Após o grito do povo nas ruas, a nossa ilustre presidenta Dilma - TopicsExpress



          

Após o grito do povo nas ruas, a nossa ilustre presidenta Dilma correu a tentar apagar o fogo. Inicialmente, tentou uma constituinte, mas irritou o Congresso, um grupo muito forte. Voltou atrás, procurando outro bode expiatório e, como a população pedia mais saúde, achou mais fácil demonizar os médicos. Apresento, neste pequeno texto, minha humilde opinião a respeito deste fato. Como todos os meus amigos sabem, sou médico oftalmologista e, como a maioria dos médicos que conheço, esta “concorrência” não vai nos atingir, visto que a estrada já é longa e temos uma clientela formada. Várias pessoas acham que se trata de uma tentativa de reserva de mercado, que não queremos concorrência externa. Já disse, não me preocupo com isto. A minha preocupação abrange outros aspectos: 1 - Se, quando em férias, eu for a Jericoacoara, no Ceará, por exemplo. Após chegar a Fortaleza, são mais cinco horas e meia de ônibus (já fiz esta viagem). Se, neste trecho, eu tiver o azar de encontrar na contramão um daqueles motoristas bêbados ou com o veículo em péssimo estado de conservação (que não foi parado porque deu propina ao guarda ou porque normalmente não tem fiscalização)? Serei atendido por um médico cubano ou similar!! De que adianta ser cliente de plano de saúde privado, se numa hora destas sou levado para o primeiro Hospital que encontram e, lá, no lugar de um médico experiente - devidamente reconhecido pelo CRM local - estiver um cubano me esperando? Já fui médico legista no interior e me perguntei várias vezes: “como deixaram este cara morrer?”. Imaginem quando os cubanos vierem. 2 - Poderiam dizer que isto é um preconceito contra nossos Hermanos, mas o próprio governo noticiou que todos têm uma idade média de trinta e cinco anos e uma experiência de quinze anos. Ou seja, todos formaram com menos de vinte anos de idade!!!!!!!!! São mais inteligentes? NÃO, a carga horária do curso deles é que é bem menor. 3 - E será que, para os cubanos e outros médicos inabilitados pelo CRM, vai ter anestésico, fios de sutura, material estéril, antibióticos, exames complementares, e outros suportes médicos? Se afirmativo, por que não contratar os médicos brasileiros, que não se propõem a ir para o interior por absoluta falta de condições de trabalho? Os prefeitos fazem contrato de boca e não pagam o que prometem; e se recusam a fazer qualquer contrato escrito. E ainda querem proibir os médicos de atender pacientes “da oposição”. Como querer que um profissional vá para uma cidade do interior levando a mulher, filhos, cachorro, papagaio para, pouco tempo depois, ser demitido sem nenhum dos direitos trabalhistas que todos os outros profissionais têm? Se chega um fiscal do trabalho em meu consultório e não tenho comprovante de que dei um simples vale-transporte a minhas secretárias, sou multado. Quando um fiscal do trabalho multou um prefeito? Há pouco tempo, em minha querida Lagoa da Prata, o então prefeito Divino (somente no nome) incitou familiares de pacientes a entrarem no hospital e agredirem os médicos. No lugar de se responsabilizar por algum contratempo, colocou os médicos na linha de tiro. Ora, se ele mesmo contratou os médicos... Atitude um pouco estranha, não? 4 - Há quem alegue que é melhor ter um médico ruim que não ter nenhum. Outro equivoco: há alguns anos, um deputado federal apresentou um projeto de lei em que se regularizava a situação de centenas de dentistas práticos que grassavam nas regiões norte e nordeste do país, com a desculpa que faltavam dentistas para esta população mais isolada. O projeto teve como relator o ilustre então deputado federal Rafael Guerra, ex-diretor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais que, em seu parecer rejeitando o projeto, explicou que não faltavam dentistas para atender esta população, mas tão somente vontade política para contratação de dentistas com curso superior e compra de material adequado para o atendimento. Concluiu dizendo que, se aprovado tal projeto, estaria se criando duas castas de brasileiros: aqueles de centros maiores, com atendimento odontológico adequado; e aqueles dos rincões brasileiros, legalmente abandonados à sorte, para serem atendidos pelos “práticos”. 5 – A burocracia de se inscrever no Conselho Regional: os conselhos regionais foram criados para proteger a população, ao normatizar e fiscalizar o ético exercício da profissão. Existem vários conselhos, para quase todas as profissões: médicos, enfermeiros, contadores, engenheiros, etc. Os advogados têm a Ordem dos Advogados do Brasil, que aplica teste para os formandos em direito terem o direito de exercerem a advocacia. Menos de dez por cento dos candidatos são aprovados neste “Exame da Ordem”. Imaginem se a Presidenta, em razão da “falta de defensores públicos” (ou qualquer outra desculpa), resolver lançar o “Mais Advogados”? Ou o “Mais Engenheiros”? 6- Algum de vocês teria a coragem de se consultar, sem ser num caso de urgência como o descrito acima, com um médico cubano ou similar? Se não, por que os moradores de regiões mais distantes ou das periferias devem ser atendidos por eles, como uma casta menos favorecida conforme as sábias palavras do Dr. Rafael Guerra? Pensem no assunto.
Posted on: Tue, 27 Aug 2013 02:23:47 +0000

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