De Olavo de Carvalho Não sei se toda a análise do Carlos Reis - TopicsExpress



          

De Olavo de Carvalho Não sei se toda a análise do Carlos Reis está certa, mas uma coisa é inegável: o silêncio sobre a questão do aborto foi obsceno. O Papa poderia ter tentado ao menos mudar o curso das coisas, mas NÃO QUIS. Em todo caso, e a despeito desse episódio em particular, sempre considerei que essas lutas parcelares, baseadas seja em pontos específicos da moralidade cristã, seja em interesses grupais legítimos ou ilegítimos, são absolutamente inúteis e destinadas ao fracasso, principalmente quando se voltam ao esforço de bloquear ou mudar certos projetos de lei específicos, evitando ou contornando a questão central, que é a do PODER. Essas lutas são boas numa democracia normal, onde as regras gerais do jogo são estáveis e só resta resolver pontos de detalhe -- uma lei, um projeto de orçamento, um programa social, etc. No Brasil essa estabilidade normativa não existe, não há ordem constitucional nem legal, há apenas o arbítrio do poder central com o Foro de São Paulo por trás. O que tem de ser combatido não é portanto este ou aquele projeto, este ou aquele programa, mas o sistema inteiro do poder petista-comunista. Por mais respeitáveis que determinadas causas parcelares sejam em teoria, todo esforço dedicado a elas, se desligado de uma estratégia geral anticomunista, é perda de tempo e gasto vão de energia. Reflete apenas a falta de consciência política de grupos que se apegam a detalhes por serem covardes ou estúpidos demais para enxergar o quadro geral e lutar na escala maior. Alguns desses grupos, especialmente religiosos, são culpados daquele misto de orgulho e pusilanimidade em que o sujeito se faz de superior à briga na qual tem medo de entrar. Com Papa ou sem Papa, a causa abortista, como a causa antigayzista, ou anti-reservas indígenas, ou anti qualquer outro empreendimento governista em particular, nunca teve chance, justamente por tentar roer pelas beiradas para não ter de tocar no coração do problema. O próprio fato de os grupos de oposição se limitarem a causas específicas e evitarem a luta essencial já é, ele próprio, sintoma e parte integrante da hegemonia comunista, que destitui os adversários do direito e da possibilidade de ter um discurso ideológico próprio, reservando-lhes o escaninho menor das reivindicações de detalhe. Esses adversários caem como patos, apegando-se aos seus discursos parciais e até se orgulhando de ser "apolíticos" ou (ilusão mortal) suprapolíticos. Se os comunistas estão no poder, entrar numa disputa parlamentar com eles, sobre este ou aquele ponto em particular, resulta simplesmente em legitimá-los e consolidá-los no poder, de modo que qualquer vitória específica que você obtenha contra eles hoje será sempre neutralizada amanhã ou depois. Digo isso há pelo menos quinze anos, mas os militares não me ouvem porque sou civil, os protestantes porque sou católico, os católicos porque acham que não sou tão católico quanto eles, os burgueses porque não sou gente fina como eles, e assim por diante. Cada um se apega a pretextos levianos oriundos do puro orgulho grupal para recusar conselhos certos e bem fundamentados. Quantas derrotas ainda terão de sofrer para compreender o óbvio?
Posted on: Tue, 06 Aug 2013 20:08:23 +0000

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