Ensaios Sobre a Consciência VIII Consciência é um termo que se - TopicsExpress



          

Ensaios Sobre a Consciência VIII Consciência é um termo que se refere à relação entre a mente e o mundo com o qual ela interage. O objetivo dos ensaios é esmiuçar essa relação. Annie Besant foi muito feliz quando começou seu artigo dizendo o seguinte: “A tolerância não pode ser confundida com uma desdenhosa permissão para que aqueles que consideramos equivocados sigam seu caminho rumo ao erro. Também não é a orgulhosa presunção que diz ‘sim, eu lhe tolero, permito que expresse seus pontos de vista’. Tolerância implica o reconhecimento definitivo de que cada indivíduo deve ser livre para escolher seu próprio caminho, sem que o outro interfira na estrada que ele escolheu”. Mas nem sempre “intolerância” é o contrário de tolerância. Nós não somos seres perfeitos, mas nossa missão nesta vida é caminhar rumo à perfeição. Mas o que isto tem a ver com o que escreveu Annie Besant? A questão é que muita gente confunde intolerância com o contrário de tolerância, e acabam caindo na vaidade de dizer “eu sou tolerante” quando o que está dizendo de fato é: “eu te concedo permissão para ter ideias diferentes das minhas ou ser desta ou daquela maneira embora eu esteja convencido de que você está errado”. Para mim, esta atitude tem outro nome: isto se chama arrogância. Num sentido mais literal, tolerância, do latim tolerare (sustentar, suportar) define o grau de aceitação diante de um elemento contrário ao que consideramos ser a regra. A sutileza filosófica da “tolerância” é que ser tolerante, neste contexto, implica em ter uma opinião formada sobre o que deve ser a “regra” e aprender a conviver com quem não segue esta regra. Donde se conclui que o contrário da tolerância é a arrogância, e não a intolerância. A questão filosófica que levanto, então, é: “como lidar com regras pessoais conflitantes?” Como conviver com os que pensam diferente de mim sem ser arrogante? O convívio social está cheio de regras. Há as regras sociais: atitude de uma pessoa ou de um grupo diante daquilo que é diferente dos valores morais da sociedade ou de suas normas. Neste caso, temos que ser intolerantes. Recuso-me a conviver e aceitar na sociedade quem desrespeita os códigos de ética do convívio social, praticando a corrupção ou outros crimes morais. Há as regras civis: discrepância entre a legislação, a sua aplicação e a impunidade. Não se pode tolerar a impunidade, mas hoje somos forçados a conviver com ela. Locke sustentava que ser tolerante implica em «parar de combater o que não se pode mudar». Há as regras da tolerância religiosa: respeitar e conviver com as confissões de fé diferentes da sua. Enfim, cada pessoa tem o seu próprio código e suas regras pessoais com as quais ele vive toda a sua vida. Às vezes, por força da evolução e do crescimento da sua compreensão e visão de mundo, suas regras pessoais se modificam. Intolerância, portanto, seria não admitir que possam existir regras diferentes das minhas e negar ao outro o direito de ter suas próprias regras e ideias por considerar que as minhas são mais certas. Aí dizemos que somos tolerantes porque aprendemos a conviver com ideias e regras diferentes das nossas, mas, no fundo do coração, consideramos inferiores aqueles que são diferentes, e nossa tolerância é, aos nossos olhos, um ato de magnanimidade, ou seja, sou generoso bastante para tolerar que outros pensem diferente de mim. Em outras palavras: tolerância passa a ser sinônimo de arrogância. Retornando ao pensamento de Annie Besant, “a pessoa realmente tolerante renuncia completamente a qualquer tentativa de apontar uma estrada que todos devam trilhar”. Se considerarmos o termo "tolerância" apenas no sentido de aturar, conviver com ou permitir que algo aconteça apesar de eu não concordar com seu conteúdo, aceitar ou não interferir com as crenças, ações ou práticas que consideramos equivocadas mas "toleráveis", perdemos uma oportunidade magnífica de entender seu significado mais profundo. Há muitos contextos em que falamos de uma pessoa ou de uma instituição como sendo tolerante: os pais toleram certos comportamentos de seus filhos, um amigo tolera as fraquezas do outro, um governo tolera a dissidência, a religião dominante tolera uma religião minoritária, a sociedade tolera comportamentos desviantes, etc. É necessário distinguir entre um conceito geral e concepções mais específicas da tolerância. À luz dessas razões, podemos acabar caindo no bem conhecido paradoxo da tolerância (que pretendo discutir aqui): “tolero” essas práticas ou crenças erradas porque elas não insuportavelmente erradas. Por fim, só se pode falar de tolerância onde ela é praticada de forma voluntária e não obrigatória, caso contrário, seria um caso de simplesmente "sofrimento" ou "aguentar" certas coisas que se rejeita, mas contra as quais se é impotente. Vamos