CALMARAIA E TEMPESTADE.... Os ventos que movem as usinas eólicas - TopicsExpress



          

CALMARAIA E TEMPESTADE.... Os ventos que movem as usinas eólicas não as sujeitam às calmarias que retardavam as caravelas dos tempos do Descobrimento. Às vezes param totalmente de soprar. Mas é raro. Outras vezes, como nas tempestades, são intensos demais. O que é ruim. Mas as aeroturbinas, como são chamadas, estão preparadas para as variações. Equipamentos como o anemómetro mudam o ângulo das pás de acordo com as situação. Para começar a se mover, as pás precisam de vento de 2,5 m/s de velocidade. É pouco vento, mas cada uma das três pás da turbina foca toda aberta, de modo aproveitar tudo o que chega. Aos 12 m/s atinge o ponto ideal: 38,5 rotações por minuto (rpm), com geração de 500 KW/h. SE o vento fica mais forte do que 12 m/s, muda-se o ângulo das pás: elas vão sendo fechadas, o que faz com que uma parte do vento passe direto por elas e se perca. Com isso, as 38,5 rpm são mantidas. Mas se a velocidade do vento aumenta muito, passa de 25 m/s numa tempestade, chegam a 90 quilômetros por hora – as pás são “embandeiradas”. Ficam num ângulo morto, inteiramente fechadas. O vento não pode movê-las: passa direto por elas. Quando tudo termina e a velocidade do vento volta para os 25 m/s, as pás retornam ao ângulo produtivo. Voltam a girar e a produzir energia. Tudo, automaticamente. Não é incomum que, num mesmo dia, se chegue aos dois extremos: calmaria e tempestades. Outra situação é que o ventos mudam de direção. Neste caso, um aparelho instalado no gerador faz com que se mova com as pás voltadas para o rumo em que o vento está chegando. CATA-VENTO FUTURISTA... A energia produzida pelos geradores de Palmas é passada à rede interligada que abastece o País. As Centrais Eólicas do Paraná, que a geram, nasceu da associação entre a empresa que fabrica as usinas, a Wobben Windpower, de Sorocaba, interior de São Paulo, e a estatal Copel, Companhia Paranaense de Eletricidade . A Wobben é subsidiária da alemã Enercom. A vantagem da energia eólica é que a matéria-prima é oferecida gratuitamente pela Natureza. Não polui nem causa grande impacto ambiental, como ocorre com as hidrelétricas e seus lagos que inundam extensa áreas. O que se vê, nas centrais eólicas de Palmas, são os cinco gigantescos cata-ventos metálicos, futuristas, contrastando com um cenário bucólico. Uma casa com varanda é a sede. Às vezes, o gado pasta à sombra das torres. O terreno é parte do pasto de uma fazenda, alugado. Na casa, durante toda a semana, está Sérgio Benke, um paranaense filho de gaúchos, que gosta de chimarrão. Na sal há um fogão a lenha, de ferro, que serve como aquecedor. Ao lado, uma cadeira de balanço coberta por um pelego. Esta é a sala de reuniões e também de estar, já que Benke mora na casa. VISITA DA NEVE... Em outra sala, a de trabalho, Benke, um técnico especializado, recebe a cada momento informações sobre o funcionamento dos geradores. Na segunda-feira, dia 2, às 18h06, os cinco geradores produziam 1,250 MW/h. A velocidade média do vento era de 9,5 m/s. Temperatura, 10,5 graus. Pelo computador, Benke mantém-se em contato permanente com a fábrica de Sorocaba. Ele e um porteiro são os únicos funcionários do lugar. Às vezes têm um espetáculo inesperado: a neve. No ano passado aconteceu, caiu para 12 graus negativos. ORGULHO DAS USINAS. MAS NENHUM LUCRO... Por um momento, Palmas achou que era a cidade eleita pelos céus. No inverno, a natureza oferece o espetáculo da neve. Agora descobria que dispunha também de tanto vento, que ele moveria cinco turbinas e energia elétrica. Ninguém mais, em Palmas, pagaria pela luz e força, e seriam felizes para sempre. A ilusão de muitos dos moradores se desfez. Logo souberam que a energia das cinco usinas iria para a rede interligada que abastece o País. No máximo, sobrou algum ICMS, o imposto sobre a circulação de mercadorias, que aumenta a receita do município. Mas é tão pouco, que ninguém, na Prefeitura, tem números à mão. A cidade, no entanto, gostou do presente. Uma visita à área onde estão os geradores a ser programa de fim de semana. Na verdade, não só dos moradores. O relações-públicas da prefeitura, Marco Antônio Gomes, diz que vem gente dos países vizinhos, do Paraguai, do Uruguai e Argentina, para ver as usinas, pás sempre girando sobre as torres de 40 metros de altura. Palmas, 35 mil habitantes, está no sul do Paraná, na divisa com Santa Catarina. Na semana passada, dois ônibus com 90 estudantes da Universidade Estadual de Londrina, no norte do Estado, chegaram à cidade para uma visita às usinas. “Toda semana vem uma excursão”, diz o relações-públicas. EXTRA-TERRESTRE... No primeiro momento, a presença das usinas causou acidentes de trânsito. Elas estão à margem de uma rodovia, a 30 quilômetros de centro. À noite, são iluminadas. Ganham um certo aspecto extra-terrestre. Muitos motorista se assustaram, ao dar com elas. Outros, apenas se espantaram muito – e descuidaram do volante. Hoje, placas `beira da estrada indicam a proximidade das usinas. E orientam os motoristas, interessados em admirá-las, a estacionar em um mirante especialmente aberto à beira da estrada. Dois funcionários de um órgão que vigia as fronteiras do País, contra a febre aftosa, desceram do carro em que viajavam, máquina fotográfica em punho. “quero que meus filhos vejam isso”, disse Luiz Fernando Concer. Palmas alcança 1.400 metros de altitude (Campos de Jordão tem 1.628, mas fica no Sudeste, região menos fria). Como se viu, é segundo município mais frio do País. O frio que dura oito meses é outra atração da cidade. Uma filha da cidade, Aurora Mendes dos Santos, 77 anos, não se surpreendeu tanto com as usinas movidas a vento. Lembra que em sua inf6ancia na fazenda de seu pai, um cata-vento alimentava um gerador. Sã imagens distantes, difusas. “Tínhamos energia elétrica própria.” Mas lembra-se ainda mais claramente, de como ela e os seis irmãos viviam agasalhados. “Sempre fez muito frio e ventou muito aqui.” O vice-prefeito, Francisco Puton, não ficou só na contemplação. Fundou uma empresa, a Chico Eletro, e foi contratado para instalar a rede que recebe a energia gerada pelas usinas. Palmas produz madeira (exporta compensado) e maçãs, mas Puton está empolgado com as novas perspectivas. “O que temos aqui não é uma jazida de vento, é de ouro!” Está seguro de que as usinas “vão proliferar”, com o que sua empresa pode ir de vento em popa.
Posted on: Wed, 31 Jul 2013 22:25:58 +0000

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