Dialogo 80º Após alguns dias os boatos corriam por toda Jerusalém, os nativos espalhavam por todos os cantos sobre vinte Cavaleiros Templários massacrarem oitenta guerrilheiros muçulmanos no campo de batalha, essas noticias trouxeram medo ao coração inimigo. Tivemos um bom tempo de trégua, sem ataques, sejam eles ataques coletivos ou isolados... Lady RedFord não desgrudava mais de mim, era visível que estava apaixonada, tentei explicar-lhe por diversas vezes que apenas fui justo no grande salão, faria o mesmo por qualquer outra pessoa, mas ela estava obstinada em conquistar meu coração. Eu, meu Velho Irmão e Lady RedFord estávamos sempre buscando novas trilhas, cavernas, em busca de relíquias e artefatos sagrados, nesse meio tempo dominei todos os caminhos que formavam a Terra Santa, já conhecia aquelas terras muito melhor do que irmãos que estavam a anos ali... O regresso daquela batalha infernal trouxe uma posição de mais respeito tanto pelos irmãos que já residiam o Templo de Salomão, quanto pelos próprios nativos da região, todos falavam do Lobo Templário e seu Velho Irmão Templário. Com isso conquistei novas amizades entre o povo da região, aprendi seu dialeto, estudei seus hábitos e costumes, parecia que finalmente a Terra Santa estava me recebendo como seu filho. Numa dessas explorações e andanças nós encontramos no cume de uma montanha uma fenda profunda que descia por seu núcleo, era algo fascinante, sempre estive no cume de montanhas, mas entrar literalmente em seu interior seria a primeira vez. Por alguns dias nós estudamos as possibilidades de descida, o grande buraco negro aprofundava-se mais de 100 metros, embora não o fosse parecia muito um grande vulcão inativo. Olhando de cima para baixo conseguia-se ver cerca de uns trinta metros apenas, depois tudo era escuridão... Quando achei que tinha conseguido os equipamentos necessários, nós voltamos para aquela montanha com o proposito de desvendar seus mistérios, consegui uma corda de 150 metros, uma extra de 60 metros, adaptei uma espécie de capacete com uma luminária de fogo na parte frontal, um ferreiro conhecido ajudou-me a forjar um equipamento de freio para longas descidas. Nunca ninguém havia estado ali antes, portanto precisava ser cauteloso, não se sabia o que poderia encontrar lá embaixo, resolvi descer sozinho, mesmo contra a vontade de Lady RedFord e meu Velho Irmão, convenci-os de que seriam mais útil no topo caso algo desse errado poderiam me puxar de volta rapidamente, por fim eles acabaram por concordar que essa era a melhor ideia. Era um momento muito importante para nós três, não tínhamos encontrado aquela fenda no cume daquela montanha por acaso, estávamos seguindo uma serie de pistas por vários dias, uma serie de descobertas que acabaram por nos levar exatamente naquele ponto no alto daquela montanha. Não sabíamos se encontraríamos algum artefato nas profundezas daquele abismo negro, mas tudo indicava que aquele era o caminho pelo qual pesquisamos durante dias e noites... Durante escavações em outras fendas e cavernas, encontramos diversos artefatos, manuscritos e relíquias de grande valor histórico para Ordem, contudo nós encontramos um ponto de partida para algo bem maior, se conseguíssemos o que estávamos procurando, mudaria por completo a história da humanidade. Sobre essa pesquisa em especial apenas quatro pessoas tinham o conhecimento, eu, meu Velho Irmão, Lady RedFord e o Grão Mestre do Templo. E lá estávamos nós três, prestes a desvendar algo que pesquisamos por muito tempo, confesso que não era um apreciador de lugares confinados, não conseguíamos ver o fundo do abismo devido à escuridão que habitava aquela imensa fenda inóspita. Fizemos vários cálculos para saber aproximadamente qual era a profundidade, algumas contas básicas jogando algumas pedras de pesos variados e concluímos que mesmo sem vermos o fundo não tinha mais do que 100 metros de profundidade, o que já era um desafio por si só... Um simples erro poderia custar-me a vida! Era uma manhã cujo céu límpido dava uma visão privilegiada lá de cima olhei ao redor deixando meus olhos perderem-se na vastidão da Terra Santa, estava atrelado ao equipamento de descida, com os pés na beira do precipício negro, Lady RedFord não conseguia esconder a preocupação de me perder para sempre, tanto ela quanto meu Velho Irmão desejaram-me boa sorte, eu respirei profundamente e disse aos dois: “Vemo-nos em breve, fiquem tranquilos”. FlavioK2 – Lobo Bárbaro Poeta
Posted on: Sat, 21 Sep 2013 03:19:20 +0000
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