falar, então, dos paradoxos da tolerância. Primeiro, há o paradoxo do tolerante estratégico: a pessoa pode acreditar que existem "ideias ou comportamentos" cujos defensores ou praticantes não merecem respeito, mas deve ser "mais tolerante", refreando seu desejo de discriminar esses grupos, por exemplo, por razões estratégicas. A pessoa se consideraria "tolerante" porque, mesmo sendo fortes seus impulsos para discriminar, ela não dá voz ao seu sentimento. Assim, visto de uma perspectiva moral, surge claramente o paradoxo: a tolerância seria, então, refrear seus impulsos, até acrescentando argumentos morais, por conveniência ou por motivos estratégicos. Disto se segue que há casos em que a “tolerância” não é a solução para a intolerância. Segundo, existe o paradoxo do estabelecimento de limites, o que diz respeito à componente de rejeição. Este paradoxo é inerente à ideia de que a tolerância é uma questão de reciprocidade e que, portanto, aqueles que são intolerantes não precisam e não podem ser tolerados, uma ideia que encontramos muito frequentemente hoje em dia. Mas uma breve olhada nessa atitude mostra que o slogan "não tolerar os intolerantes" não é apenas vazio, mas potencialmente perigoso, porque a caracterização de certos grupos como “intolerantes” é, muitas vezes, ela própria um resultado da unilateralidade e da intolerância. É a definição de um limite arbitrário entre "nós" e o "intolerante" e o "intolerável”. A discussão até agora mostra que a tolerância é um conceito normativamente dependente. Isto significa que, por si só, ela não é capaz de fornecer as razões para objeção, aceitação ou rejeição. Ele necessita de mais recursos para ter uma determinada substância, para ser considerada como algo inerentemente bom. Em si mesma, portanto, a tolerância é uma virtude, ou um valor, que só pode ser consistente se apoiada pelas razões normativas certas. Mas alguma vez você já parou para pensar por que você acredita nas coisas em que você acredita? O que te dá tanta segurança de que as coisas que você acredita ser a verdade são de fato a verdade? O que te leva a acreditar que o caminho que você escolheu trilhar é o caminho da verdade? Considere o fato de que uma regra ou um caminho que você honesta e sinceramente acredita ser verdadeiro poderá parecer incoerente e estar em total desacordo com as regras e o caminho de outra pessoa que tem sobre ele a mesma honesta e sincera convicção que você tem sobre o seu caminho. Então, de onde vem a certeza de que aquilo em que acreditamos é de fato a verdade, excluindo todas as demais “verdades”? O que é importante entender é que o que nós escolhemos acreditar tem um forte impacto sobre a forma como tomamos decisões e, portanto, em última análise, sobre a forma como a vida se apresenta para nós. Por isso, é muito importante entender como nossas crenças são formadas e perguntar se temos algum controle sobre o que escolhemos aceitar como nossas crenças pessoais. As crenças, as regras pessoais e as certezas que carregamos como nossa bagagem pela vida afora não surgem de uma hora para outra. Além disso, o que acabamos acreditando em um determinado momento de nossas vidas (muitas de nossas crenças podem mudar ao longo do tempo) é uma mistura em proporções variáveis de diversos fatores: PERSONALIDADE & TEMPERAMENTO, AMBIENTE & EXPERIÊNCIAS E CARMA . A personalidade é a combinação particular dos padrões de resposta emocional, atitudinal e comportamental de um indivíduo. É a parte interna imutável de você que faz com que você seja ‘O QUEVOCÊ É’. Pode-se dizer que sua "alma" está no centro da sua personalidade e o resto dela vem do efeito inegável da genética e da quantidade desconhecida que é a contribuição dada pela química fisiológica (genética) que nos afetou no útero e pelo ambiente em que fomos criados e educados. O Carma está intimamente ligado e é, em parte, determinado pela hereditariedade. Nossa constituição física é fruto da herança genética que recebemos e que é repassada de geração em geração ao longo do tempo, desde os primórdios da humanidade. Esse repassar genético deixou marcas que são visíveis e indeléveis hoje e que serão repassadas às gerações futuras, num processo contínuo de evolução (em todas as direções). Meu corpo anímico (minha alma) também recebe as influências das gerações passadas, condensando os sentimentos, emoções, desejos, instintos, que são as características do homem. Tudo isto forma a bagagem com que entramos nesta vida. Mas esta não é a bagagem toda. Há ainda a bagagem espiritual. Não há dúvida de que o carma é formado pelo acúmulo de incontáveis vidas passadas, mas deixo a discussão se essas vidas passadas são minhas mesmo (como muitos sustentam) ou se são as vidas de meus antepassados, condensadas na minha bagagem espiritual e acrescentadas às minhas próprias experiências. Isto tudo está ligado ao carma coletivo de uma nação, de um povo, de