palavras de uma professora, decana da Faculdade de Educação, - TopicsExpress



          

palavras de uma professora, decana da Faculdade de Educação, para pensarmos e tentar fazer das políticas acadêmicas OUTRA coisa ___________________________________ Entre a política pública como escrita e a escritura da e sobre a experienciação vivenciada Como diria nosso colega Professor Nilton Bueno Fischer “quando os nós se confundem e nós somos os outros” é como quando o Inter ganha e o outro também, mas, nos desclassifica”, é aí que faz sentido o Manifesto la hora del Triunfo de estudantes de La Plata, em 1920: “Basta de mercadores diplomados. A ciência para todos, a beleza para todos. A universidade do amanhã será sem portas, sem paredes, aberta como o espaço: Grande”. Mas, a modificação das circunstâncias e da educação resultam das ações humanas e o próprio educador se educa num processo permanente. Alterar as circunstâncias é atividade de homens e mulheres, que se auto-modificam, o que para racionalmente ser compreendido necessita teoria/método e prática em movimento. Políticas públicas são modificadas nas estruturas do Estado e segundo interesses de quem as propõe. Quais os interesses de um organismo avaliador? Segundo o site da CAPES em sua primeira página, premiar autores, considerando os quesitos originalidade e qualidade, por área, e, aos vencedores do Prêmio Capes de Tese, aos que apresentarem vídeo-aula digitalizada destinada a estudantes de ensino médio, sobre o tema pesquisado. Ainda, “Garantir uma base de uniformidade e de padronização do processo de avaliação”, segundo os pontos básicos pelo CTC-ES e “Ampliar (…) o nível de integração entre as Áreas no âmbito de sua respectiva Grande Área e no contexto de todas as demais”. Pergunto: como ser original num espaço de uniformidade e padronização de avaliação? Tal como os demais ambientes do mundo do trabalho as Certificações ISO visam assegurar uniformidade e padronização de processos. Afinal, educação também é regulada pela OMC e OIT. E a pós-graduação também está regulada pelas mesmas regras? Ou não? Entre o individualismo estimulado no convívio diário e a presença de um poder totalitário que determina antecipadamente tudo o que pode e o que não pode, nos vemos atravessados por corporativismos e disputas por hegemonia, entre as áreas do conhecimento dito científico. Entre os nós e os outros há exploração do trabalho. Ou, quando o lobo está incumbido de cuidar da vida de cordeiros, me sinto um deles. As disputas que se fazem individualmente e culpabilizando a cada um, por seus êxitos ou fracassos, representa para o coletivo a destruição. Dizem os atuais estudos sobre o mundo do trabalho que as condições de competitividade individualizada provocam isolamento, adoecimento individual e coletivo. Se olho ao meu redor as taxas de adoecimento são bem elevadas. Quantos colegas vem enfrentando doenças graves, de risco de vida e assumindo a cronicidade de outras tantas? Parece uma questão de matemática elementar. Falácias argumentativas: “Há mais de mil e quatrocentos possibilidades de publicação.” Este raciocínio individual não percebe o coletivo. Pergunto: Qual o editor de revista vai publicar mais de um ou dois artigos oriundos da mesma universidade, num número ou num ano? Lembro da situação vivida na UNISINOS e na PUCRS quando da implementação da “reestruturação produtiva” e do “novo modo de gestão participativa: qualidade total”. Morreu um curso de Ciências Sociais construído coletivamente em nome de critérios econômico/ científicos. Na outra instituição deixaram de ser professores mais de 100 titulados. “Não há paixão que me pague a incerteza de ter trabalho, vou fazer outra coisa” me disse um deles. “Trabalho não cansa. O que cansa é sua exploração”, disse outra profissional da saúde - professora. Ambientes de conflito no trabalho tornam as pessoas vulneráveis à doenças. Elas se espalham nos relacionamentos, família, escola, lazer, na