Deparo-me, no 3º período do Curso de Direito, com meu grande - TopicsExpress



          

Deparo-me, no 3º período do Curso de Direito, com meu grande desinteresse e descompromisso com as matérias da graduação. Sinto-me culpada, irresponsável. Paro pra refletir sobre as minhas aulas. Tenho uma sensação de sufoco, de alienação. Não só pela grade curricular, que coloca Direito Civil do 2º período até o 9º período, oposto do Direito Constitucional, que está só do 2º ao 4º período e mais distante ainda da inexiste matéria de Direitos Humanos. Sinto-me sufocada principalmente pelas aulas decepcionantes, principalmente das matérias que deveriam demonstrar toda dicotomia entre o Direito das leis e o Direito real. Já tive 18 professores e posso dizer que só 4 me trouxeram verdadeiramente conhecimento, só 4 me ensinaram algo sobre Direito. Numa roda de conversa, discutíamos como deve ser a Universidade. Um amigo disse: “Universidade deve ser vanguarda”. Deveríamos ser a vanguarda. Nós, do “melhor curso de Direito do País”, deveríamos ser a vanguarda, repensar o Direito, destruir estruturas, quebrar muros, quebrar tabus. A vanguarda. Inovar. Estar à frente. E estar à frente do Direito, é mais fácil do que se imagina, porque não é pensar futuristamente, a inovação no Direito se dá quando começamos a olhar pro lado de fora da janela. Nessa conversava, comentavam: “Faço a matéria de Direito Internacional e nunca foi citado o conflito da Síria”. “Estudamos propriedade em Civil, mas nunca verdadeiramente o Direito à propriedade”. “Estudamos todos os Direitos Fundamentais, mas quase nunca debatemos nenhum deles, nunca foi falado nada de como eles são desrespeitados todos os dias”. A Constituição é belíssima, mas, infelizmente, é só um papel. E o Direito com isso? Pelas minhas aulas... nada. Só o que vejo são aulas e mais aulas de leituras de códigos, nada de novo, nada diferente de um “cursinho”. Decorar, decorar, decorar. Sinto essa alienação limitando meu pensamento, limitando minha mente. É desesperador estar numa faculdade onde os bons professores são aqueles que vão às aulas pra ler os códigos e nos obrigar a decorar a matéria, porque a muitos professores mal dão aula. E os ruins são aqueles que dizem que “filho de pobre não entra na Universidade porque burrice é genética”, “não houve Ditadura no Brasil, o que houve foi uma caça justa aos comunistas”, “gays e mulheres são diferentes de homens, por isso devem ter direitos diferentes”. O que me abre os olhos e o que me incentiva a ir pra aquele prédio velho são as atividades fora da sala de aula e alguns raríssimos professores (muito obrigada a vocês, vocês sempre terão minha admiração e meu respeito). CAAP, AJUP, grupos de estudo, os outros grupos de extensão e uma pequena parte dos professores me mostram Outro Direito. Mostram-me outra realidade, onde o Direito não é a leitura de leis, o Direito é o que não existe, é usurpação, é luta, é construção, é mesmo achado na rua. Somos “vetusta”, somos “coisa velha”, orgulhamo-nos da tradição, nos isolamos em nosso prédio. E esquecemos de ser vanguarda. E a vida lá fora continua. A (in)justiça continua.
Posted on: Tue, 01 Oct 2013 22:51:43 +0000

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