Encontro Para a Nova Consciência Racista Lembro-me que foi - TopicsExpress



          

Encontro Para a Nova Consciência Racista Lembro-me que foi através do professor e criador do Movimento Negro de Campina Grande Benedito Antonio Luciano que comecei a participar do “Encontro Para a Nova Consciência”. A primeira coisa que me chamou atenção nesse evento voltado para o debate sobre cultura de paz, diversidade religiosa e pluralidade cultural foi a forma como os intelectuais eurodescendentes dominavam e ainda dominam simbolicamente o encontro. Quem faz a abertura desse evento de cunho macro ecumênico, na verdade, sempre foi alguém que representasse a Igreja Católica de Campina Grande como faziam os Bispos Dom Jaime Vieira e o falecido Dom Luiz Gonzaga Fernandes. O povo de santo que historicamente vem sendo alvo da intolerância, perseguição e da discriminação das igrejas neopentecostais e até por parte de setores conservadores do catolicismo não tem o direito de abrir o encontro, tendo em vista que os organizadores “esquecem” e não “conhecem” a brilhante trajetória de uma Mãe Stella de Oxóssi. Uma mulher negra, escritora e verdadeira intelectual orgânica que escreve artigos no Jornal A Tarde do estado da Bahia e dona de dois títulos de Doutor Honoris Causa pela UNEB E UFBA, além de ter criado um museu para preservar a memória do candomblé no famoso terreiro Ilê Axé OpôAfonjá. No livro Dicionário Escolar Afro-Brasileiro,vale ressaltar, queo intelectual, escritor e compositor Nei Lopes registra o nome dessa grande sacerdotisa que por sua luta em defesa da identidade afro-brasileira recebeu do Governo Federal, em1999, a medalha da Ordem do Mérito Cultural. Quando os organizadores(as) do “Encontro Para a Nova Consciência” irão permitir que uma mulher negra da dimensão histórica, religiosa e intelectual de Mãe Stella de Oxóssi abra o encontro? Outra constatação minha foi ter compreendido que a temática do racismo é posta em segundo plano pelos organizadores e isso fica evidente quando percebemos que os ativistas e intelectuais negrose negras da Paraíba e do Brasil não são convidados para compor as principais mesas de debates, aliás, posso dizer que já faz bastante tempo que a militância negra de Campina Grande não tem sido convidada para fazer parte desse evento, o que só reforça os nossos argumentos aqui mencionados contra os organizadores do “Encontro Para a Nova Consciência”. Quando o Movimento Negro de Campina Grande era convidado e digo isso com conhecimento de causa foi para fazer o nosso Encontro Afro-Brasileiro Campinense numa salinha no CEDUC onde a imprensa e ninguém pudesse saber que existem ativistas negros e debates sobre desigualdades raciais em nossa cidade. Ou quem sabe num horário com uma platéia esvaziada para deleite dos organizadores desse encontro em que as estrelas são tradicionalmente os brancos(as) intelectuais de classe média. Posso, inclusive, citar alguns nomes para mostrar a hegemônica participação de personagens brancos que fazem parte ou que já passaram por esse evento: Frei Leonardo Boff, Pedro Camargo, NehemiasMarien, Sandra Medeiros, Íris Boff, Mônica Buonfiglio, Rômulo Azevedo, Ricardo Kelmer,Waldemar Falcão, DivaldoFranco, Rose MariMuraro, Pierre Weil, Luis Pellegrini, Bráulio Tavares, Edmundo Gaudêncio, Paulo Coelho, Alberto Marsicano, etc. Os nomes acima citados pesquisei na lista de palestrantes ilustres que pode ser vista no site da ONG “Nova Consciência”. O interessante é que nessa mesma lista não figurava o do militante do Movimento Negro de Campina Grande Moisés Alves e só encontrei quatro ativistas negros, incluindo aí o meu nome que eu faço questão de pedir aos organizadores desse evento que retirem, pois não aceito fazer parte da publicidade demagógica de uma ONG que tem uma dívida enorme com o Movimento Negro e seus legítimos representantes, visto que jamais vi uma palestra de um intelectual negro do porte de Abdias do Nascimento nesse encontro, que também exclui a intelectualidade negra de Sueli Carneiro, João Jorge do Olodum, Zulu Araújo, Jaime Sodré, Joel Zito Araújo, Hamilton Borges, Muniz Sodré, Hélio Santos, Emanoel Araújo, Arany Santana,Cuti, Severino Lepê, Elisa Lucinda, MakotaValdina e Vilma Reis. Duvido que o grande Abdias do Nascimento, um ativista afrodescendente de projeção mundial na luta pelos direitos humanos que morreu no ano passado e que foi Bacharel em Economia, Professor Emérito da Universidade de Nova York, ator, poeta, escritor, jornalista, artista plástico, teatrólogo, Senador e Deputado Federal tenha sido convidado para compor uma mesa- redonda no “Encontro Para a Nova Consciência”. Abdias do