vida. Conflitos de identidade provocados por critérios institucionais desembocam em conflitos entre as pessoas. A Instituição permanece, apesar das pessoas. Crises de critérios estatais se originam de debates legais. Mas, o legal nem sempre é legítimo, como afirmou Max Weber. Entre critérios abstratos, elitistas e excludentes, que justificam a exclusão e a pseudo inclusão, em nome de uma qualidade hipotética, hierarquicamente anunciada - vejo uma ditadura “Qualis” onde o valorizado é determinado padronizadamente. Publicar segundo as regras de um conjunto restrito de editores de periódicos que estabelecem o bem e o mal, nas hierarquias temáticas, como afirmava Pierre Bourdieu. Há os temas nobres que merecem ser publicados e os que não o são. Tal situação leva à indagação: - Quantos são os leitores que acessam as revistas indexadas? Qual é a procura? Tais publicações impactam na realidade escolar e educativa? No que estas publicações tem contribuído para assegurar acesso e permanência na atividade escolar e educativa? Porque se agravam as condições de valorização / desvalorização do trabalho educativo? Os índices de violência, agressões e mal estar docente têm aumentado ou diminuido? Afinal, qual nossa finalidade: realimentarmos os dados na Plataforma Lattes e nosso valor individual de Mercado? Ou, sermos o melhor do que somos individual e coletivamente na relação social que estabelecemos? Falou o Professor Gabriel Junqueira Ministério Filhos do Homem “Fazer o que gosto, que é orientar e ensinar, posso fazê-lo com todos os alunos, em qualquer nível, seja graduação ou pós-graduação. Mas escolho fazer o que gosto, com prazer e saúde. É uma questão de princípios”. História de um Programa que cresceu com um modelo e que ao se submeter ao regramento imposto por quem controla a distribuição de bens públicos, privilegia financiar a iniciativa privada, como por exemplo o Projeto Airton Senna, como tão bem pesquisa, publica em livros e socializa nos espaços acadêmicos a colega Vera Peroni. Critérios diferentes para pessoas diferentes, quando o material produzido é realizado em comum - é o mesmo - é justo? Assédio moral para sermos o que não somos? Na instituição o que permanece, no exemplo do livro “Lições de gestão da Clínica Mayo”, uma Clínica norteamericana com mais de cem anos, é a fidelidade aos princípios dos fundadores: “a necessidade dos pacientes em primeiro lugar” e a promoção da busca de alternativa/soluções até hoje, para ser melhor e não para ser o outro - É o papel social que permanece. Ser o que somos e valorizar o que somos ou sermos o que pretendem que sejamos? Como diz a música: “para ser o que se é”. No caso do PPGEDU o que é ser melhor? Mudar é bom! Mudar para melhor é ser o que somos ou o que querem que sejamos? Dar a resposta esperada que promove doenças vale a pena? Penso que não. Jurassicamente, estou comprometida com a utopia, acredito em fazer o que sei, aprender o possível e ensinar o que não se sabe como na aula de Roland Barthes. Não é querer ser o que o outro é, mas ser o que se é! Somos protagonistas de nossas vidas. Ou, cumprimos as regras fielmente e nos tornamos medianos. Para ter destaque basta cumprir as regras? Como ser original? Se conhecemos o pensamento de Maquiavel sabemos que o bom Príncipe pratica o bem lenta e parceladamente para ser amado. Enquanto faz o mal de uma só vez para que a maldade seja rapidamente esquecida, e, não seja ele odiado. Quantos somos e quantos queremos ser? Quantos querem que sejamos? Estamos escolhendo entre finalidade e resultado de avaliação. Ou como escreveu Nietzsche em Humano, demasiado humano, nos aforismos 20 a 30, ao identificar que talvez sejam apenas os maus hábitos de raciocínio de quem, porque existe, se pensa legítimo, ou legitima. Porto Alegre, 25 de novembro de 2013. Carmen Lucia Bezerra Machado
Posted on: Tue, 03 Dec 2013 11:13:44 +0000

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