A tradição é a chave. Pensa, meu caro! Pensa! Usa de teu intelecto, queima teu raciocínio! Os prodígios serão revelados, os propósitos ocultos serão claros como o dia. Muitos me julgam, várias são as sentenças. Relevantes me dizem purista. Aceito esta nomenclatura melhor que as outras. Pensa sobre a credibilidade dos nomes e as razões etimológicas. É ciência! As palavras são os segredos codificados!Observa! Vindo dos domínios do Império Oriental, imponente em seu cavalo, com armadura e elmo reluzentes, empunhando a lança que aponta para o Inimigo Maior. Protetor da terra dos bretões, com o mais jovem da linha de sucessão àquele trono compartilha o nome. Do interior, as intenções imortalizadas pela canção dos bardos: Salsa, sálvia, alecrim e tomilho. Reza a lenda que sua infusão favorece os cupidos de flechas áureas e sempiternas feridas. Dores plangíveis e incuráveis, lavadas por lágrimas de sangue. Sangue-azul em poucas gotas, trazido do Velho Mundo e miscigenado com nativos dos trópicos recém-descobertos, ainda com alguns traços daqueles que foram trazidos à força, nos porões das naus de Além-Mar. A criação despreza estes solutos. Eis a causa de tamanha lascívia provocada pelo alvor bendito das carnes. Os cabelos e os olhos de Daphne, de íris raras e multifacetadas, profundos de rancores de uma alma afogada na busca aos refúgios etílicos. O outro, com as graças de Vênus argêntea e de Mercúrio falastrão, fulgurante como Apolo em seu carro, com a ciência de Minerva e depois de tanto paganismo, ainda possui a candura de um anjo em seu semblante celestial, sempre com um hino consagrado nos lábios. Alma constante em oração. É justamente por não fazer sentido, que faz todo o sentido. Quem mal vê, mal julga como defensor ferrenho dos antigos modos. Antigos preceitos, dogmáticos, obrigatórios, hierárquicos, aristocráticos, contestados, desobedecidos, pecados obsoletos, martírios ao fogo, tortura em câmaras, ameaças, temor ao Pai e aos pais, o castigo eterno de arder no círculo dolente, sofrimento eterno. O poder do representante do Portador das Chaves, sobre cujo túmulo foi edificada a Sua Igreja. Pareço delirante, mas eis aqui toda a história. É o fado, é o cansaço, o destino, a ferocidade célere da roda sobre as costas nuas. Decifra este sortilégio! O seu maior desejo já não é o de ser único e bem-amado. Mas de ser como os outros e olhar para ele como se estivesse defronte um monte de trapos imundos.
Posted on: Sun, 22 Sep 2013 06:45:16 +0000