04.10.2013 - A Figura dos meus sonhos! Não sei se foi um sonho mas pareceu-me estar bem acordada! Deitada no sofá ouço uma voz que me chama ao de leve: - Ana, Ana... Abro os olhos e o que vejo? Um vulto bem à minha frente de olhos amarelos, vestes negras que lhe cobriam o rosto e mãos muito magras. Pedi-lhe que se aproximasse, pedi-lhe que me dissesse o seu nome. Nunca respondeu. Ficámos ali a olhar-nos uns bons cinco minutos, e eu que não sei estar calada finalmemte disse: - Já vi que não és de grandes conversas! Nisto ouço uma gargalhada vinda daquela Figura, parecia-me uma gargalhada de criança mas vinha daquela Figura. E continuei: - Bem, ao menos riste-te, já não é mau! Solta uma gargalhada ainda maior. Calo-me durante um bocadinho, mas como já me é instintivo tive de falar novamente e disse-lhe: - Os teus olhos são-me familiares, por mais amarelos que sejam, são-me muito familiares... A Figura, finalmente, respondeu-me: - Claro que sim, já os viste antes, não te lembras? E eu um pouco zangada por não me lembrar, respondi enraivecida: - Não, não me lembro! Mas porquê que eu não me lembro?! A Figura encolheu-se como se estivesse com medo de mim. Acalmei-me e disse: - Desculpa, não queria assustar-te! Mas, sinceramente, que não me lembro de onde conheço esses olhos! A Figura deu um risinho e respondeu-me: - Não faz mal, eu lembro-me bem de ti, não te preocupes, eu lembro-me sempre de ti! Olhei para as suas mãos, eram brancas, magras e gélidas mas eram tão bonitas, e eu perguntei: - É possível que eu segure as tuas mãos só por um bocadinho? Ao que me respondeu: - Porquê? - Porque me parece o mais correto a ser feito. - respondi-lhe. A medo, a Figura deixou-me agarrar-lhe as mãos, estavam tão geladas, um gelado que me era desconhecido mas familiar ao mesmo tempo. Ao passar as minhas mãos nas dela, sentindo cada osso, cada nó dos seus dedinhos fininhos, senti que aquelas mãos não me eram estranhas e fiquei ainda mais intrigada. - Deixa-me ver a tua cara. - pedi-lhe. - Não, nem pensar! - respondeu-me bruscamente. Não insisti, porque admito fiquei com medo. - Algum dia me vais mostrar a tua cara? - perguntei-lhe. E a Figura respondeu: - Tu já conheces a minha cara como conheces a tua própria cara, conhece-la tão claramente como conheces a tua pessoa, eu não preciso mostrar-te porque tu já a viste! - Mas eu não me lembro! - respondi-lhe chorando. - Um dia lembrar-te-ás! Mas pede para que esse dia ainda esteja longe de surgir... - disse tristemente e sinto uma lágrima sua escorrer por entre as nossas mãos. - Porque choras? - perguntei-lhe. - De alegria por ver que todos os dias cumpres o destino que eu não tive hipótese de cumprir! - respondeu-me. Abriram-se umas asas atrás da Figura, negras e brilhantes e ela pareceu sumir-se num abrir e fechar de olhos. Abri os meus olhos e pensei "Estava a sonhar?". Mas quem seria esta Figura estranha e familiar ao mesmo tempo? De aparência rude não parece causar mal, mas... ...querer cuidar de mim?! Talvez um dia eu saiba responder, por agora fica o ponto de interrogação no meu pensamento...
Posted on: Fri, 04 Oct 2013 15:47:10 +0000
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