Em abril deste ano, a jovem Anne Paiva, secretária da empresa - TopicsExpress



          

Em abril deste ano, a jovem Anne Paiva, secretária da empresa Part­ners, que detém contrato de assessoria de imprensa com o Ministério da Fazenda, dirigiu-se à agência do Banco do Brasil onde mantém sua conta bancária, na cidade de Sobradinho, nos arredores de Brasília. Contratada pela Partners desde janeiro, Anne cuidava das tarefas burocráticas da empresa na capital: atendia telefonemas, pagava contas, encaminhava documentos para os clientes. Ganhava R$ 1.300 por mês. Naquele dia de abril, disse Anne a ÉPOCA, ela sacou em dinheiro vivo, da mesma conta em que recebia seu salário, R$ 20 mil que haviam sido transferidos pela Partners de outra conta no Banco do Brasil – a conta em que o Ministério da Fazenda deposita, todo mês, o que deve à empresa. Anne afirma que acomodou o dinheiro num envelope, atravessou a cidade e subiu ao 5º andar do Ministério da Fazenda. Segundo seu relato, Anne encontrou quem procurava numa sala ampla próxima ao gabinete de Guido Mantega: o economista Marcelo Fiche, chefe de gabinete de Mantega e, hoje, segundo homem mais poderoso da Pasta. Entregou-lhe o envelope, como se fosse um simples documento. De acordo com Anne, Fiche não conferiu o conteúdo do envelope. Apenas sorriu e agradeceu. Enquanto Alencar sancionava as prestações de contas fraudulentas da Partners, o diretor Vivaldo determinava, segundo Anne, o pagamento das propinas. Depois da primeira entrega de R$ 20 mil a Fiche, em abril, Anne disse que o pagamento seguinte, também a Fiche e igualmente feito ao lado do gabinete do ministro, ocorreu logo depois. No dia 14 de maio, a Partners depositou mais R$ 10 mil na conta de Anne. Num e-mail preenchido com “suprimento” no campo do assunto, uma funcionária da Partners avisa a Anne que o dinheiro foi transferido. Anexa o comprovante da transferência. Nesse caso, Anne diz que sacou o dinheiro, como das outras vezes. Afirma que, sempre por orientação do diretor Vivaldo, entregou o dinheiro a Alencar – segundo ela, ele foi à sede da Partners receber seu envelope. TESTEMUNHA A ex-secretária Anne Paiva disse que “serviu de laranja” da Partners para pagar propina aos dois assessores de Mantega O último pagamento de propina, narra Anne, aconteceu no começo de julho. No dia 2, o Ministério da Fazenda depositou R$ 237 mil na conta da Partners no Banco do Brasil, em pagamento aos serviços prestados – e aos não prestados também – no mês anterior. Dois dias depois, o diretor Vivaldo escreveu a Anne no Skype: “Sacar amanhã cedo os 15 mil que entrarão na sua conta hoje e entregar para o Humberto (Alencar) no MF (Ministério da Fazenda), por favor”. Anne diz que sacou o dinheiro, mas que, como da vez anterior, Alencar buscou o envelope na sede da Partners. “Depois dessa vez, disse ao Vivaldo que não adiantava mais depositar dinheiro na minha conta”, disse Anne. “Eu não faria mais nenhum pagamento.” No dia 25 de julho, quatro meses antes de o contrato vencer, o Ministério da Fazenda enviou ofício à Partners perguntando se a empresa estava interessada em renová-lo por mais um ano. A Partners respondeu que estava. Procurados por ÉPOCA, Alencar e Fiche negaram ter recebido propina. Ambos negaram até já ter visto a secretária Anne, embora ela frequentasse as dependências da Fazenda e apareça em fotos no Facebook em frente ao gabinete do ministro Mantega, ao lado de uma dezena de funcionários, na festinha que lhe fizeram em sua despedida da Partners. “Dinheiro? Acho que você está falando com a pessoa errada. Cuido da parte administrativa do gabinete”, disse Alencar, antes de desligar o telefone. “Ela (Anne) nunca esteve no ministério. Nunca recebi dinheiro nenhum. Estou preparado para processar quem sujar meu nome”, disse Fiche. “O Humberto é o fiscal do contrato. Não boto a mão no fogo por ninguém.” O diretor financeiro da Partners, Vivaldo, negou o pagamento de propina. “Desconheço isso aí no momento”, afirmou. “Isso aí são outras despesas. Com certeza. Entendeu? Isso é desembolso de caixa para outras despesas da empresa em relação ao cliente. Isso aí, com certeza, é em relação a alguns objetos, alguns reembolsos do cliente. Existe a prestação de serviço com o cliente, e o reembolso de algumas despesas que são feitas com o cliente, despesas de viagem, deslocamentos. Isso é com certeza algum reembolso que foi feito.” Vivaldo disse não se recordar das conversas por Skype com Anne. O empresário Dino Sávio, sócio e diretor executivo da Partners, confirmou que a conta da secretária Anne foi usada para transferência de dinheiro para Brasília, mas negou que o destino dos valores fossem servidores do ministério. “Era dinheiro para despesas administrativas com a execução do contrato em Brasília”, disse, sem especificar que despesas eram essas. Sávio negou o pagamento de propina a servidores da Fazenda. “Não há motivo para isso”, afirmou. Sávio disse que a empresa “cometeu um erro” ao enviar ao ministério contracheques de funcionários que prestam serviços para a Cemig e para a CVM no Rio. Procurados por ÉPOCA, Alencar e Fiche negaram ter recebido propina. Ambos negaram até já ter visto a secretária Anne, embora ela frequentasse as dependências da Fazenda e apareça em fotos no Facebook em frente ao gabinete do ministro Mantega, ao lado de uma dezena de funcionários, na festinha que lhe fizeram em sua despedida da Partners. “Dinheiro? Acho que você está falando com a pessoa errada. Cuido da parte administrativa do gabinete”, disse Alencar, antes de desligar o telefone. “Ela (Anne) nunca esteve no ministério. Nunca recebi dinheiro nenhum. Estou preparado para processar quem sujar meu nome”, disse Fiche. “O Humberto é o fiscal do contrato. Não boto a mão no fogo por ninguém.” O diretor financeiro da Partners, Vivaldo, negou o pagamento de propina. “Desconheço isso aí no momento”, afirmou. “Isso aí são outras despesas. Com certeza. Entendeu? Isso é desembolso de caixa para outras despesas da empresa em relação ao cliente. Isso aí, com certeza, é em relação a alguns objetos, alguns reembolsos do cliente. Existe a prestação de serviço com o cliente, e o reembolso de algumas despesas que são feitas com o cliente, despesas de viagem, deslocamentos. Isso é com certeza algum reembolso que foi feito.” Vivaldo disse não se recordar das conversas por Skype com Anne. O empresário Dino Sávio, sócio e diretor executivo da Partners, confirmou que a conta da secretária Anne foi usada para transferência de dinheiro para Brasília, mas negou que o destino dos valores fossem servidores do ministério. “Era dinheiro para despesas administrativas com a execução do contrato em Brasília”, disse, sem especificar que despesas eram essas. Sávio negou o pagamento de propina a servidores da Fazenda. “Não há motivo para isso”, afirmou. Sávio disse que a empresa “cometeu um erro” ao enviar ao ministério contracheques de funcionários que prestam serviços para a Cemig e para a CVM no Rio. epoca.globo/tempo/noticia/2013/11/assessores-de-bguido-mantegab-sao-acusados-de-desvio-de-dinheiro.html
Posted on: Fri, 15 Nov 2013 10:23:27 +0000

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