Acho que diante de tantas dúvidas, deveríamos ler e refletir o - TopicsExpress



          

Acho que diante de tantas dúvidas, deveríamos ler e refletir o "porquê" da greve dos profissionais de educação e as ações a serem tomadas após as "ditas conquistas" ganhas depois da reunião com o Prefeito. Carta Aberta a secretária municipal de educação Cláudia Costin 22 08 13 Carta Aberta a secretária municipal de educação Cláudia Costin Ouvi as duas entrevistas que senhora concedeu à Rádio BandNews. Escutei com atenção suas explicações e respostas às perguntas que lhe foram endereçadas. Fiquei tomado por uma mistura de sentimentos, que acabaram por me fazer escrever essa carta. Depois de 34 anos de magistério municipal o teor das suas palavras não são mais novidade. A senhora, de certa forma, repete o que todos os nossos governantes vêm nos falando. Nesse momento gostaria de opinar sobre alguns pontos abordados pela senhora em sua entrevista. A senhora abordou primeiramente a existência de professores polivalentes em nossa rede, algo que o nosso prefeito rejeita como ele mesmo afirmou na imprensa. A educação finlandesa e coreana se utilizam de professores polivalentes e, como elas são reconhecidas internacionalmente, a senhora praticamente termina a discussão com a premissa de que “O que é bom para a Finlândia é bom para o Brasil!”. Nossa realidade acadêmica está muito distante de oferecer professores generalistas capacitados e aptos a realizarem um bom trabalho. Também não me pareceu razoável afirmar que a formação em serviço desses professores os deixariam bem preparados, pois nos GECs há um coordenador de área com reunião semanal. Pouca coisa para o muito que se tem a fazer nessas reuniões. A adoção desse modelo esconde, na verdade, a redução do número de professores lecionando nas escolas. A relação é: ao invés de dois ou três, um generalista. Como a senhora se diz uma estudiosa da educação, não posso acreditar que lhe falte meios intelectuais para conhecer essa realidade na formação dos nossos docentes, pois é sabido que em nossas universidades temos uma formação de magistério essencialmente acadêmica, mesmo que muitas mudanças curriculares estejam em curso em algumas universidades brasileiras. Como são escolas de turno único e que contam com repasses e incentivos do governo federal, o caso dos GECs parece mesmo tratar-se de uma estratégia econômica. A forma como a senhora negocia as verbas da educação com empresas e fundações, comprando programas e materiais de eficácia e qualidade duvidosas, combina com essa estratégia de conseguir mais repasses de verbas para a rede. Via de regra, os professores, aqueles que vão trabalhar com esses programas e materiais comprados dessas empresas e fundações, não são ouvidos sobre a sua pertinência e qualidade, e muito menos há uma equipe da SME avaliando ou dando algum parecer sobre eles. Aqui o famoso caso do Autonomia Carioca da Fundação Roberto Marinho é o grande destaque, tanto pelo custo dele para a prefeitura, quanto pela sua inadequação à realidade adolescente de nossos alunos. A SME não avaliou o programa e sua pertinência e aplicabilidade na rede. De acordo com a sua sub Helena Bomeny, em conversa comigo pelo Twitter no início de 2012, foi considerado apenas a indicação do MEC. Assim, as verbas que entram na rubrica da educação, a senhora acaba drenando para empresas privadas. Indo um pouco além, podemos avaliar a conveniência política de tais medidas. Ter a FRM como aliada representa a possibilidade de contar com o apoio das Organizações Globo, inflando e dando voz ao seu projeto privatizante da educação carioca, como é notório nos noticiários e programas da emissora e de suas empresas satélites. Com relação ao Plano de Cargos e Salários, promessa de campanha de Eduardo Paes no seu primeiro mandato, não basta a senhora vir agora de público reconhecer que há distorções. Pelas respostas que a senhora e a sua sub vêm dando aos professores desde os primeiros dias do sua gestão ( Estamos estudando uma proposta ), essas distorções já eram do conhecimento dessa administração. O que a senhora fez? Nada. Promoveu concursos de PII 40 sem se preocupar com a remuneração desse grupo que estava em flagrante ilegalidade. Explico: Em comparação com o PI, o PII com nível superior tem remuneração menor. Logo, mesma função, mesma formação, mesma carga horária, mesmo empregador, remuneração diferente. No entanto a senhora age como se nada tivesse a ver com o caso. Simplifica: São distorções. A senhora também nos menospreza, ao sentar em cima das reivindicações sobre o PCS e não apresentar estudo algum para a categoria durante quase cinco anos. Nossa categoria tem razões de sobra para olhar para a sua administração com desconfiança e desespero. Com relação à escola de turno único que a senhora diz querer implantar aqui na nossa cidade, a rigor, não conta com a oposição de nossa categoria, já que muitos de nós, são filhos de um proletariado urbano, que sabe o valor que a educação tem nas suas vidas. Porém, na sua visão de administradora e de uma pessoa que desconhece o que é uma equipe pedagógica de uma escola, como ela amadurece e nem conhece o seu dia a dia, as mudanças a serem implementadas para que essa escola de turno único se concretize, ultrapassam todos os limites. A senhora decidiu que iria remover os professores de 16h e 22h. Nas suas ações de remoção desses professores para colocação dos professores de 40 horas, fomos desterritorializados. Vimo-nos obrigados a deixar de conviver com pessoas com as quais dividíamos o trabalho há anos. Para a senhora somos apenas peças e números. “Vamos deixar 4 e tirar o resto”. Ao permanecermos numa mesma unidade, com o passar dos anos, criamos vínculos com essa comunidade, fazemos amigos, sentimo-nos parte dela e ela também nos abraça. Vemos isso quando circulamos pelo bairro e nossos ex-alunos correm para falar conosco. Isso não é uma fala piegas ou para criar um clima emotivo. Essa é uma questão pedagógica. Entrosar uma equipe de professores leva tempo, mas destruí-la basta uma caneta. Não, a senhora definitivamente não sabe o que é isso! Peço que a senhora veja o Portal Rio Educa. O Portal foi entrevistar a comunidade escolar da EM Joaquim Nabuco para saber dela a razão do seu sucesso. Fiquei curioso e descobri, está lá no Portal a entrevista, que a resposta para a pergunta sempre se referia à equipe. Não se falou por exemplo em tecnologia e nem na Educopedia. Era a equipe o que importava na fala de todos. Os alunos falavam do carinho dos professores, do clima de respeito entre a direção e os alunos. A senhora devia de ler essa matéria. Mas penso que não adiantaria