Aquele que não crê na mudança do outro é aquele que não - TopicsExpress



          

Aquele que não crê na mudança do outro é aquele que não permite a mudança do outro. Permita-se permitir mudança. Permita-se quem permite mudança. Permita tanto quem crê na mudança que nada é senão permitir permissão. Permita-se ser aquele que tu permite te ser. Em algum momento da história, o trauma da crença, projetada em assustadores seres transcendentes, nos proibiu de crer em nós mesmos. Nos proibiu de crer até mesmo no imanente. Pasmem. Não cremos em mais nada e aí reside nossa mediocridade. Quanto mais distante a meta, menos há impossível. A prova científica do possível, que celebramos como permissão para sermos, já existe em nós. Sabemos, sentimos... Ouvimos falar dela em antigos textos ou vozes distantes que preferimos categorizar como malucas ou fora da casinha enfim. Aguardar permissão para ser é ora medo ora prisão, não é mesmo? Travamos nossa possibilidade de infinito por paixão por aquele mísero momento de pertença material no outro. E como dói não poder ir adiante ou ir adiante e não ter a legitimação de um mundo que venera a zona de conforto... Dói tanto, que a resignação nem é com relação a um suposto sistema social, é com relação a nós mesmos. Fomos podados não diretamente, não por uma voz paterna castradora, mas sim – e veja bem – fomos podados pela nossa necessidade de legitimação, de permissão do outro para sermos maravilhosamente ousados, apaixonados, loucos de irmos além. Mais ainda, como sempre, atrelamos a legitimação a nomes específicos. A mãe, o pai, o amiguinho apavorado pela vida, o chefe, o grupinho que desenha nossos locais, itinerários, conversas, nossas agendas existenciais que nos passam essa bela ideia de base concreta, essa prova científica de que existimos – e que é, ao mesmo tempo, nossa prisão. Ah, mas que paradoxo mais sofrível, não é mesmo? E adivinha se fora da casinha não é precisamente fora da zona de conforto? Que maravilha! E sabe o chutar o balde que tanto fazemos nos fins-de-semana, em festas regadas a substâncias externas que nos permitem tanto, mas tanto, sermos tudo aquilo que freamos nos odiosos dias úteis? E se aprendêssemos a ouvir o que estes eventos nos dizem essencialmente? E se fôssemos o chutar o balde pela permissão maior, o de sermos essas criaturas apaixonadas, dançantes, livres, tão livres, para serem apenas livres e mais e mais livres? O que aconteceria se permitíssemos deixar partir o que nos prende? O que aconteceria se nos despedíssemos dos nomes, formas, títulos, documentos que comprovam nossa existência numa zona de conforto tão fofinha e tão, tão prisional? O que existe para além da zona de conforto que nos assusta tanto? Será que o jardim descrito pelos libertos é tão horrível assim? O que aconteceria se nos permitíssemos nos plantar no solo mais fértil sem seguir os manuais das indústrias que manipulam a cor, a forma, o tempo da fruta? Nasceríamos livres. Sem sabermos quando, como ou onde. Nasceríamos e, assim, viveríamos
Posted on: Thu, 18 Jul 2013 11:56:05 +0000

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