uma tribo, de uma família, de um clã. Não tenho como negar isto. Minhas regras, minhas crenças, minha visão de mundo não estão separadas da bagagem coletiva ou grupal. Minhas crenças individuais não se confinam nas experiências do meu próprio espírito (nesta vida e desde o nascimento), mas recebe e agrega as experiências espirituais de outras vidas – de meus pais e de todos os meus antepassados, do meu clã, da minha tribo, do meu povo. Esses ingredientes se combinam para produzir uma mistura única que contribui, mas não precisa necessariamente determinar, como você vê, interpreta e responde ao seu mundo. Essa bagagem é uma das partes de você que parece estar além do seu controle, que é intrínseca, que foi finalizada antes de você vir a este mundo e teve acrescentadas as suas experiências ao longo da vida. Mas, ao contrário do que se imagina, ela explica, mas não necessariamente determina as suas crenças nem o caminho que você escolhe seguir. Nossas regras e nossas crenças, nossa visão de mundo, aquilo em que escolhemos acreditar e os caminhos que escolhemos percorrer na vida não são forças que atuam de maneira solta e aleatória, e acreditamos estarem 100% dentro do nosso controle, mas não se iluda, elas são compulsivas e muito coesas. Essas “forças” são verdadeiros “seres” e têm o poder de direcionar a nossa vida presente. As crenças formam um “corpo atemporal”, é um resumo de todos os processos na esfera vital, atuando na formação global do indivíduo desde o nascimento e mesmo antes dele. Além disso, há outra coisa que a todos passa despercebida: aquilo que há no mundo para se acreditar, as regras que há para serem adotas, já existiam no mundo quando nós aqui chegamos, independente da nossa contribuição. O ser humano comum não gera os objetos das suas crenças nem suas próprias regras. Ele as encontra como algo já existente no mundo. Os conceitos, as crenças e a moral que herdamos das gerações anteriores parecem estar simplesmente aí, afiguram-se como algo já existente no mundo. Por isso não percebemos que nossas regras, nossas crenças e nossa visão de mundo são determinadas por uma força invisível que se impõe a nós e nos diz tudo que precisamos e queremos saber: de onde viemos, como viemos, como devemos agir sobre a terra, o que devemos acreditar, enfim, tudo já está pronto e acabado. A nós só resta aceitar tudo que nos é colocado, alinhar nossa vida por um desses parâmetros e escolher uma das regras para nela acreditar e defender com toda a sinceridade da nossa alma. Não chegamos a perceber que não geramos os objetos das nossas crenças nem nossas regras, mas podemos perceber que elas determinam em cada situação a atitude que adotamos, a qual é formada pelos valores e princípios que optamos por adotar a partir de todas as influências não percebidas. As crenças e as regras pré-existentes no mundo sustentam o modo como reagimos ou respondemos às situações. Em última análise, nossas crenças, nossas ideias, nossas regras, são grandemente determinadas por fatores como as pessoas com as quais optamos por nos associar, o material que escolhemos para alimentar nossas mentes (livros, TV, música, etc.), as religiões que escolhemos seguir, os passatempos que escolhemos (como gastamos nosso tempo livre), o estilo de vida que escolhemos adotar, embora muitas vezes essas influências passem despercebidas. O processo de formação das crenças e das convicções começa quando uma semente é plantada na mente da pessoa. Esta semente poderia ser uma observação feita por uma pessoa autorizada, um conselho dado por um amigo próximo ou até mesmo uma frase que ouvimos de um completo estranho. Como conclusão, as regras que adotamos e os caminhos que escolhemos seguir raramente são originais nossos, mas nós os defendemos com determinação e com frequência não toleramos que outros sigam caminhos e adotem regras diferentes. Não é objetivo dos ensaios sobre a consciência dar conselhos nem mostrar caminhos para ninguém, mas simplesmente esmiuçar o relacionamento da nossa mente com o mundo com a qual ela interage. Contudo, convém esclarecer que as crenças e as convicções costumam vir de duas fontes: a nossa própria experiência e reflexões, ou como uma aceitação do que outras pessoas nos dizem. Ou seja, ou refletimos e questionamos as crenças, os conceitos e as ideias que nos são propostas, ou aceitamos as sugestões que chegam à nossa mente sem questioná-las. Mas o certo é que quase sempre fazemos as duas coisas. Só precisamos nos acautelar para não deixar que crenças e convicções vindas de fora se sobreponham à nossa consciência e à nossa capacidade de refletir e tirar nossas próprias conclusões. Ernesto e Tânia Veras Junho de 2013 e-mails: [email protected] traducetur57@gmail Visitem minha página no Facebook: facebook/EnsaiosSobreAConsciencia
Posted on: Sun, 16 Jun 2013 21:38:02 +0000

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