muito. Suas observações sobre a Lei de 1/3 da carga horária dos professores para atividades chegam à beira do irracional. Tudo sobre essa lei é do seu conhecimento. A senhora não pode dizer que não a conhecia. A lei é do ano de 2008 e tinha prazo para ser aplicada até 2012. Na sua fala a senhora disse textualmente “Nos organizamos para cumprir essa lei de acordo com o nosso entendimento”. Eu diria que senhora não cumpriu a lei e a interpretou de acordo com a sua conveniência. A lei é um reconhecimento de que o professor é um profissional diferenciado. Ele precisa estar em contato com os seus parceiros de trabalho. Precisa de tempo para planejar aulas, corrigir e orientar trabalhos. A senhora diz reconhecer tudo isso. Porém, nós somos o que praticamos e não o que dissemos que somos. Diante da pressão para cumprir a carga horária de 1/3 de planejamento para os professores o que vimos foi uma manobra com os horários de merenda e intervalos. No meu caso, de acordo com entendimento que a senhora fez, eu cumpria 12 tempos de aula por semana mais 4 horas de atividades antes da lei e continuei a fazer os mesmos 12 tempos de aula semanais mais 4 horas de atividades depois da lei. Parecia mágica, mas isso tem outro nome, inconfessável. Seria muito elegante se a senhora tivesse ido para imprensa e dito que não havia recursos para implantar a lei e assumisse os riscos dessas declarações. Seria interessante vê-la correndo riscos como nós com a nossa greve estamos correndo, diante das suas ameaças ilegais de demissão dos profissionais em estágio probatório e do corte do ponto. Ainda sobre a lei de 1/3, se o CNE não regulamentasse o “entendimento” sobre esse horário estaríamos ainda hoje sob a farsa criada pela sua administração para ajustar a carga horária à “nova” lei. Como é sabido, essa lei deveria ser abraçada com alegria por aqueles que desejam realmente colocar a educação carioca e brasileira num patamar mais elevado. Ao contrário, nesse município rico onde nos últimos anos as receitas da prefeitura cresceram 65% e as despesas com pessoal apenas 32%, não se encontra espaço para investimento na educação. Quanto à Meritocracia implantada na rede, ela já se mostrou um engodo. Não premia nada. A senhora fala que ela é um desafio da escola com ela mesma. Não é. Nunca foi. A ideia de meritocracia é premiar quem trabalhou melhor, quem se dedicou e obteve bons resultados. Foi assim que ela foi apresentada por essa administração. Nessa última premiação o castelo de cartas que era essa política desmoronou quando escolas que eram consideradas pela sua administração como de excelência, ficaram de fora do prêmio. O que houve, senhora Cláudia Costin com essas escolas? Elas deixaram de ser competentes? Seus funcionários e sua equipe deixaram de ser produtivos? A falsa premiação representa uma quantia mensal bem menor que a do vale alimentação que é pago pela prefeitura. O objetivo dessa premiação não é premiar, ficou claro isso. Então temos de questionar qual seria a real intenção da senhora com esse “prêmio”? Desconfio que ele tem servido a nos convencer a adotarmos uma postura pacífica perante os absurdos da sua administração. Muito professor, na tentativa de buscar esse prêmio, acaba se submetendo, por pressão econômica e dos colegas , aos desmandos da sua administração. Alguns entusiasticamente e outros vão no tranco. Outras medidas da sua administração seguem a mesma lógica autoritária e ditatorial. À semelhança do nosso alcaide que trata o dinheiro público como se fosse seu (Ele foi motivo de piada nas redes sociais ao afirmar que pagaria qualquer quantia para um cineasta americano vir filmar no Rio.), a senhora trata a educação pública de nossa cidade de acordo com um olhar pessoal. Na sua fala “escolhemos o Inglês” deveria estar escrito “escolhi o Inglês”. Professores que lecionam Espanhol e Francês foram pegos de surpresa com essa medida. Como eles são “um restinho” não há nenhuma importância. É óbvio que o Inglês é uma língua comercial e importante na formação de nossos alunos. Porém, podíamos dizer que o Espanhol é a língua da integração latino americana e de suma importância também. A decisão já está no PCNs. A questão é que após a sua opção pelo Inglês a SME forma uma parceria com a Cultura Inglesa onde mais um monte de dinheiro público vai parar nas mãos de uma empresa privada. A alegação é que a Cultura Inglesa teria uma didática que daria conta de ensinar nossos alunos a falar Inglês. Sairíamos do verbo To Be finalmente. Mais uma vez a senhora trás uma solução de fora, compra material e consultoria de uma empresa privada sob a alegação de estar investindo em educação. Na verdade a senhora investiu na Cultura Inglesa. Investiu no Sangary. Investiu na Fundação Roberto Marinho. Investiu na Fundação Airton Senna. Investiu em gráficas. Investiu em empresas e não criou nada aqui na cidade. Quando a senhora se for da SME terá deixado um legado de terra arrasada. Nenhum protagonismo docente e escolas sem história. A ideia mais sem sentido pedagógico, no entanto, está na suposta unificação do currículo. É aceitável a ideia de um currículo básico, mas senhora acredita e confunde currículo básico com a obrigatoriedade ou possibilidade de uma rede caminhar de forma igual, todos no mesmo ritmo. Usando as mesmas apostilas e fazendo as mesmas provas. Crer nesse absurdo significa crer em cegonha e no coelhinho da páscoa. Essa escola é a escola do meu tempo de criança, quando todos usávamos o mesmo livro. Quem se lembra da Mágica do Saber e do Meu Companheirinho? Daí o igual absurdo das provas únicas às quais nossos alunos são submetidos. Agora o que me deixou realmente estarrecido foi a sua postura diante da gravidez das professoras. Acho que foi um ato falho. Escapuliu. A senhora colocou a culpa da falta de professor na rede por conta da gravidez das professoras. Temos de perguntar: quem tem de oferecer estratégia para suprir a falta de professores por licença não é administração, não acha? Senhora secretária, deixe de fazer ameaças ilegais e imorais aos professores em estágio probatório. Essa é uma atitude covarde que não combina com os dias atuais. O povo está nas ruas exigindo o fim do cinismo dos nossos governantes e administradores. Faça a coisa certa a ser feita agora: sente-se à mesa de negociação com a categoria e não coloque assessores sem condição de dialogar. Assuma os riscos e os desgastes que a sua função exige ao invés de se esconder sob alegações inexplicáveis. Carlos Azevedo* *Sou professor dessa prefeitura desde 1979. Comecei como professor primário ( Esse o verdadeiro generalista, com formação generalista). Depois de concluir o curso de