14 de Junho de 2013 00:44 O que vi hoje na Avenida Paulista entre - TopicsExpress



          

14 de Junho de 2013 00:44 O que vi hoje na Avenida Paulista entre 20h e 22h: Antes de tudo, me identifico: não faço parte do MPL, não sou de partido algum (sequer voto exclusivamente em um ou outro, voto no político, já votei em PV, PT, PSOL e até no PSDB!). Sou jornalista. Queria saber quem se manifestava. Gosto de formar minha opinião através do que eu vejo, não do que os outros dizem, por isso raramente me manifesto aqui pelo facebook em situações de grande comoção, exceto naquelas em que me vejo envolvido, como hoje. Trabalho na TV Gazeta (para quem não é de SP, a sede da emissora é na Fundação Cásper Líbero, no número 900 da Av. Paulista, no ponto central da avenida mais importante do país). Saí às 20h do trabalho e fui em direção ao MASP, acompanhado do meu amigo e colega de empresa André Sender. A avenida estava fechada já (se a intenção era deixar a via livre, eles conseguiram, mas a deixaram livre de manifestantes e cidadãos). Os policiais a pé na avenida revistavam aleatoriamente as pessoas, especialmente as que estavam de mochila. Na esquina do MASP, um rapaz atravessava a rua quando cerca de 10 motos subindo na contramão e pararam sobre a faixa de pedestres. O "líder" apontou pra garoto e começou a gritar "é ele, é ele, agora vc n é macho pra nos enfrentar, né? abre a mochila aí" o garoto atendeu, dizendo que n queria confusão, não era de briga e mostrava um símbolo de "paz e amor" tatuado no braço enquanto era chamado de filha da puta pra baixo. As pessoas que caminhavam ali pararam. Os policiais, percebendo isso, deixaram o garoto seguir, não sem antes um deles encarar um transeunte e perguntar "o que é, o que tá olhando?". A resposta foi perfeita: "Sou cidadão, estou tentando atravessar a rua e os senhores estão com as motos paradas sobre a faixa de pedestres". Ridicularizado, o PM só disse: "sai andando então, sai andando". Pouco depois, sem motivo aparente, um rapaz foi preso após ser puxado pelas do meio de um grupo que estava embaixo do museu por uns 3 PMS, grupo devidamente espantado dali à base de bombas e porradas de cassetete. Não sei o que ele fez, não vou tomar partido. Comecei a voltar em direção ao prédio da Cásper, enquanto motos da PM vinham das ruas que dão acesso à Paulista, mandando as pessoas (manifestantes, trabalhadores, cidadãos que moram ou passavam por ali) saírem da Avenida e irem para as ruas laterais. Muitos palavrões, sem diferenciar quem era ou não manifestante. Em frente à entrada do metrô Trianon, um grupo aglomerado gritava "sem violência!". Os policiais de moto subiram na calçada e foram atrás deles, dispersando as pessoas ACELERANDO AS MOTOS pra cima delas. Do outro lado da avenida, mais e mais viaturas chegavam, tocando o terror nos manifestantes. Vi muita gente começando corre corre e pânico por causa disso. Voltei à frente do prédio da Fundação. Tirando minha casa e as arquibancadas do Palestra, é o lugar onde mais me sinto à vontade e seguro na cidade. Hoje, foi diferente. Bombas de efeito moral explodiam tanto do lado da Brigadeiro quanto pro lado do MASP. Primeiro, passou o choque, naquela formação de escudos lado a lado que hoje muita gente viu, espirrando as pessoas que estavam no meio da avenida. Com a câmera do Jornal da Gazeta ali , pronta para o link da edição das 22h, eles passaram numa boa. Em seguida, veio a cavalaria. Depois as motos. Todos se posicionaram na esquina da Paulista com a Alameda Joaquim Eugênio de Lima. Em frente à Cásper, alunos, manifestantes, pessoas esperando o ônibus no ponto (entre elas trabalhadores comuns e algumas senhoras, que provavelmente são empregadas domésticas ou faxineiras nos escritórios e residências de alto padrão da área). Quando passaram os policiais, alguns vaiavam, alguns aplaudiam ironicamente, sem violência, sem se por no caminho deles. As mesmas vaias se repetiram quando a cavalaria e parte das motos saíram dali de volta em direção ao MASP. Um dos policiais, ao ouvir as vaias, ainda freou a moto com violência em frente às pessoas na calçada, encarando-as, e quase caindo do cavalo com motor. Uma outra viatura, da Tática, passou devagarinho quando escutou as vaias, com um dos policiais do banco de trás encarando todo mundo como se fosse o Clint Eastwood. Ficaram só algumas motos e o choque. E aí aconteceu a cena chocante. Cerca de 10 pessoas, todos jovens, mais novos do que eu (tenho 26), vinham pela faixa de ônibus, carregando uma faixa com palavras de união, cartolinas escritas "RESPEITO" e "3,20 é roubo" e chamando as pessoas para seguirem com eles. Alguns até foram, mas logo voltaram, nada além disso. Quando estavam ao lado da banca de jornais que fica em frente ao prédio, abriram-se as portas traseiras do caminhão do choque, com os soldados já entrando em formação de combate. Os manifestantes começaram então a gritar o coro "Sem violência!". A polícia não entendeu. Um tiro de borracha pegou no ponto de ônibus, onde eu estava sentado. E então começaram as bombas: 1, 2, 3, 4, no meio de todo mundo, por todos os lados, as pessoas correndo em qualquer direção, algumas tentando subir o escadão (que sempre é bloqueado com grades em casos de festas, manifestações, etc). E o choque vindo pra cima. A equipe da TV Gazeta que se preparava para o link, foi coberta com o gás dos policiais. Eu tentei entrar pela entrada lateral do prédio, e mesmo eu sendo funcionário de lá, os seguranças tentavam me barrar e às pessoas que lá queriam se refugiar ( o que é compreensivel, é trabalho deles proteger o patrimônio da empresa que os contratou). Até que perceberam que uma das bombas de gás tinha sido jogada exatamente onde estávamos, no meio do grupo formado por manifestantes, as senhoras que esperavam o ônibus, a equipe da Gazeta que faria o link, eu e meus amigos (acabei encontrando uns e fazendo outros nesse tempo). Aí, até os seguranças entraram. Um garoto, que nunca vi na vida, oferecia vinagre às pessoas. As senhoras, desesperadas, sentavam no chão em frente aos elevadores e choravam. Os seguranças pouco tinham o que fazer também. Eram vítimas, como nós. Era ruim pra respirar, os olhos ardiam e lacrimejavam, os ouvidos não escutavam quase nada além de um zumbido alto. Esperamos os policiais saírem dali. Quando enfim pudemos, assim que a câmera da Gazeta foi mais uma vez ligada, TODOS os policiais, caminhões e carros do choque que ali estavam saíram correndo. Pouco depois, fui embora. Já tinha visto o suficiente e descoberto quem era quem. De positivo ficou ver que os manifestantes não são aquilo que pintaram. São jovens, na maioria deles da minha faixa etária pra baixo. E não é só por 20 centavos que eles estão lá. O buraco está ficando mais fundo. Tinha muita gente com celulares e câmeras filmando. Ainda vamos ver muitos vídeos de absurdos pipocando por aí. Fiz um pequeno do pessoal que se refugiou comigo:
Posted on: Fri, 14 Jun 2013 04:01:11 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015