Desde Dobris a aurora Pablo Neruda Em Dobris, junto a - TopicsExpress



          

Desde Dobris a aurora Pablo Neruda Em Dobris, junto a Praga, conversando com Jorge Amado, meu companheiro de anos e de lutas: De onde vens agora? Eu, dos largos rios da Guatemala e México, do fulgor verde do rio Doce, adentro. Levava fogo de aves selvagens, orvalho de foz. Contei-lhe meus caminhos. Ele regressava da Bulgária, trazia luz de roseiras vermelhas no peito, e contou-me as coisas, os homens, as empresas, o socialismo em marcha naquela terra eriçada, agora construtora. Era tarde, as brasas ardiam na lareira de pedra. Fora o vento removia sussurrando as folhas das faias. Juntos peregrinamos, perseguidos, e eis que aqui a paz nos reunia. Tínhamos pão, luz, fogo, terra, castelo. Não eram só nossos, eram de todos. Não queríamos falar. O vento falava por nós. Estendia-se no bosque, voava com as folhas desprendidas. O vento ia ensinando, cantando o que nós éramos, éramos e tínhamos. A claridade terrestre nos rodeava. Solene era o silêncio. Longos haviam sido os caminhos. E a aurora batia as janelas de novo para ir conosco pelo mundo. As Uvas e o Vento – Pablo Neruda Tradução de Carlos Nejar L&PM Editores, 2004
Posted on: Sat, 27 Jul 2013 02:23:47 +0000

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