História, prestei concurso para a disciplina e assumi a nova função. Participei da direção de duas escolas: EM Tóquio e EM Cientista Mário Kroef. Atualmente lotado na EM São Paulo e CIEP Graciliano Ramos.Carta Aberta a secretária municipal de educação Cláudia Costin 22 08 13 Carta Aberta a secretária municipal de educação Cláudia Costin Ouvi as duas entrevistas que senhora concedeu à Rádio BandNews. Escutei com atenção suas explicações e respostas às perguntas que lhe foram endereçadas. Fiquei tomado por uma mistura de sentimentos, que acabaram por me fazer escrever essa carta. Depois de 34 anos de magistério municipal o teor das suas palavras não são mais novidade. A senhora, de certa forma, repete o que todos os nossos governantes vêm nos falando. Nesse momento gostaria de opinar sobre alguns pontos abordados pela senhora em sua entrevista. A senhora abordou primeiramente a existência de professores polivalentes em nossa rede, algo que o nosso prefeito rejeita como ele mesmo afirmou na imprensa. A educação finlandesa e coreana se utilizam de professores polivalentes e, como elas são reconhecidas internacionalmente, a senhora praticamente termina a discussão com a premissa de que “O que é bom para a Finlândia é bom para o Brasil!”. Nossa realidade acadêmica está muito distante de oferecer professores generalistas capacitados e aptos a realizarem um bom trabalho. Também não me pareceu razoável afirmar que a formação em serviço desses professores os deixariam bem preparados, pois nos GECs há um coordenador de área com reunião semanal. Pouca coisa para o muito que se tem a fazer nessas reuniões. A adoção desse modelo esconde, na verdade, a redução do número de professores lecionando nas escolas. A relação é: ao invés de dois ou três, um generalista. Como a senhora se diz uma estudiosa da educação, não posso acreditar que lhe falte meios intelectuais para conhecer essa realidade na formação dos nossos docentes, pois é sabido que em nossas universidades temos uma formação de magistério essencialmente acadêmica, mesmo que muitas mudanças curriculares estejam em curso em algumas universidades brasileiras. Como são escolas de turno único e que contam com repasses e incentivos do governo federal, o caso dos GECs parece mesmo tratar-se de uma estratégia econômica. A forma como a senhora negocia as verbas da educação com empresas e fundações, comprando programas e materiais de eficácia e qualidade duvidosas, combina com essa estratégia de conseguir mais repasses de verbas para a rede. Via de regra, os professores, aqueles que vão trabalhar com esses programas e materiais comprados dessas empresas e fundações, não são ouvidos sobre a sua pertinência e qualidade, e muito menos há uma equipe da SME avaliando ou dando algum parecer sobre eles. Aqui o famoso caso do Autonomia Carioca da Fundação Roberto Marinho é o grande destaque, tanto pelo custo dele para a prefeitura, quanto pela sua inadequação à realidade adolescente de nossos alunos. A SME não avaliou o programa e sua pertinência e aplicabilidade na rede. De acordo com a sua sub Helena Bomeny, em conversa comigo pelo Twitter no início de 2012, foi considerado apenas a indicação do MEC. Assim, as verbas que entram na rubrica da educação, a senhora acaba drenando para empresas privadas. Indo um pouco além, podemos avaliar a conveniência política de tais medidas. Ter a FRM como aliada representa a possibilidade de contar com o apoio das Organizações Globo, inflando e dando voz ao seu projeto privatizante da educação carioca, como é notório nos noticiários e programas da emissora e de suas empresas satélites. Com relação ao Plano de Cargos e Salários, promessa de campanha de Eduardo Paes no seu primeiro mandato, não basta a senhora vir agora de público reconhecer que há distorções. Pelas respostas que a senhora e a sua sub vêm dando aos professores desde os primeiros dias do sua gestão ( Estamos estudando uma proposta ), essas distorções já eram do conhecimento dessa administração. O que a senhora fez? Nada. Promoveu concursos de PII 40 sem se preocupar com a remuneração desse grupo que estava em flagrante ilegalidade. Explico: Em comparação com o PI, o PII com nível superior tem remuneração menor. Logo, mesma função, mesma formação, mesma carga horária, mesmo empregador, remuneração diferente. No entanto a senhora age como se nada tivesse a ver com o caso. Simplifica: São distorções. A senhora também nos menospreza, ao sentar em cima das reivindicações sobre o PCS e não apresentar estudo algum para a categoria durante quase cinco anos. Nossa categoria tem razões de sobra para olhar para a sua administração com desconfiança e desespero. Com relação à escola de turno único que a senhora diz querer implantar aqui na nossa cidade, a rigor, não conta com a oposição de nossa categoria, já que muitos de nós, são filhos de um proletariado urbano, que sabe o valor que a educação tem nas suas vidas. Porém, na sua visão de administradora e de uma pessoa que desconhece o que é uma equipe pedagógica de uma escola, como ela amadurece e nem conhece o seu dia a dia, as mudanças a serem implementadas para que essa escola de turno único se concretize, ultrapassam todos os limites. A senhora decidiu que iria remover os professores de 16h e 22h. Nas suas ações de remoção desses professores para colocação dos professores de 40 horas, fomos desterritorializados. Vimo-nos obrigados a deixar de conviver com pessoas com as quais dividíamos o trabalho há anos. Para a senhora somos apenas peças e números. “Vamos deixar 4 e tirar o resto”. Ao permanecermos numa mesma unidade, com o passar dos anos, criamos vínculos com essa comunidade, fazemos amigos, sentimo-nos parte dela e ela também nos abraça. Vemos isso quando circulamos pelo bairro e nossos ex-alunos correm para falar conosco. Isso não é uma fala piegas ou para criar um clima emotivo. Essa é uma questão pedagógica. Entrosar uma equipe de professores leva tempo, mas destruí-la basta uma caneta. Não, a senhora definitivamente não sabe o que é isso! Peço que a senhora veja o Portal Rio Educa. O Portal foi entrevistar a comunidade escolar da EM Joaquim Nabuco para saber dela a razão do seu sucesso. Fiquei curioso e descobri, está lá no Portal a entrevista, que a resposta para a pergunta sempre se referia à equipe. Não se falou por exemplo em tecnologia e nem na Educopedia. Era a equipe o que importava na fala de todos. Os alunos falavam do carinho dos professores, do clima de respeito entre a direção e os alunos. A senhora devia de ler essa matéria. Mas penso que não adiantaria muito. Suas observações sobre a Lei de 1/3 da carga horária dos professores para atividades chegam