Acho que a criação do Partido Novo representa um importante avanço democrático pro país, por representar uma parte importante do pensamento político, e pode colocar no espaço público as ideias de uma turma muito comprometida com o debate sério e construtivo. Por isso mesmo acho que eles não mereciam essa caricaturização da Veja. Mas chamo meus amigos (e os não amigos) liberais a uma reflexão, que pode apontar como a política vai muito além do debate hidráulico entre mercado e Estado. Ao colocar o uso de roupa de grifes (eu também gosto) como coisa boa, talvez em contraposição ao popular, e outros marcadores sociais da matéria, a Veja, numa viagem quase redonda a la Raymundo Faoro, parece sugerir a tese de que o liberalismo no Brasil, desde Teófilo Otoni, é o liberalismo da gravata lavada. Aliás, essa é a mesma revista, que teria o condão de representar a direita no Brasil, pretensamente defensora dos direitos individuais, que não cora ao erigir o personagem torturador (vide a capa do Capitão Nascimento) à condição de herói nacional. Por mais que não tenham me pedido, fica aqui a sugestão aos liberais do partido novo: se não quiserem fazer política clube, vão em busca de muitas causas populares que parecem até hoje não ter recebido muita atenção dos liberais (com honrosas exceções) e nem da turma da veja: comecem a questionar as remoções arbitrárias, as execuções sumárias nas favelas, os choques de ordem, as internações compulsórias na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo. Mostrem que não se trata apenas de defender uma ideologia de classe, mas de um compromisso concreto e, sim, popular, com as liberdades individuais. Acho que a boa vontade de muitas pessoas, inclusive a minha, mesmo que discordem de vocês em muitos aspectos, cresceria muito. As liberdades não podem ser defendidas apenas em uma parte da cidade ou para um pequeno grupo de pessoas. Mostrem que vocês não são a Veja. vejario.abril.br/edicao-da-semana/partido-novo-rj-761115.shtml
Posted on: Sun, 24 Nov 2013 23:57:04 +0000
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