ALAYAVIJNANA E MANAS A aula de hoje será sobre a consciência de - TopicsExpress



          

ALAYAVIJNANA E MANAS A aula de hoje será sobre a consciência de Manas e a consciência de Alaya. Com a noção de subconsciência, os budistas descobriram conjuntamente as consciências de Manas e de Alaya. A sétima consciência de Manas é a consciência do egocentrismo. A oitava, Alaya, é o depósito de nossas experiências passadas. Em primeiro lugar, a consciência de Alaya é a origem de todas as existências. Há olho e a função do olho, e eles surgiram da consciência de Alaya. E não somente isso, mas esse corpo, esse ambiente, a natureza, a casa, a montanha, tudo vem da consciência do Alaya. Por isso é que se chama Alaya Vijnana, consciência de depósito. Com a palavra Alaya podemos nos lembrar de Himalaya. Hima significa neve, então Himalaya, é onde se deposita ou guarda a neve. A palavra Alaya quer dizer depósito. É onde todas as experiências e nascimentos estão depositados, como uma semente que amadurece com o tempo, que cria outra semente e a deposita quando encontra condições favoráveis, como solo, água, terra e adubos. Então, esta semente brota. As sementes boas dão frutos bons. Nesta teoria da Alaya Vijnana, a pessoa está vendo aquilo que ela criou como substância e objeto e está depositando o Karma: atos bons e ruins, como semente. O treinamento do budismo é transformar todas as sementes ruins em sementes boas. Precisa trabalhar cem, mil, milhares de vezes, e se conseguimos transformar esta consciência de Alaya em sementes boas, então a sua existência, espiritual e física, se torna totalmente boa. Não somente o corpo e o espírito se tornam bons como Alaya cria todos os fenômenos do mundo e assim todo mundo se torna bom. Nós nos tornamos Buda e vemos aquele mundo que é de Buda. Os mundos inferiores, como o inferno, animais e demônios famintos, e os estados inferiores de consciência desaparecem. É muito importante realmente ver as coisas deste mundo, o corpo e a natureza, a partir da consciência de Alaya. A Alaya cria todas as consciências (as sete consciências), cria os corpos e o meio ambiente. Tudo é criado pela Alaya. A característica desta consciência de Alaya é que, primeiramente, ela guarda todas as ações do Karma. Passado e todas as experiências passadas estão guardadas como uma semente. Esta semente, ao mesmo tempo em que ela é o resultado do Karma é também a possibilidade de se criar uma ação nova. Mas o Karma não é destino. Podemos mudar o destino com a nossa prática porque tudo está depositado e registrado dentro da Alaya e, deste modo, o que está depositado — o mundo da pessoa — começa a mudar e a personalidade também. É como o perfume: o conhecimento, a cultura e a experiência têm o perfume de cada personalidade, depende do que a pessoa está guardando em sua consciência. Essa consciência e a percepção do mundo externo iniciam uma nova experiência e essa nova experiência imediatamente se deposita na subconsciência de Alaya. Esta semente depositada se transforma em uma outra semente e esta cria uma outra experiência condicionada pelas vivências passadas. Assim, a pessoa não pode ver o mundo além do seu limite. Por isso o treinamento consiste em aprender as coisas, os conhecimentos e as sabedorias para poder sair deste círculo. Por exemplo, o marido arrumou uma amante. Na sua esposa, uma senhora bonita, jovem, rica, inteligente e educada, surge um enorme ciúme e ódio. No primeiro momento ela pensa: “Que vergonha, dentro de mim havia esta consciência suja”. Mas logo depois aquele ódio já tomou conta dela totalmente, ela já está diabólica. Aí, a sua fisionomia muda imediatamente. O que eu estou querendo dizer é que a pessoa não sabe o que é que está guardando dentro do seu inconsciente. Aparentemente, é uma pessoa rica e bonita, inteligente e culta, mas em condições adversas aquela semente de ódio pode brotar. Aí o mundo muda. A consciência de Alaya tem três características: a primeira é depositar as experiências do passado. A segunda: com esse depósito o mundo da pessoa muda e a pessoa muda. Terceira e mais importante: com isso nós nos enganamos pensando que a consciência de Alaya é um objeto do ego. Pensamos que é a substância do ego através da sétima consciência, porque a Manas Vijnana é a idéia do egocentrismo. A oitava consciência é a consciência depósito, enquanto a sétima se chama consciência contaminada. Vivemos agora aquilo que já está depositado em nossa consciência, nesse momento não pode ser alterado; não tem mais jeito. Mas, o que eu registrar ou depositar na subconsciência nesse momento presente é de minha responsabilidade. A limitação da percepção do mundo depende da personalidade, cultura, educação, conhecimento, tradição ou ponto de vista de valores e preconceitos. A nossa percepção está limitada ao que recebemos, ou com o que fomos criados. (condicionamentos) Dependendo do que eu depositar, o mundo externo começa a mudar. Dependendo do que depositamos, às vezes vemos o que não existe. Isto acontece