à beira do irracional. Tudo sobre essa lei é do seu conhecimento. A senhora não pode dizer que não a conhecia. A lei é do ano de 2008 e tinha prazo para ser aplicada até 2012. Na sua fala a senhora disse textualmente “Nos organizamos para cumprir essa lei de acordo com o nosso entendimento”. Eu diria que senhora não cumpriu a lei e a interpretou de acordo com a sua conveniência. A lei é um reconhecimento de que o professor é um profissional diferenciado. Ele precisa estar em contato com os seus parceiros de trabalho. Precisa de tempo para planejar aulas, corrigir e orientar trabalhos. A senhora diz reconhecer tudo isso. Porém, nós somos o que praticamos e não o que dissemos que somos. Diante da pressão para cumprir a carga horária de 1/3 de planejamento para os professores o que vimos foi uma manobra com os horários de merenda e intervalos. No meu caso, de acordo com entendimento que a senhora fez, eu cumpria 12 tempos de aula por semana mais 4 horas de atividades antes da lei e continuei a fazer os mesmos 12 tempos de aula semanais mais 4 horas de atividades depois da lei. Parecia mágica, mas isso tem outro nome, inconfessável. Seria muito elegante se a senhora tivesse ido para imprensa e dito que não havia recursos para implantar a lei e assumisse os riscos dessas declarações. Seria interessante vê-la correndo riscos como nós com a nossa greve estamos correndo, diante das suas ameaças ilegais de demissão dos profissionais em estágio probatório e do corte do ponto. Ainda sobre a lei de 1/3, se o CNE não regulamentasse o “entendimento” sobre esse horário estaríamos ainda hoje sob a farsa criada pela sua administração para ajustar a carga horária à “nova” lei. Como é sabido, essa lei deveria ser abraçada com alegria por aqueles que desejam realmente colocar a educação carioca e brasileira num patamar mais elevado. Ao contrário, nesse município rico onde nos últimos anos as receitas da prefeitura cresceram 65% e as despesas com pessoal apenas 32%, não se encontra espaço para investimento na educação. Quanto à Meritocracia implantada na rede, ela já se mostrou um engodo. Não premia nada. A senhora fala que ela é um desafio da escola com ela mesma. Não é. Nunca foi. A ideia de meritocracia é premiar quem trabalhou melhor, quem se dedicou e obteve bons resultados. Foi assim que ela foi apresentada por essa administração. Nessa última premiação o castelo de cartas que era essa política desmoronou quando escolas que eram consideradas pela sua administração como de excelência, ficaram de fora do prêmio. O que houve, senhora Cláudia Costin com essas escolas? Elas deixaram de ser competentes? Seus funcionários e sua equipe deixaram de ser produtivos? A falsa premiação representa uma quantia mensal bem menor que a do vale alimentação que é pago pela prefeitura. O objetivo dessa premiação não é premiar, ficou claro isso. Então temos de questionar qual seria a real intenção da senhora com esse “prêmio”? Desconfio que ele tem servido a nos convencer a adotarmos uma postura pacífica perante os absurdos da sua administração. Muito professor, na tentativa de buscar esse prêmio, acaba se submetendo, por pressão econômica e dos colegas , aos desmandos da sua administração. Alguns entusiasticamente e outros vão no tranco. Outras medidas da sua administração seguem a mesma lógica autoritária e ditatorial. À semelhança do nosso alcaide que trata o dinheiro público como se fosse seu (Ele foi motivo de piada nas redes sociais ao afirmar que pagaria qualquer quantia para um cineasta americano vir filmar no Rio.), a senhora trata a educação pública de nossa cidade de acordo com um olhar pessoal. Na sua fala “escolhemos o Inglês” deveria estar escrito “escolhi o Inglês”. Professores que lecionam Espanhol e Francês foram pegos de surpresa com essa medida. Como eles são “um restinho” não há nenhuma importância. É óbvio que o Inglês é uma língua comercial e importante na formação de nossos alunos. Porém, podíamos dizer que o Espanhol é a língua da integração latino americana e de suma importância também. A decisão já está no PCNs. A questão é que após a sua opção pelo Inglês a SME forma uma parceria com a Cultura Inglesa onde mais um monte de dinheiro público vai parar nas mãos de uma empresa privada. A alegação é que a Cultura Inglesa teria uma didática que daria conta de ensinar nossos alunos a falar Inglês. Sairíamos do verbo To Be finalmente. Mais uma vez a senhora trás uma solução de fora, compra material e consultoria de uma empresa privada sob a alegação de estar investindo em educação. Na verdade a senhora investiu na Cultura Inglesa. Investiu no Sangary. Investiu na Fundação Roberto Marinho. Investiu na Fundação Airton Senna. Investiu em gráficas. Investiu em empresas e não criou nada aqui na cidade. Quando a senhora se for da SME terá deixado um legado de terra arrasada. Nenhum protagonismo docente e escolas sem história. A ideia mais sem sentido pedagógico, no entanto, está na suposta unificação do currículo. É aceitável a ideia de um currículo básico, mas senhora acredita e confunde currículo básico com a obrigatoriedade ou possibilidade de uma rede caminhar de forma igual, todos no mesmo ritmo. Usando as mesmas apostilas e fazendo as mesmas provas. Crer nesse absurdo significa crer em cegonha e no coelhinho da páscoa. Essa escola é a escola do meu tempo de criança, quando todos usávamos o mesmo livro. Quem se lembra da Mágica do Saber e do Meu Companheirinho? Daí o igual absurdo das provas únicas às quais nossos alunos são submetidos. Agora o que me deixou realmente estarrecido foi a sua postura diante da gravidez das professoras. Acho que foi um ato falho. Escapuliu. A senhora colocou a culpa da falta de professor na rede por conta da gravidez das professoras. Temos de perguntar: quem tem de oferecer estratégia para suprir a falta de professores por licença não é administração, não acha? Senhora secretária, deixe de fazer ameaças ilegais e imorais aos professores em estágio probatório. Essa é uma atitude covarde que não combina com os dias atuais. O povo está nas ruas exigindo o fim do cinismo dos nossos governantes e administradores. Faça a coisa certa a ser feita agora: sente-se à mesa de negociação com a categoria e não coloque assessores sem condição de dialogar. Assuma os riscos e os desgastes que a sua função exige ao invés de se esconder sob alegações inexplicáveis. Carlos Azevedo* *Sou professor dessa prefeitura desde 1979. Comecei como professor primário ( Esse o verdadeiro generalista, com formação generalista). Depois de concluir o curso de História, prestei concurso para a disciplina e assumi a nova função. Participei da direção de duas