Então o mundo resolve entrar em colapso. A começar pela minha - TopicsExpress



          

Então o mundo resolve entrar em colapso. A começar pela minha cidade a pretexto de 20 centavos. Então eu me vejo longe, viajando, sem voltar. Acompanhando tudo a certa distância e montando em minha cabeça recortes. Do que “vejo”. Vejo tv – sim vejo tv – vejo posts, não tenho lido jornal, e tudo o que sei do que está acontecendo se baseia em opiniões de amigos, conhecidos e desconhecidos no facebook e em vários canais de tv. Não sei como ler tudo isso. Não vi nada com meus olhos, nem com meu corpo. Não fui à manifestações e, no entanto, é como seu estivesse presente em todas. Acompanhei à distância um primeiro protesto pelo aumento de 20 centavos. Concordei. Depois acompanhei que não era apenas o aumento dos 20 centavos. Concordei. Depois acompanhei que – foco de volta – sim são os 20 centavos. O botão de discordo – reflito-concordo, começou a ficar gasto. Depois acompanhei uma avalanche de #: fora Dilma, o gigante acordou, vem pras ruas, não vire a direita, impeachment do Alckmin. Vi vídeo de Jabor, de Ronaldo, de réplicas aos mesmos. E depois uma avalanche de impressões: ufanistas, afetivas, politicamente engajadas, politicamente equivocadas – na qual me incluo muitas, senão todas, as vezes – humanamente sensibilizadas, humanamente insensibilizadas. “Vi “- com os olhos que escolheram o que eu visse - todo mundo nas ruas quebrando tudo e achei desnecessário. “Vi” policiais reprimirem os “vândalos” e repensei minha opinião anterior. Li que revolução não se faz sem certa violência e – justo sentido – não consegui vender essa verdade pra minha cabeça. “Vi” pessoas cantando o hino e me emocionei. “Vi“ o medo pairando no ar relativo a essa mesma onda de hinos ufanistas e reconsiderei minha emoção anterior. Segura os pulos do coração que vem mais uma série de opiniões para torcerem o sentido das coisas. E fui surfando no sentido dos outros. Fui surfando no sentido dos outros. Existe alguém que não tenha surfado nos posts, nos # alheios? Desculpem, mas não tenho opinião pronta pra tudo a todo instante e muito menos valores tão sedimentados que eu não os reconsidere, pondo a perder uma possível “posição”. Estar presente nessas manifestações através de corpos alheios me dá a liberdade da não posição e a angústia da falta da mesma. Não consigo uma posição. Não há lugar cômodo dentro de princípio algum. Tenho sensações que, mal se formam já se ressignificam a partir da nova onda de noticias que invadem meu atual alienado estado de espirito. Pelas viagens? Não sei. Pela falta de informação? Não sei. Pela lógica que fazem todas as postagens que leio? Não sei. Eu deveria estar aqui escrevendo toda essa parafernália nada prática num momento em que urgimos soluções? Não sei. Pergunto desesperada a uma amiga que raios é a pec 37 – ela me explica. Fico na mesma. Corro atrás de informações e tudo se mistura de tal forma que não consigo ver a raiz do que esta acontecendo. Talvez não haja raízes. Talvez ela esteja na história que ignoro do meu país . Minha cabeça não consegue alcançar os fatos. Me sinto estúpida, ignorante, mal informada – mesmo que corra atrás e busque tudo. Talvez não sejam essas as informações com as quais possamos fazer algo. Talvez elas sirvam para realimentar um rodamoinho inesgotável que toma força ao rodar inúmeras vezes no mesmo lugar. Talvez toda a gama de possíveis opiniões sobre tudo se tenha esgotado mas nós não sabemos – e talvez nem possamos – nos calar. Sinto falta de silêncio. De contribuir com respiros. Minha voz não serve politicamente. Sinto um sufoco como o amálgama que une a todos nesse momento . Aquele sufoco da fala por si. Estamos disparando falas como balas, pensamentos como balas. Posts como balas, estamos armados de nossas opiniões, nossos engajamentos, nosso conhecimento, nossas criticas, nossa falta. Estamos amalgamados em nosso excesso – momento necessário creio eu. Creio eu. O facebook virou uma batalha naval – você pisa num post e – bomba! Tudo bem, talvez seja esse o caminho. Estamos armados da cabeça aos pés. Para com tudo. Mesmo os momentos breves em que acompanhei certa comoção no facebook pela união das pessoas em torno de qualquer coisa, agora, já foi bombardeado. Não há nada que não esteja sendo bombardeado no momento. Talvez isso seja revolução. Ou talvez uma necessidade desesperada de gastar todo o cartucho de uma arma guardada a muito tempo, prestes a explodir por descuido ou prestes a perder a validade de sua potência por falta de uso. Seja como for – me parece que ouvido algum agora ouviria a palavra amor. Que olho algum veria a expressão de amor. Que boca alguma se arriscaria a pronunciar palavras que soem como desperdício afetivo. Esse texto foi um grande desperdício. Porque eu – na minha medida – me importo. Já pusemos tudo em movimento. Estamos prontos para o embate. Nem que seja contra nossa própria imagem no espelho. Pelo discernimento.
Posted on: Sat, 22 Jun 2013 02:23:20 +0000

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