quando, por exemplo, estamos lendo o jornal. Há um tipo de teste para saber se você está velho ou não. Se, ao abrir o jornal, em primeiro lugar você quer ver quem morreu, uma nota de falecimento ou uma coisa preta com uma cruz, dizendo: “Morreu com 78 anos...” “Eu tenho 77”, pensa o idoso que lê o jornal. Não somente os velhos morrem, mas os jovens não ligam para isso, a não ser que se trate de uma pessoa íntima, um parente ou amigo que tenha morrido. Dependendo do nosso interesse ou experiência, começamos, portanto, a ver as coisas. A pessoa vê coisas, mas não as vê. As coisas não existem, mas às vezes as vemos. É algo que está acontecendo constantemente. Por esta razão, quando os casais namoram e se casam pode dar confusão. Por quê? Muito simples. O que eles viveram separadamente, o ambiente, a educação, os costumes de família, tudo é diferente. Para a esposa, a salada tem que ser aquela salada do papai e da mamãe, mas para o marido a salada tem que ser um tabule, aquela feita pelo tio árabe ou russo. “Vamos preparar uma salada hoje à noite”, combinam eles. “Claro, eu vou preparar”, diz a esposa. O marido se entusiasma, mas quando vê a salada que sua esposa fez, bem, a idéia dele era totalmente outra. Aí ele diz: “Ah, eu não quero isso”. “Mas eu fiz com todo o carinho”, diz a esposa. “Isto não é salada, é porcaria”. E aí começa a briga. Assim, vemos que a palavra “salada” tem no seu bojo uma armadilha. Cada um pensa na salada à sua maneira. Este é um limite das palavras humanas. Pelo menos podemos saber que cada um tem o seu limite de acordo com suas experiências. Não é somente o meu ponto-de-vista que está certo. Nem sou eu quem está com a verdade; e nem sempre o outro é quem está errado. Se a pessoa trocar de posição e pensar como outro está pensando, vai entender as coisas imediatamente. O marido tem toda a razão. E ela, a esposa, também tem, é claro. São diferentes, mas dá para chegar a um acordo, sem brigar. Este é um dos pontos que o Yushiki nos ensina. [sânsc. Vijna Matravada; “psicologia budista]. Cada um de nós está armazenando sua experiência e karma, ou seja, cada um está vivendo no mundo que ele próprio criou com este karma que está acumulando. Então, você pode achar que não tem jeito de mudar — mas tem. Neste momento, aquilo que você está observando, aquilo que você está estudando, o que está pensando, é o que vai ser guardado, e com isso o mundo todo começa a mudar. Se realmente transformamos toda a nossa consciência em uma coisa pura, o mundo inteiro muda totalmente. A oitava consciência tem três nomes: Alaya, Vipaka, Adana, mas depende do estado em que a pessoa estiver operando dentro dela. Alaya é o primeiro nome da oitava consciência. Indica aquele estado em que se está ainda apegado ou impressionado, com a sétima consciência, a da identidade do ego, a Manas Vijnana ou o egocentrismo. Por isso, até chegar ao estado do Bodhisattva, a idéia de ego prossegue como lembrança porque não entrou profundamente ainda na oitava consciência, ainda há lembranças dele na sétima consciência. Em segundo lugar a Vipaka. Este estado significa que as coisas, ruins ou boas, são depositadas dentro da oitava consciência. Mas enquanto estão guardadas dentro da oitava consciência de Alaya são neutras. Esta semente não é boa nem má; ela é neutra. Havendo condições ela brota e aí pode dar a visão boa ou má. A boa semente guardada é neutra, mas quando brota faz coisas boas. Isto quer dizer duas coisas. Mesmo que a pessoa esteja fazendo coisas boas, não precisa ficar vaidosa, porque na verdade a ação é neutra. Mesmo fazendo coisas ruins, também a ação é neutra, o que significa que ainda há possibilidade de melhorar. Há a possibilidade de salvação. E assim, a semente má e a semente boa podem se transformar em uma outra coisa. O processo de treinamento budista é isso, é como um glóbulo branco combatendo as doenças e matando os micróbios. Devemos trabalhar para a limpeza total, para a iluminação completa do ego, pois aí o mundo inteiro fica totalmente puro e perfeito e o exterior também fica totalmente, totalmente puro e limpo. Esta consciência se chama Adana, e já é o estado de Buda. Chegou-se ao estado de Buda e Adana é o terceiro nome da oitava consciência. Muita gente fica preocupada em ganhar a Iluminação e isto soa como uma brincadeira, não é? O treinamento não é isto. Não é tão fácil assim. Temos de trabalhar bem dentro de nós. A pessoa vive neste mundo sem saber o que faz. Jesus Cristo disse: “Pai, perdoai-os porque eles não sabem o que fazem”. Sempre existe a preocupação com alguém que está fazendo coisas ruins. Alguns reclamam, mas a pessoa quando não sabe o que está fazendo não sabe se está fazendo o mal ou não. Ela não deve ser culpada. Tudo bem, ela pode não ser culpada, mas o karma está criado e a responsabilidade é inteiramente da pessoa. Texto de Ryotan Tokuda Igarashi - Extraído do livro “Psicologia Budista”
Posted on: Wed, 18 Sep 2013 13:23:56 +0000

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