escolas: EM Tóquio e EM Cientista Mário Kroef. Atualmente lotado na EM São Paulo e CIEP Graciliano Ramos.Carta Aberta a secretária municipal de educação Cláudia Costin 22 08 13 Carta Aberta a secretária municipal de educação Cláudia Costin Ouvi as duas entrevistas que senhora concedeu à Rádio BandNews. Escutei com atenção suas explicações e respostas às perguntas que lhe foram endereçadas. Fiquei tomado por uma mistura de sentimentos, que acabaram por me fazer escrever essa carta. Depois de 34 anos de magistério municipal o teor das suas palavras não são mais novidade. A senhora, de certa forma, repete o que todos os nossos governantes vêm nos falando. Nesse momento gostaria de opinar sobre alguns pontos abordados pela senhora em sua entrevista. A senhora abordou primeiramente a existência de professores polivalentes em nossa rede, algo que o nosso prefeito rejeita como ele mesmo afirmou na imprensa. A educação finlandesa e coreana se utilizam de professores polivalentes e, como elas são reconhecidas internacionalmente, a senhora praticamente termina a discussão com a premissa de que “O que é bom para a Finlândia é bom para o Brasil!”. Nossa realidade acadêmica está muito distante de oferecer professores generalistas capacitados e aptos a realizarem um bom trabalho. Também não me pareceu razoável afirmar que a formação em serviço desses professores os deixariam bem preparados, pois nos GECs há um coordenador de área com reunião semanal. Pouca coisa para o muito que se tem a fazer nessas reuniões. A adoção desse modelo esconde, na verdade, a redução do número de professores lecionando nas escolas. A relação é: ao invés de dois ou três, um generalista. Como a senhora se diz uma estudiosa da educação, não posso acreditar que lhe falte meios intelectuais para conhecer essa realidade na formação dos nossos docentes, pois é sabido que em nossas universidades temos uma formação de magistério essencialmente acadêmica, mesmo que muitas mudanças curriculares estejam em curso em algumas universidades brasileiras. Como são escolas de turno único e que contam com repasses e incentivos do governo federal, o caso dos GECs parece mesmo tratar-se de uma estratégia econômica. A forma como a senhora negocia as verbas da educação com empresas e fundações, comprando programas e materiais de eficácia e qualidade duvidosas, combina com essa estratégia de conseguir mais repasses de verbas para a rede. Via de regra, os professores, aqueles que vão trabalhar com esses programas e materiais comprados dessas empresas e fundações, não são ouvidos sobre a sua pertinência e qualidade, e muito menos há uma equipe da SME avaliando ou dando algum parecer sobre eles. Aqui o famoso caso do Autonomia Carioca da Fundação Roberto Marinho é o grande destaque, tanto pelo custo dele para a prefeitura, quanto pela sua inadequação à realidade adolescente de nossos alunos. A SME não avaliou o programa e sua pertinência e aplicabilidade na rede. De acordo com a sua sub Helena Bomeny, em conversa comigo pelo Twitter no início de 2012, foi considerado apenas a indicação do MEC. Assim, as verbas que entram na rubrica da educação, a senhora acaba drenando para empresas privadas. Indo um pouco além, podemos avaliar a conveniência política de tais medidas. Ter a FRM como aliada representa a possibilidade de contar com o apoio das Organizações Globo, inflando e dando voz ao seu projeto privatizante da educação carioca, como é notório nos noticiários e programas da emissora e de suas empresas satélites. Com relação ao Plano de Cargos e Salários, promessa de campanha de Eduardo Paes no seu primeiro mandato, não basta a senhora vir agora de público reconhecer que há distorções. Pelas respostas que a senhora e a sua sub vêm dando aos professores desde os primeiros dias do sua gestão ( Estamos estudando uma proposta ), essas distorções já eram do conhecimento dessa administração. O que a senhora fez? Nada. Promoveu concursos de PII 40 sem se preocupar com a remuneração desse grupo que estava em flagrante ilegalidade. Explico: Em comparação com o PI, o PII com nível superior tem remuneração menor. Logo, mesma função, mesma formação, mesma carga horária, mesmo empregador, remuneração diferente. No entanto a senhora age como se nada tivesse a ver com o caso. Simplifica: São distorções. A senhora também nos menospreza, ao sentar em cima das reivindicações sobre o PCS e não apresentar estudo algum para a categoria durante quase cinco anos. Nossa categoria tem razões de sobra para olhar para a sua administração com desconfiança e desespero. Com relação à escola de turno único que a senhora diz querer implantar aqui na nossa cidade, a rigor, não conta com a oposição de nossa categoria, já que muitos de nós, são filhos de um proletariado urbano, que sabe o valor que a educação tem nas suas vidas. Porém, na sua visão de administradora e de uma pessoa que desconhece o que é uma equipe pedagógica de uma escola, como ela amadurece e nem conhece o seu dia a dia, as mudanças a serem implementadas para que essa escola de turno único se concretize, ultrapassam todos os limites. A senhora decidiu que iria remover os professores de 16h e 22h. Nas suas ações de remoção desses professores para colocação dos professores de 40 horas, fomos desterritorializados. Vimo-nos obrigados a deixar de conviver com pessoas com as quais dividíamos o trabalho há anos. Para a senhora somos apenas peças e números. “Vamos deixar 4 e tirar o resto”. Ao permanecermos numa mesma unidade, com o passar dos anos, criamos vínculos com essa comunidade, fazemos amigos, sentimo-nos parte dela e ela também nos abraça. Vemos isso quando circulamos pelo bairro e nossos ex-alunos correm para falar conosco. Isso não é uma fala piegas ou para criar um clima emotivo. Essa é uma questão pedagógica. Entrosar uma equipe de professores leva tempo, mas destruí-la basta uma caneta. Não, a senhora definitivamente não sabe o que é isso! Peço que a senhora veja o Portal Rio Educa. O Portal foi entrevistar a comunidade escolar da EM Joaquim Nabuco para saber dela a razão do seu sucesso. Fiquei curioso e descobri, está lá no Portal a entrevista, que a resposta para a pergunta sempre se referia à equipe. Não se falou por exemplo em tecnologia e nem na Educopedia. Era a equipe o que importava na fala de todos. Os alunos falavam do carinho dos professores, do clima de respeito entre a direção e os alunos. A senhora devia de ler essa matéria. Mas penso que não adiantaria muito. Suas observações sobre a Lei de 1/3 da carga horária dos professores para atividades chegam à beira do irracional. Tudo sobre essa lei é do seu conhecimento. A senhora não pode dizer que não