A irmã mais velha de Leopoldina Isabel Lustosa Posso - TopicsExpress



          

A irmã mais velha de Leopoldina Isabel Lustosa Posso contar-lhes a história de Maria Luiza, segunda mulher de Napoleão Bonaparte? É que acabei de ler sua biografia e está tudo aqui na ponta da língua. Melhor dizendo na ponta dos dedos. Eu tinha uma curiosidade antiga sobre essa irmã mais velha da nossa imperatriz, Leopoldina, pois encontrara algumas referencias desconcertantes a ela aqui e ali. A primeira diz respeito ao encontro das duas na Itália, em 1817 quando, Leopoldina, já oficialmente casada com d. Pedro iniciava sua longa viagem para o Brasil. Ali soube que havia um boato de que Maria Luiza tivera uma filha com o oficial que fora designado por Metternich para atuar como seu ajudante de ordens. Parece surpreendente que a mulher de Bonaparte, tão pouco tempo depois da separação tenha arrumado um amante e tido com ele uma filha. Isto também por sabermos que fora um casamento curto, mas intenso e apaixonado. Depois, achei por acaso na revista francesa "Historia" sobre a morte do filho deles. Depois da queda de Napoleão, em 1814, o menino fora levado para a Áustria junto com a mãe e, pouco tempo depois, dela separado ficando em Viena quando Maria Luiza se estabeleceu em Parma. Ali, Francisco Napoleão, o duque de Reichstadt, seu titulo na corte austríaca, vivera praticamente como um prisioneiro. O receio de que os bonapartistas dele se apoderassem para instalá-lo no trono francês por meio de uma revolução seria permanente até a sua morte em 1831. Pois bem, sabendo do estado terminal do filho e da angústia com que este a esperava, Maria Luiza demorou, por motivos fúteis, sua ida para a Áustria a fim de assistir-lhe os últimos momentos. Nessa biografia, o autor, Jules Bertaut, no posfacio diz que nenhuma mulher teria sido mais vilipendiada do que Maria Luiza. Ela teria sido acusada de ingratidão, falta de inteligência, falta de sentimentos, superficialidade, etc. Pois bem, apesar das circunstâncias atenuantes que teriam motivado as atitudes de Maria Luiza a impressão que se fica depois da leitura de sua biografia não é muito melhor que isto. De fato, a narrativa dos arranjos que antecederam seu casamento com Napoleão Bonaparte apavoram a qualquer mulher dos tempos atuais. Tendo a vida toda ouvido falar no imperador da França como o anti-cristo, o monstro, o demônio que tirara o trono de Nápoles de sua avó paterna e que era odiado pela madrasta que tanta influencia tinha sobre seu espírito, Maria Luiza foi, aos 18 anos, por força dos interesse políticos da Áustria, sacrificada ao vilão. Indo para o casamento como quem vai para o cadafalso, teve, no entanto, a surpresa de descobrir no ogro um amante sensual e ao mesmo tempo gentil, delicado e amoroso. Napoleão encheu-a de presentes, castelos, berlindas, joias e vestidos magníficos. Isto em um tempo em que um vestido era uma verdadeira obra de arte e custava tanto quanto uma. Dedicou os mesmos cuidados e atenções a toda a sua família, inclusive a irredutível madrasta. A revelação de que Bonaparte não era no trato intimo o monstro que lhe tinham pintado, aparece no diário da Leopoldina adolescente. Até o fim, Napoleão tentou preservar Maria Luiza de qualquer sofrimento, escrevendo-lhe diariamente até mesmo do campo de batalha, minimizando suas próprias dores e frustrações para poupá-la. Amava com devotamente também ao filho pelo qual tanto ansiara e queria sempre tê-lo por perto. Enquanto estiveram juntos, Maria Luiza correspondeu integralmente a esse amor e quis mesmo acompanhá-lo a Elba, a pequena ilha que os aliados vencedores lhe tinham destinado. As armações de Metternich, no entanto, tinham por finalidade a separação definitiva da família. Maria Luiza e o filho voltaram para Viena onde foram imediatamente incorporados à grande e feliz corte de seu pai. Sua readaptação foi imediata. De Elba, Napoleão escrevia insistentemente pedindo que ela e o filho fossem encontrá-lo. Mas, sob o argumento de que a política definida pelos vencedores não recomendava a viagem, ela foi incentivada a ficar um tempo na Itália. Na companhia obrigatória do general Neipperg, nomeado seu "Chevalier d´honneur", que deveria informar Viena de todos os movimentos da arquiduquesa. Gentil, charmoso e inteligente, hábil homem de corte que já tivera inúmeras amantes, Neipperg, rejeitado a principio, logo caiu nas graças de Maria Luiza e daí para a sua cama o caminho não foi difícil. Napoleão foi rapidamente esquecido e sua volta, durante os "Cem dias" apavorou Maria Luiza, já decidida a ficar ao lado do amante. Assim, ela viu com alivio a derrota final do marido e sua deportação para Santa Helena. Estabelecida em Parma como soberana, tendo Neipperg como governante da ilha, ela foi perfeitamente feliz. Felicidade que só era quebrada, nas viagens que fazia por outras cidades da Itália, pelas saudações que lhe faziam os bonapartistas nas ruas e teatros. Maria Luiza tinha-lhes verdadeiro ódio. Mergulhado numa depressão desesperadora, com a saúde prejudicada, Napoleão definhava em Santa Helena. Alguém que o visitara lá dirigiu-lhe um apelo no sentido de que ela intercedesse junto aos poderosos de forma que ele pudesse voltar para a Europa. Maria Luiza não só não respondeu a essa carta como intrigou junto às cortes europeias para que fosse aumentada a vigilância de forma que o prisioneiro não tivesse a menor chance de escapar. Nesse contexto, a noticia da morte de Bonaparte foi para ela um alivio. Por conta do cerimonial previsto para essas ocasiões foi decretado luto oficial em Parma. Mas, um emissário que viera de Santa Helena, trazendo um pedido final do falecido, nem foi recebido pela viúva sob a alegação de que estaria ainda muito abalada. A noite no teatro, qual não foi sua surpresa ao ver a ex-imperatriz muito alegre, falante e animada em seu camarote. Sem dúvida, quando comparadas, as biografias de Maria Luiza e de sua irmã, Leopoldina, a da segunda revela uma alma muito superior.
Posted on: Sat, 10 Aug 2013 20:21:37 +0000

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