Ela só sabia amar Em um relacionamento nunca haverá um ponto - TopicsExpress



          

Ela só sabia amar Em um relacionamento nunca haverá um ponto de equilíbrio. Uma igualdade árdua em ambos os lados. Não estou dizendo que um gosta mais do que o outro e sempre é assim. Há o momento. Em casais de afetividades expressas, companheirismo, entendimento de escolhas dos restaurantes, infantilidade na beirada da calçada, cervejas entornadas nas roupas, chocolate derretido nos rostos, filmes divididos O momento é contundente com a realidade. Intensidade igual, momento de desflorar diferente. Alguns nasceram apenas para amar e não sabem ser amados. Esses não conseguem algo estável, duradouro. Cada amor uma história. Experiência ensinando experiência. Queria ser assim. Só saber amar. Engulo o amor oferecido na bandeja. Devoro-o sem talheres. Engasgo com a pressa. Mal-estar devido à azia de ansiedade de comê-lo. Cansaço por abatimento à espera da procura. Gosto de ser acionado na noite. Ser acordado de madrugada por uma voz chorosa aos prantos. Confusão devido a soluços. Desespero que acolho com preocupação. Descubro o frio que passava a noite e me cubro com a dor do outro lado da linha. Alguém que procura o outro de madrugada é sinal de lembrança única. Na madrugada todos dormem. Juntam-se ao silêncio dos mortos. As ruas cheias de ventos, pois não há corpos para reterem a suavidade rápida e gemida. Se alguém me acorda é que me quer bem. Me desperta com o intuito de mostrar que não estou distante ou esquecido. Mostra o privilégio de ser o primeiro a despertar com a sua voz. Ninguém se faz de pé. Todos deitados. A pessoa tem o poder de escolha. Ela não encontra ninguém por acaso. Não esbarra na rua. Não entra na lanchonete e conversa com um conhecido. Ela decidiu quem é o mais digno de guardar sua insônia. Seu sono não é desperdiçado com qualquer um. Os outros nem ficam sabendo da traição. Amanhã é outro dia, estão em coma. Se me acordam, sorrio. Comemoro. Saio na rua e grito. Pulo na cama como criança. Aproveito o amor solitário de duas almas em comunicação silenciosa. Todos estão dormindo, esqueceu? Amor escondido e sussurrado. Mal consigo dormir depois. Espero o sol nascer para selar o segredo. Amor de madrugada é o mesmo que o escondido dos pais. Desafiador e necessita de precauções. Conheci uma menina que só sabia amar. Nunca deu espaço para o amor tentar convencê-la em descansar e se entregar. Ela distribuía flores nas ruas. Quando o coração batia mais alto tratava logo de apressar para amar esse amor. Nunca esperava que a amassem. Estava cheia de amor. Transbordava paixão. Não necessitava de mais. Tinha o suficiente para suprir a carência sua e a do escolhido. Precisava compartilhá-lo Era decepção em cima de decepção. Olhares desviados da sua atenção. Ela nem esperneava se eles desvairavam em outro rabo de saia. Amava por vontade própria e não se preocupava se o outro a amava. Se amasse, não daria certo. O amor anularia o amor. Ficariam em zero. Sem dívidas um com outro. Comprometimento não existiria. Não ia se comprometer com amor que do outro lado correspondesse. Gostava da indecisão. Caí na armadilha de amá-la. Fui pego. Quis mostrá-la como é bom ser amado. Desejado. Ter atenção mesmo quando não a necessitamos. Quando achamos que não precisamos de atenção, nos sentimos completos, é nesse momento que mais precisamos, para que não demos chance para a solidão começar a ferir. Ser procurado ao acabar de ir embora. Beijada através da virada logo após sua entrada no portão. Não está lá. Já entrou. Mas foi beijada sem saber. Rejeição de grandeza por parte dela. Sentimento mínimo extraído com facilidade. Rejeitou simplesmente por não conseguir aprender a ser amada. Frio. Desorientação em seguir reto. Enjoada e sem graça mordeu a língua e sorriu - "Beijos meu bem, vou amar". Apavorou na primeira vez ao ser amada. Até ela sabia que era amada. Por isso o fim. Descobri isso depois, bem depois. Talvez até soubesse, mas não quis falar com medo dela ir embora, se assustar. Ela se foi do mesmo jeito, e eu não falei. Ela voltou a ser como antes. A sofrer como antes. A procurar como antes e apostar suas fichas na incerteza. Reencontrou a mesmice. Por um tempo viveu no diferente. Tentou burlar a regularidade da vida que mostrou que para ser irregular é preciso ter coragem para se surpreender com cada momento incerto. Tentar adivinhar o que viria depois. Nunca sabíamos. Poderia ser qualquer coisa, certa ou errada, porém sincera. Ela voltou a amar. Desejou não ser amada. Adaptar requer tempo. Não mudamos de uma hora para outra. Hoje descobri que só sei amar.
Posted on: Fri, 16 Aug 2013 21:50:18 +0000

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