a conhecia. A lei é do ano de 2008 e tinha prazo para ser aplicada até 2012. Na sua fala a senhora disse textualmente “Nos organizamos para cumprir essa lei de acordo com o nosso entendimento”. Eu diria que senhora não cumpriu a lei e a interpretou de acordo com a sua conveniência. A lei é um reconhecimento de que o professor é um profissional diferenciado. Ele precisa estar em contato com os seus parceiros de trabalho. Precisa de tempo para planejar aulas, corrigir e orientar trabalhos. A senhora diz reconhecer tudo isso. Porém, nós somos o que praticamos e não o que dissemos que somos. Diante da pressão para cumprir a carga horária de 1/3 de planejamento para os professores o que vimos foi uma manobra com os horários de merenda e intervalos. No meu caso, de acordo com entendimento que a senhora fez, eu cumpria 12 tempos de aula por semana mais 4 horas de atividades antes da lei e continuei a fazer os mesmos 12 tempos de aula semanais mais 4 horas de atividades depois da lei. Parecia mágica, mas isso tem outro nome, inconfessável. Seria muito elegante se a senhora tivesse ido para imprensa e dito que não havia recursos para implantar a lei e assumisse os riscos dessas declarações. Seria interessante vê-la correndo riscos como nós com a nossa greve estamos correndo, diante das suas ameaças ilegais de demissão dos profissionais em estágio probatório e do corte do ponto. Ainda sobre a lei de 1/3, se o CNE não regulamentasse o “entendimento” sobre esse horário estaríamos ainda hoje sob a farsa criada pela sua administração para ajustar a carga horária à “nova” lei. Como é sabido, essa lei deveria ser abraçada com alegria por aqueles que desejam realmente colocar a educação carioca e brasileira num patamar mais elevado. Ao contrário, nesse município rico onde nos últimos anos as receitas da prefeitura cresceram 65% e as despesas com pessoal apenas 32%, não se encontra espaço para investimento na educação. Quanto à Meritocracia implantada na rede, ela já se mostrou um engodo. Não premia nada. A senhora fala que ela é um desafio da escola com ela mesma. Não é. Nunca foi. A ideia de meritocracia é premiar quem trabalhou melhor, quem se dedicou e obteve bons resultados. Foi assim que ela foi apresentada por essa administração. Nessa última premiação o castelo de cartas que era essa política desmoronou quando escolas que eram consideradas pela sua administração como de excelência, ficaram de fora do prêmio. O que houve, senhora Cláudia Costin com essas escolas? Elas deixaram de ser competentes? Seus funcionários e sua equipe deixaram de ser produtivos? A falsa premiação representa uma quantia mensal bem menor que a do vale alimentação que é pago pela prefeitura. O objetivo dessa premiação não é premiar, ficou claro isso. Então temos de questionar qual seria a real intenção da senhora com esse “prêmio”? Desconfio que ele tem servido a nos convencer a adotarmos uma postura pacífica perante os absurdos da sua administração. Muito professor, na tentativa de buscar esse prêmio, acaba se submetendo, por pressão econômica e dos colegas , aos desmandos da sua administração. Alguns entusiasticamente e outros vão no tranco. Outras medidas da sua administração seguem a mesma lógica autoritária e ditatorial. À semelhança do nosso alcaide que trata o dinheiro público como se fosse seu (Ele foi motivo de piada nas redes sociais ao afirmar que pagaria qualquer quantia para um cineasta americano vir filmar no Rio.), a senhora trata a educação pública de nossa cidade de acordo com um olhar pessoal. Na sua fala “escolhemos o Inglês” deveria estar escrito “escolhi o Inglês”. Professores que lecionam Espanhol e Francês foram pegos de surpresa com essa medida. Como eles são “um restinho” não há nenhuma importância. É óbvio que o Inglês é uma língua comercial e importante na formação de nossos alunos. Porém, podíamos dizer que o Espanhol é a língua da integração latino americana e de suma importância também. A decisão já está no PCNs. A questão é que após a sua opção pelo Inglês a SME forma uma parceria com a Cultura Inglesa onde mais um monte de dinheiro público vai parar nas mãos de uma empresa privada. A alegação é que a Cultura Inglesa teria uma didática que daria conta de ensinar nossos alunos a falar Inglês. Sairíamos do verbo To Be finalmente. Mais uma vez a senhora trás uma solução de fora, compra material e consultoria de uma empresa privada sob a alegação de estar investindo em educação. Na verdade a senhora investiu na Cultura Inglesa. Investiu no Sangary. Investiu na Fundação Roberto Marinho. Investiu na Fundação Airton Senna. Investiu em gráficas. Investiu em empresas e não criou nada aqui na cidade. Quando a senhora se for da SME terá deixado um legado de terra arrasada. Nenhum protagonismo docente e escolas sem história. A ideia mais sem sentido pedagógico, no entanto, está na suposta unificação do currículo. É aceitável a ideia de um currículo básico, mas senhora acredita e confunde currículo básico com a obrigatoriedade ou possibilidade de uma rede caminhar de forma igual, todos no mesmo ritmo. Usando as mesmas apostilas e fazendo as mesmas provas. Crer nesse absurdo significa crer em cegonha e no coelhinho da páscoa. Essa escola é a escola do meu tempo de criança, quando todos usávamos o mesmo livro. Quem se lembra da Mágica do Saber e do Meu Companheirinho? Daí o igual absurdo das provas únicas às quais nossos alunos são submetidos. Agora o que me deixou realmente estarrecido foi a sua postura diante da gravidez das professoras. Acho que foi um ato falho. Escapuliu. A senhora colocou a culpa da falta de professor na rede por conta da gravidez das professoras. Temos de perguntar: quem tem de oferecer estratégia para suprir a falta de professores por licença não é administração, não acha? Senhora secretária, deixe de fazer ameaças ilegais e imorais aos professores em estágio probatório. Essa é uma atitude covarde que não combina com os dias atuais. O povo está nas ruas exigindo o fim do cinismo dos nossos governantes e administradores. Faça a coisa certa a ser feita agora: sente-se à mesa de negociação com a categoria e não coloque assessores sem condição de dialogar. Assuma os riscos e os desgastes que a sua função exige ao invés de se esconder sob alegações inexplicáveis. Carlos Azevedo* *Sou professor dessa prefeitura desde 1979. Comecei como professor primário ( Esse o verdadeiro generalista, com formação generalista). Depois de concluir o curso de História, prestei concurso para a disciplina e assumi a nova função. Participei da direção de duas escolas: EM Tóquio e EM Cientista Mário Kroef. Atualmente lotado na EM São Paulo e CIEP Graciliano