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APRESENTAÇÃO Este projeto transdisciplinar visa realizar um curso de Dança Afro para professores e multiplicadores, dançarinos, coreógrafos, performers, músicos, atores e pesquisadores da africanidade. O projeto DANÇA AFRO: CORPO, RITMO E RITUAL EM ESTUDO acontecerá em Salvador, Bahia, durante 9 meses, divididos em 3 módulos (Corpo, Ritmo e Ritual), realizados de forma continuada. No curso, serão abordados, de forma prática e teórica, princípios e conceitos básicos da abordagem africana, a partir das danças, ritmos e cantos de Mandinga, de Lebous-Uolof e de Iorubá. A proposta nasce da lacuna existente de intercâmbio entre a cultura africana e a cultura brasileira. A separação pode ser vista como uma continuação das relações coloniais que impuseram uma religião, e impediram, entre outras, trocas permanentes das culturas africanas e afro-brasileiras, inclusive na dança. Esta lacuna, provavelmente, contribuiu para uma dança afro-brasileira, com característica de uma abordagem livre, lúdica, com disponibilidade para a improvisação quase sempre por uma formação autodidata, visto que não existe uma escola para a formação do professor de danças afro. Os conhecimentos e saberes africanos se desenvolveram e foram traduzidos em Salvador, em especial a dança, com relação intrínseca a núcleos de resistência, tais como: Quilombos, Irmandades Religiosas, Sociedades Protetoras, Terreiros de Candomblé, Afoxés e a Capoeira. Muitas delas, se configuraram, e se configuram até hoje, como ações de resistência e de afirmação de valores como a autoafirmação, a solidariedade, a autoestima, a autonomia e a cidadania de forma geral. Paradoxalmente, a denominada dança afro, a partir do século XX, na cidade de Salvador, sofre uma forte influência da cultura norte-americana. Isto a levou a mudanças de características tais como: o uso de espelho; o corpo sempre na posição frontal; os papéis do percussionista e do dançarino claramente separados; o canto cumpre um papel secundário, e a execução de movimentos coreografados em forma de passos que seguem uma lógica linear. A mesma dança que nasce de uma resistência submete-se a valores da cultura dominante. Observa-se, também, a necessidade dos profissionais da dança de ampliarem seus conhecimentos no contato com uma abordagem africana, para deixar de louvar a uma “África imaginária” e passar a relações de trocas entre as culturas. Mesmo com as recentes políticas de reparação racial, o que se percebe é que existem grandes obstáculos que impedem um maior intercâmbio cultural entre o Brasil e o continente africano. Esta falta de comunicação chega a gerar uma limitação no acesso a troca de saberes interculturais, neste caso, especificamente, entre as danças afro-brasileiras e as danças da África. Entre os profissionais da dança, temos constatado seus anseios em ter mais conhecimentos sobre as danças africanas. Sem formação estruturada de maior prazo, e sem autoridades que supervisionam o desenvolvimento do aluno sobre a pedagogias e metodologias de dança afro, o gênero nunca sairá da marginalização. Dessa forma, este projeto busca organizar, apoiar e aprofundar a troca de conhecimento nesta área entre gerações e nacionalidades diversas. O projeto evidencia a urgência de se buscar mecanismos que consigam reler, revitalizar e re-elaborar os valores, qualidades e princípios de algumas corporalidades das danças africanas, em diálogo com as danças afro-brasileiras. Este diálogo se dará por meio do pensamento da transculturalidade e da mestiçagem, em processos de hibridação e tradução cultural. Este projeto representa uma iniciativa inovadora e corajosa, visto que ainda não existe licenciatura, nem pós graduação, nem curso estruturado de médio a longo prazo, em dança afro.
Posted on: Mon, 17 Jun 2013 01:36:26 +0000

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