, em abstrato, da escola pública (que está a ser destruída), mas teve logo o cuidado de dizer - a propósito do que se passa com o ministro dos Negócios Estrangeiros (para o qual o líder do PS, e bem, pediu a demissão) - que um ministro não depende do Presidente. E o primeiro-ministro que o Presidente protege e escolheu não pode demitir o ministro por pressão do Presidente? Ou não quer, apesar de ser, como se sabe, solidário, protetor fiel do primeiro--ministro e do ministro dos Negócios Estrangeiros no tempo em que ambos estiveram ligados ao BPN? Que sentido faz então falar de ética? Não se coibiu de elogiar a senhora procuradora-geral da República, que não teve papas na língua ao responder a propósito de Angola ao ministro dos Negócios Estrangeiros, deixando-o muito mal. Ao contrário, o discurso do presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, foi excelente, de bom senso e de oportunidade. Vale a pena relê-lo. Este aniversário do 5 de Outubro lembrou-me os ominosos tempos de Salazar, em que por dar vivas à República fui duas vezes preso, uma das quais quando, junto ao monumento a António José de Almeida, grande presidente da I República, a PIDE lançou gás lacrimogéneo sobre o general Delgado, os professores Jaime Cortesão, António Sérgio, Mário de Azevedo Gomes e, modestamente, eu próprio. Agora ainda não houve gás lacrimogéneo. É verdade. Mas a hipocrisia do Presidente da República e do Governo de que o Presidente é solidário e protetor, como se tem visto, é seguramente maior. Não há PIDE, é verdade. Mas a polícia vai teimando em bater em quem protesta e qualquer dia - como avisou Durão Barroso - "temos o caldo entornado"... Em conclusão. Enquanto o Governo está completamente paralisado e ninguém sabe o que se vai passar nos próximos dias, que Orçamento vamos apresentar (silêncio!), como vai reagir o Tribunal Constitucional - esperemos que bem - e, em concreto, quais as exigências da troika e dos usurários que a comandam?r Passos Coelho tenta segurar Rui Machete, como fez com Relvas, agora desaparecido e vaiado também por portugueses no Brasil. Mas parece impossível que consiga fazer o mesmo com o ministro dos Negócios Estrangeiros e com a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, igualmente acusada de pouca seriedade e com pedidos do Parlamento para ser também demitida. É caso para perguntar: que Governo é este que atrai tantos delinquentes e que Pacheco Pereira, que é membro do PSD, teve a coragem de afirmar que "está cheio de má-fé"? E cujas "secções, em muitos casos artificiais, controladas por caciques locais, cuja vida, carreira e progressão dependem da sua capacidade de controlo do poder interno". Trata-se de um mau Governo, completamente parado e desprestigiado em Portugal e no estr angeiro e de "má-fé". Contudo, o Presidente da República fala de ética e - para não cair no ridículo absoluto - tem de o demitir. Até porque nenhum português tomará o Presidente a sério, nem a sua ética, se o não fizer. ...A campanha neoliberal contra os partidos e os políticos e o apagamento dos dois partidos que construíram a Europa - os socialistas ou sociais-democratas e os democratas-cristãos, especialmente estes últimos - abriram a porta aos mercados usurários e aos economicistas e autocratas, que só lhes interessa o dinheiro e ignoram ostensivamente as pessoas, que para eles não contam. É o caso do atual Governo. Daí as vaias que a classe média (que está a desaparecer) e os trabalhadores, desempregados ou não, que passam fome, bem como os filhos, sempre fazem ao Presidente da República e aos mais visados membros do Governo.....................A arraia-miúda odeia o Governo porque sofre diretamente com os cortes das pensões e os impostos, diretos ou indiretos, que lhes impõem com a chamada austeridade, que continua. Mas em muitos casos, por ignorância, não distinguem os bons dos maus políticos e, por isso, detestam todos a política, em geral. Ignorando os economicistas e os burocratas ao serviço da austeridade, que são os verdadeiros responsáveis pelo estado a que chegou o nosso pobre país e pela destruição progressiva das instituições criadas no pós-25 de Abril: o Estado social, o Estado de direito, a Constituição, que todos aliás juraram e deviam respeitar (o que não tem sido o caso do atual Governo), os sindicatos e a concertação social, bem como os cortes no ensino e nas nossas excelentes universidades e hospitais (ao serviço de todos) que vão pouco a pouco sendo destruídos.......
Posted on: Tue, 08 Oct 2013 11:56:57 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015