Ramos.Carta Aberta a secretária municipal de educação Cláudia Costin 22 08 13 Carta Aberta a secretária municipal de educação Cláudia Costin Ouvi as duas entrevistas que senhora concedeu à Rádio BandNews. Escutei com atenção suas explicações e respostas às perguntas que lhe foram endereçadas. Fiquei tomado por uma mistura de sentimentos, que acabaram por me fazer escrever essa carta. Depois de 34 anos de magistério municipal o teor das suas palavras não são mais novidade. A senhora, de certa forma, repete o que todos os nossos governantes vêm nos falando. Nesse momento gostaria de opinar sobre alguns pontos abordados pela senhora em sua entrevista. A senhora abordou primeiramente a existência de professores polivalentes em nossa rede, algo que o nosso prefeito rejeita como ele mesmo afirmou na imprensa. A educação finlandesa e coreana se utilizam de professores polivalentes e, como elas são reconhecidas internacionalmente, a senhora praticamente termina a discussão com a premissa de que “O que é bom para a Finlândia é bom para o Brasil!”. Nossa realidade acadêmica está muito distante de oferecer professores generalistas capacitados e aptos a realizarem um bom trabalho. Também não me pareceu razoável afirmar que a formação em serviço desses professores os deixariam bem preparados, pois nos GECs há um coordenador de área com reunião semanal. Pouca coisa para o muito que se tem a fazer nessas reuniões. A adoção desse modelo esconde, na verdade, a redução do número de professores lecionando nas escolas. A relação é: ao invés de dois ou três, um generalista. Como a senhora se diz uma estudiosa da educação, não posso acreditar que lhe falte meios intelectuais para conhecer essa realidade na formação dos nossos docentes, pois é sabido que em nossas universidades temos uma formação de magistério essencialmente acadêmica, mesmo que muitas mudanças curriculares estejam em curso em algumas universidades brasileiras. Como são escolas de turno único e que contam com repasses e incentivos do governo federal, o caso dos GECs parece mesmo tratar-se de uma estratégia econômica. A forma como a senhora negocia as verbas da educação com empresas e fundações, comprando programas e materiais de eficácia e qualidade duvidosas, combina com essa estratégia de conseguir mais repasses de verbas para a rede. Via de regra, os professores, aqueles que vão trabalhar com esses programas e materiais comprados dessas empresas e fundações, não são ouvidos sobre a sua pertinência e qualidade, e muito menos há uma equipe da SME avaliando ou dando algum parecer sobre eles. Aqui o famoso caso do Autonomia Carioca da Fundação Roberto Marinho é o grande destaque, tanto pelo custo dele para a prefeitura, quanto pela sua inadequação à realidade adolescente de nossos alunos. A SME não avaliou o programa e sua pertinência e aplicabilidade na rede. De acordo com a sua sub Helena Bomeny, em conversa comigo pelo Twitter no início de 2012, foi considerado apenas a indicação do MEC. Assim, as verbas que entram na rubrica da educação, a senhora acaba drenando para empresas privadas. Indo um pouco além, podemos avaliar a conveniência política de tais medidas. Ter a FRM como aliada representa a possibilidade de contar com o apoio das Organizações Globo, inflando e dando voz ao seu projeto privatizante da educação carioca, como é notório nos noticiários e programas da emissora e de suas empresas satélites. Com relação ao Plano de Cargos e Salários, promessa de campanha de Eduardo Paes no seu primeiro mandato, não basta a senhora vir agora de público reconhecer que há distorções. Pelas respostas que a senhora e a sua sub vêm dando aos professores desde os primeiros dias do sua gestão ( Estamos estudando uma proposta ), essas distorções já eram do conhecimento dessa administração. O que a senhora fez? Nada. Promoveu concursos de PII 40 sem se preocupar com a remuneração desse grupo que estava em flagrante ilegalidade. Explico: Em comparação com o PI, o PII com nível superior tem remuneração menor. Logo, mesma função, mesma formação, mesma carga horária, mesmo empregador, remuneração diferente. No entanto a senhora age como se nada tivesse a ver com o caso. Simplifica: São distorções. A senhora também nos menospreza, ao sentar em cima das reivindicações sobre o PCS e não apresentar estudo algum para a categoria durante quase cinco anos. Nossa categoria tem razões de sobra para olhar para a sua administração com desconfiança e desespero. Com relação à escola de turno único que a senhora diz querer implantar aqui na nossa cidade, a rigor, não conta com a oposição de nossa categoria, já que muitos de nós, são filhos de um proletariado urbano, que sabe o valor que a educação tem nas suas vidas. Porém, na sua visão de administradora e de uma pessoa que desconhece o que é uma equipe pedagógica de uma escola, como ela amadurece e nem conhece o seu dia a dia, as mudanças a serem implementadas para que essa escola de turno único se concretize, ultrapassam todos os limites. A senhora decidiu que iria remover os professores de 16h e 22h. Nas suas ações de remoção desses professores para colocação dos professores de 40 horas, fomos desterritorializados. Vimo-nos obrigados a deixar de conviver com pessoas com as quais dividíamos o trabalho há anos. Para a senhora somos apenas peças e números. “Vamos deixar 4 e tirar o resto”. Ao permanecermos numa mesma unidade, com o passar dos anos, criamos vínculos com essa comunidade, fazemos amigos, sentimo-nos parte dela e ela também nos abraça. Vemos isso quando circulamos pelo bairro e nossos ex-alunos correm para falar conosco. Isso não é uma fala piegas ou para criar um clima emotivo. Essa é uma questão pedagógica. Entrosar uma equipe de professores leva tempo, mas destruí-la basta uma caneta. Não, a senhora definitivamente não sabe o que é isso! Peço que a senhora veja o Portal Rio Educa. O Portal foi entrevistar a comunidade escolar da EM Joaquim Nabuco para saber dela a razão do seu sucesso. Fiquei curioso e descobri, está lá no Portal a entrevista, que a resposta para a pergunta sempre se referia à equipe. Não se falou por exemplo em tecnologia e nem na Educopedia. Era a equipe o que importava na fala de todos. Os alunos falavam do carinho dos professores, do clima de respeito entre a direção e os alunos. A senhora devia de ler essa matéria. Mas penso que não adiantaria muito. Suas observações sobre a Lei de 1/3 da carga horária dos professores para atividades chegam à beira do irracional. Tudo sobre essa lei é do seu conhecimento. A senhora não pode dizer que não a conhecia. A lei é do ano de 2008 e tinha prazo para ser aplicada até 2012. Na sua fala a senhora