Atira primeiro e pergunta depois! Eu não queria falar desta - TopicsExpress



          

Atira primeiro e pergunta depois! Eu não queria falar desta merda... Há muito tempo eu venho me omitindo pra evitar atritos até com pessoas de quem eu gosto, mas hoje por ter expressado de leve minha opinião no post de um amigo, tomei um coice de um babaca racista e preconceituoso. Devolvi na mesma moeda, mas com muito mais consistência, como é esperado por quem me conhece. Como nós somos dados a discussões rasas e sem responsabilidade na rede social, resolvi hoje gastar um tempinho a mais para entrar na briga da violenta divergência de opiniões sobre segurança pública. Foda-se a polêmica. Cena 1: Há poucos meses foi noticiado em todos os grandes meios a ação da polícia, numa noite qualquer, no bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo, que terminou com a morte de um homem de classe média alta que voltava para casa em seu carro e misteriosamente desobedeceu à ordem de parada dos policiais. Na época os policiais alegaram que embora o sujeito não estivesse armado e nem tenha feito nenhum gesto ameaçador que justificasse que o crivassem de balas, lamentavelmente a culpada por esta fatalidade teria sido a escuridão que predomina em bairros largamente arborizados como Alto de Pinheiros, Lapa e outros da zona oeste. Cena 2: Diadema, Grande São Paulo. Final dos anos 80. Uma Veraneio Vascaína corta uma estreita rua do bairro da Vila Nogueira e nela quatro policiais militares com cotovelos escorados nas portas vão encarando intimidativamente os moradores do local enquanto a viatura avança. Uma mãe que conversa com a vizinha no portão de casa, nota que seu filho que tem cerca de 7 anos está observando inocentemente a progressão da citada viatura e rapidamente o repreende mandando ele não olhar para a polícia e explicando a seguir que ele nunca deve fazer isto, nunca pode olhar nos olhos dos policiais. Essa criança era eu, e começou aí a minha incompreensão dos motivos pelos quais eu deveria temer a polícia e assim, enquanto criança eu temia a polícia. Até então eu tinha como referência os policiais da TV, dos seriados americanos, em que eles eram heróis e amigos das pessoas boas. Foi chocante ouvir meus parentes dizerem que a polícia torturava e matava pessoas inocentes e que qualquer um poderia ser vítima deles, até mesmo o meu pai. Cena 3: Grajaú, bairro periférico e densamente povoado da zona sul de são Paulo. Por volta da meia-noite de um dia frio, um estudante de 19 anos volta para casa, finalizando sua maratona diária que começava as 5 horas da manhã, e incluía o emprego de auxiliar administrativo em um escritório do centro de São Paulo e a faculdade de educação física na qual cursava o terceiro semestre e era o orgulho da família por ser o primeiro deles a se tornar universitário. O estudante é repentinamente baleado pelas costas e cai de rosto virado para o chão, antes que pudesse se mexer ou dizer qualquer palavra, recebe uma saraivada de disparos que atingem da coluna à nuca causando morte instantânea. Ele acabara de morrer num mal explicado acerto de contas com a polícia militar que posteriormente, quando o revistou percebeu o engano que cometera e rapidamente plantou drogas e até mesmo uma arma na cena do crime, alegando que ele seria um traficante local que teria recebido a tiros a polícia que tentou abordá-lo. Desta vez a história absurda não colou e os policiais foram indiciados pela execução graças a moradores que testemunharam o fato e heroicamente tiveram a coragem de enfrentar o poder público. Conclusão: O medo que os pobres no Brasil tem da polícia é incutido muitas vezes pela própria família e de forma didática, como foi o meu caso. Mas ele é mais justificado pelas próprias experiências que os moradores de periferias acumulam ao longo de suas vidas oprimidas e amedrontadas pelos agentes da lei. Evidente que existem policiais que fazem seu trabalho honestamente, mas estes não podem ser chamados de bons policiais como se costuma fazer por aqui. Eles são meramente policiais profissionais que fazem aquilo que são pagos para fazer. A grosso modo, para citar só a polícia militar paulista, eles são sim despreparados pois é só analisar os índices de homicídios justificados, praticados pela polícia, que por falta de treinamento adequado e equilíbrio emocional é rapidinha no gatilho e provoca mortes de suspeitos que muitas vezes nem armados estavam, ou sequer eram bandidos ou nem tinham passagem. Há casos inclusive em que numa abordagem rotineira, um dos policiais dispara acidentalmente sua arma contra a cabeça ou peito do cidadão que estão para revistar, causando sua morte. Quem, assim como eu, já teve o desprazer de ser abordado pela polícia com todas as armas engatilhadas e apontas em direção ao seu peito e cabeça, sabe muito bem como é tênue a linha entre sua vida produtiva e a morte banal nas mão dos agentes de segurança pública. Eu não sou contra os policiais que cumprem bem o seu papel, apenas não concordo com a truculência e o poder de Deus que parte da própria população confere a estes. Aí vão vir dizer que a polícia ganha pouco, que trabalha com medo e etc. Mas seus problemas de classe trabalhadora são muito semelhantes aos de todos os pobres afetados pela bruta desigualdade e injustiça social brasileira. Sou favorável ao policial que defendeu o cidadão que estava prestes a ter sua moto levada por dois infelizes. Naquela situação, já que ele resolveu agir, parecia não haver outra alternativa que não fosse atirar mesmo. Mas os expectadores da notícia que postam seus comentários exaltando a violência policial podem ter acertado em endossar a ação policial dessa vez, porém, eles clamam e idolatram a violência policial em qualquer situação mesmo sem saber se a história verdadeira condiz com a versão apontada pela polícia. E no tempo dos preguiçosos que compartilham sem ler e sem pesquisar do que se trata cada caso, a idolatria aos assassinos frios, é cada dia maior. Eu compreendo os ricos, herdeiros dos históricos ladrões de terra e aproveitadores de toda espécie dos quais o Brasil foi berço esplêndido desde seu início. Compreendo que eles odeiem os pobres com seus carros populares travando as ruas, e suas crianças mal vestidas que ouvem funk sem fones nos celulares e em sua ótica, podem a qualquer momento lhes fazer vítimas de assalto. A desigualdade social é fruto das políticas elitistas de rapinagem e excludência dos mais fracos e gera mais e mais violência. O que eu não compreendo é o pobre, sofredor e burro que apoia a violência e opressão do Estado contra os humildes, estes sim não tem desculpas e parecem merecer para si o mal que desejam a seu próximo, pois cada um de vocês que idolatra pobre que mata pobre, tem sangue nas mãos e puxa o gatilho junto com a polícia. Mas sabe, queira Deus ou a sorte, dependendo da sua crença, que ninguém da sua família se torne vítima dos erros e más intenções da polícia. Pois num panorama em que esses fascistas fossem jogados na merda por seus representantes que atiram primeiro e perguntam depois, a quem recorreriam? A quem culpariam pela tragédia que os aflige? Tem muita gente por aí se esquecendo que tem filhos e família nas ruas sob a mira de bandidos, fardados ou não. E olha que nem falei da corrupção policial... só da maldade e despreparo... obrigado por ler meu ponto de vista.
Posted on: Sun, 27 Oct 2013 23:19:20 +0000

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