Nascimento também ganhou os títulos de Doutor Honoris Causa pelas Universidades da UNB, UNEB, UERJ,UFBA e Obafemi Awolowo da Nigéria, além do Prêmio Unesco na categoria Direitos Humanos e Cultura de Paz. Será que os organizadores do “Encontro Para a Nova Consciência” algum dia irão prestar uma homenagem a este grande militante negro, comparado a Angela Davis, Luther King, Nelson Mandela, Aimé Césaire e Malcon X? Infelizmente, os organizadores desse evento por não priorizarem a luta antirracista, bem como por não entenderem que o racismo é o principal vetor de produção e reprodução das desigualdades sociais e econômicas em nossa sociedade, obviamente que acabam por reforçar aquela velha tradição dos racistas no Brasil voltada para invisibilizar as lutas e projetos do negro brasileiro. Quem for pesquisar com atenção as fotografias e vídeos nos espaços eletrônicos de divulgação dessa ONG que se diz “defensora dos direitos humanos”, irá perceber que os protagonistas e palestrantes são sempre os brancos de classe média como aqueles que estão representados no site dessa entidade que precisa urgentemente tomar um grande choque de consciência negra e africanidades, visto que as imagens que foram produzidas para o site da ONG “Nova Consciência”, a rigor, são feitas para destacar, valorizar e aumentar o capital social e cultural dos artistas, intelectuais e religiosos brancos. Nesse contexto,o negro raramente aparece em alguma foto ou vídeo como palestrante ou artista, o que não deixa de ser inaceitável, uma vez que somos maioria no Brasil e temos o direito de cobrar do encontro que se registre através de fotos e filmagem as nossas falas, presenças e contribuições filosóficas e culturais. Cadê as fotos e vídeo do ativista negro Henrique Cunha Júnior, um professor com Doutorado na França e Livre - Docência pela USP e considerado por muitos como um dos grandes intelectuais do Movimento Negro Brasileiro? Com a palavra, os organizadores do“Encontro Para a Nova Consciência”que precisam aprender a respeitar o Movimento Negro de Campina Grande que tem quase 26 anos de existência e que já trouxe o Olodum, Carlos Moore e Chico César para africanizar uma cidade que insiste em reproduzir o mundo da casa -grande e senzala. Autor: Jair Nguni- Historiador e membro do Movimento Negro de Campina Grande. Encontro Para a Nova Consciência Racista Lembro-me que foi através do professor e criador do Movimento Negro de Campina Grande Benedito Antonio Luciano que comecei a participar do “Encontro Para a Nova Consciência”. A primeira coisa que me chamou atenção nesse evento voltado para o debate sobre cultura de paz, diversidade religiosa e pluralidade cultural foi a forma como os intelectuais eurodescendentes dominavam e ainda dominam simbolicamente o encontro. Quem faz a abertura desse evento de cunho macro ecumênico, na verdade, sempre foi alguém que representasse a Igreja Católica de Campina Grande como faziam os Bispos Dom Jaime Vieira e o falecido Dom Luiz Gonzaga Fernandes. O povo de santo que historicamente vem sendo alvo da intolerância, perseguição e da discriminação das igrejas neopentecostais e até por parte de setores conservadores do catolicismo não tem o direito de abrir o encontro, tendo em vista que os organizadores “esquecem” e não “conhecem” a brilhante trajetória de uma Mãe Stella de Oxóssi. Uma mulher negra, escritora e verdadeira intelectual orgânica que escreve artigos no Jornal A Tarde do estado da Bahia e dona de dois títulos de Doutor Honoris Causa pela UNEB E UFBA, além de ter criado um museu para preservar a memória do candomblé no famoso terreiro Ilê Axé OpôAfonjá. No livro Dicionário Escolar Afro-Brasileiro,vale ressaltar, queo intelectual, escritor e compositor Nei Lopes registra o nome dessa grande sacerdotisa que por sua luta em defesa da identidade afro-brasileira recebeu do Governo Federal, em1999, a medalha da Ordem do Mérito Cultural. Quando os organizadores(as) do “Encontro Para a Nova Consciência” irão permitir que uma mulher negra da dimensão histórica, religiosa e intelectual de Mãe Stella de Oxóssi abra o encontro? Outra constatação minha foi ter compreendido que a temática do racismo é posta em segundo plano pelos organizadores e isso fica evidente quando percebemos que os ativistas e intelectuais negrose negras da Paraíba e do Brasil não são convidados para compor as principais mesas de debates, aliás, posso dizer que já faz bastante tempo que a militância negra de Campina Grande não tem sido convidada para fazer parte desse evento, o que só reforça os nossos argumentos aqui mencionados contra os organizadores do “Encontro Para a Nova Consciência”. Quando