disse textualmente “Nos organizamos para cumprir essa lei de acordo com o nosso entendimento”. Eu diria que senhora não cumpriu a lei e a interpretou de acordo com a sua conveniência. A lei é um reconhecimento de que o professor é um profissional diferenciado. Ele precisa estar em contato com os seus parceiros de trabalho. Precisa de tempo para planejar aulas, corrigir e orientar trabalhos. A senhora diz reconhecer tudo isso. Porém, nós somos o que praticamos e não o que dissemos que somos. Diante da pressão para cumprir a carga horária de 1/3 de planejamento para os professores o que vimos foi uma manobra com os horários de merenda e intervalos. No meu caso, de acordo com entendimento que a senhora fez, eu cumpria 12 tempos de aula por semana mais 4 horas de atividades antes da lei e continuei a fazer os mesmos 12 tempos de aula semanais mais 4 horas de atividades depois da lei. Parecia mágica, mas isso tem outro nome, inconfessável. Seria muito elegante se a senhora tivesse ido para imprensa e dito que não havia recursos para implantar a lei e assumisse os riscos dessas declarações. Seria interessante vê-la correndo riscos como nós com a nossa greve estamos correndo, diante das suas ameaças ilegais de demissão dos profissionais em estágio probatório e do corte do ponto. Ainda sobre a lei de 1/3, se o CNE não regulamentasse o “entendimento” sobre esse horário estaríamos ainda hoje sob a farsa criada pela sua administração para ajustar a carga horária à “nova” lei. Como é sabido, essa lei deveria ser abraçada com alegria por aqueles que desejam realmente colocar a educação carioca e brasileira num patamar mais elevado. Ao contrário, nesse município rico onde nos últimos anos as receitas da prefeitura cresceram 65% e as despesas com pessoal apenas 32%, não se encontra espaço para investimento na educação. Quanto à Meritocracia implantada na rede, ela já se mostrou um engodo. Não premia nada. A senhora fala que ela é um desafio da escola com ela mesma. Não é. Nunca foi. A ideia de meritocracia é premiar quem trabalhou melhor, quem se dedicou e obteve bons resultados. Foi assim que ela foi apresentada por essa administração. Nessa última premiação o castelo de cartas que era essa política desmoronou quando escolas que eram consideradas pela sua administração como de excelência, ficaram de fora do prêmio. O que houve, senhora Cláudia Costin com essas escolas? Elas deixaram de ser competentes? Seus funcionários e sua equipe deixaram de ser produtivos? A falsa premiação representa uma quantia mensal bem menor que a do vale alimentação que é pago pela prefeitura. O objetivo dessa premiação não é premiar, ficou claro isso. Então temos de questionar qual seria a real intenção da senhora com esse “prêmio”? Desconfio que ele tem servido a nos convencer a adotarmos uma postura pacífica perante os absurdos da sua administração. Muito professor, na tentativa de buscar esse prêmio, acaba se submetendo, por pressão econômica e dos colegas , aos desmandos da sua administração. Alguns entusiasticamente e outros vão no tranco. Outras medidas da sua administração seguem a mesma lógica autoritária e ditatorial. À semelhança do nosso alcaide que trata o dinheiro público como se fosse seu (Ele foi motivo de piada nas redes sociais ao afirmar que pagaria qualquer quantia para um cineasta americano vir filmar no Rio.), a senhora trata a educação pública de nossa cidade de acordo com um olhar pessoal. Na sua fala “escolhemos o Inglês” deveria estar escrito “escolhi o Inglês”. Professores que lecionam Espanhol e Francês foram pegos de surpresa com essa medida. Como eles são “um restinho” não há nenhuma importância. É óbvio que o Inglês é uma língua comercial e importante na formação de nossos alunos. Porém, podíamos dizer que o Espanhol é a língua da integração latino americana e de suma importância também. A decisão já está no PCNs. A questão é que após a sua opção pelo Inglês a SME forma uma parceria com a Cultura Inglesa onde mais um monte de dinheiro público vai parar nas mãos de uma empresa privada. A alegação é que a Cultura Inglesa teria uma didática que daria conta de ensinar nossos alunos a falar Inglês. Sairíamos do verbo To Be finalmente. Mais uma vez a senhora trás uma solução de fora, compra material e consultoria de uma empresa privada sob a alegação de estar investindo em educação. Na verdade a senhora investiu na Cultura Inglesa. Investiu no Sangary. Investiu na Fundação Roberto Marinho. Investiu na Fundação Airton Senna. Investiu em gráficas. Investiu em empresas e não criou nada aqui na cidade. Quando a senhora se for da SME terá deixado um legado de terra arrasada. Nenhum protagonismo docente e escolas sem história. A ideia mais sem sentido pedagógico, no entanto, está na suposta unificação do currículo. É aceitável a ideia de um currículo básico, mas senhora acredita e confunde currículo básico com a obrigatoriedade ou possibilidade de uma rede caminhar de forma igual, todos no mesmo ritmo. Usando as mesmas apostilas e fazendo as mesmas provas. Crer nesse absurdo significa crer em cegonha e no coelhinho da páscoa. Essa escola é a escola do meu tempo de criança, quando todos usávamos o mesmo livro. Quem se lembra da Mágica do Saber e do Meu Companheirinho? Daí o igual absurdo das provas únicas às quais nossos alunos são submetidos. Agora o que me deixou realmente estarrecido foi a sua postura diante da gravidez das professoras. Acho que foi um ato falho. Escapuliu. A senhora colocou a culpa da falta de professor na rede por conta da gravidez das professoras. Temos de perguntar: quem tem de oferecer estratégia para suprir a falta de professores por licença não é administração, não acha? Senhora secretária, deixe de fazer ameaças ilegais e imorais aos professores em estágio probatório. Essa é uma atitude covarde que não combina com os dias atuais. O povo está nas ruas exigindo o fim do cinismo dos nossos governantes e administradores. Faça a coisa certa a ser feita agora: sente-se à mesa de negociação com a categoria e não coloque assessores sem condição de dialogar. Assuma os riscos e os desgastes que a sua função exige ao invés de se esconder sob alegações inexplicáveis. Carlos Azevedo* *Sou professor dessa prefeitura desde 1979. Comecei como professor primário ( Esse o verdadeiro generalista, com formação generalista). Depois de concluir o curso de História, prestei concurso para a disciplina e assumi a nova função. Participei da direção de duas escolas: EM Tóquio e EM Cientista Mário Kroef. Atualmente lotado na EM São Paulo e CIEP Graciliano Ramos.
Posted on: Sun, 25 Aug 2013 18:59:41 +0000

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