o Movimento Negro de Campina Grande era convidado e digo isso com conhecimento de causa foi para fazer o nosso Encontro Afro-Brasileiro Campinense numa salinha no CEDUC onde a imprensa e ninguém pudesse saber que existem ativistas negros e debates sobre desigualdades raciais em nossa cidade. Ou quem sabe num horário com uma platéia esvaziada para deleite dos organizadores desse encontro em que as estrelas são tradicionalmente os brancos(as) intelectuais de classe média. Posso, inclusive, citar alguns nomes para mostrar a hegemônica participação de personagens brancos que fazem parte ou que já passaram por esse evento: Frei Leonardo Boff, Pedro Camargo, NehemiasMarien, Sandra Medeiros, Íris Boff, Mônica Buonfiglio, Rômulo Azevedo, Ricardo Kelmer,Waldemar Falcão, DivaldoFranco, Rose MariMuraro, Pierre Weil, Luis Pellegrini, Bráulio Tavares, Edmundo Gaudêncio, Paulo Coelho, Alberto Marsicano, etc. Os nomes acima citados pesquisei na lista de palestrantes ilustres que pode ser vista no site da ONG “Nova Consciência”. O interessante é que nessa mesma lista não figurava o do militante do Movimento Negro de Campina Grande Moisés Alves e só encontrei quatro ativistas negros, incluindo aí o meu nome que eu faço questão de pedir aos organizadores desse evento que retirem, pois não aceito fazer parte da publicidade demagógica de uma ONG que tem uma dívida enorme com o Movimento Negro e seus legítimos representantes, visto que jamais vi uma palestra de um intelectual negro do porte de Abdias do Nascimento nesse encontro, que também exclui a intelectualidade negra de Sueli Carneiro, João Jorge do Olodum, Zulu Araújo, Jaime Sodré, Joel Zito Araújo, Hamilton Borges, Muniz Sodré, Hélio Santos, Emanoel Araújo, Arany Santana,Cuti, Severino Lepê, Elisa Lucinda, MakotaValdina e Vilma Reis. Duvido que o grande Abdias do Nascimento, um ativista afrodescendente de projeção mundial na luta pelos direitos humanos que morreu no ano passado e que foi Bacharel em Economia, Professor Emérito da Universidade de Nova York, ator, poeta, escritor, jornalista, artista plástico, teatrólogo, Senador e Deputado Federal tenha sido convidado para compor uma mesa- redonda no “Encontro Para a Nova Consciência”. Abdias do Nascimento também ganhou os títulos de Doutor Honoris Causa pelas Universidades da UNB, UNEB, UERJ,UFBA e Obafemi Awolowo da Nigéria, além do Prêmio Unesco na categoria Direitos Humanos e Cultura de Paz. Será que os organizadores do “Encontro Para a Nova Consciência” algum dia irão prestar uma homenagem a este grande militante negro, comparado a Angela Davis, Luther King, Nelson Mandela, Aimé Césaire e Malcon X? Infelizmente, os organizadores desse evento por não priorizarem a luta antirracista, bem como por não entenderem que o racismo é o principal vetor de produção e reprodução das desigualdades sociais e econômicas em nossa sociedade, obviamente que acabam por reforçar aquela velha tradição dos racistas no Brasil voltada para invisibilizar as lutas e projetos do negro brasileiro. Quem for pesquisar com atenção as fotografias e vídeos nos espaços eletrônicos de divulgação dessa ONG que se diz “defensora dos direitos humanos”, irá perceber que os protagonistas e palestrantes são sempre os brancos de classe média como aqueles que estão representados no site dessa entidade que precisa urgentemente tomar um grande choque de consciência negra e africanidades, visto que as imagens que foram produzidas para o site da ONG “Nova Consciência”, a rigor, são feitas para destacar, valorizar e aumentar o capital social e cultural dos artistas, intelectuais e religiosos brancos. Nesse contexto,o negro raramente aparece em alguma foto ou vídeo como palestrante ou artista, o que não deixa de ser inaceitável, uma vez que somos maioria no Brasil e temos o direito de cobrar do encontro que se registre através de fotos e filmagem as nossas falas, presenças e contribuições filosóficas e culturais. Cadê as fotos e vídeo do ativista negro Henrique Cunha Júnior, um professor com Doutorado na França e Livre - Docência pela USP e considerado por muitos como um dos grandes intelectuais do Movimento Negro Brasileiro? Com a palavra, os organizadores do“Encontro Para a Nova Consciência”que precisam aprender a respeitar o Movimento Negro de Campina Grande que tem quase 26 anos de existência e que já trouxe o Olodum, Carlos Moore e Chico César para africanizar uma cidade que insiste em reproduzir o mundo da casa -grande e senzala. Autor: Jair Nguni- Historiador e membro do Movimento Negro de Campina Grande.
Posted on: Thu, 04 Jul 2013 16:45:09 +0000

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