Eu, como no mínimo 80% do meu Facebook, sou historiadora. Não posso negar que sempre que eu vejo um prédio de arquitetura histórica ser "vandalizado" fico chateada, pensando no quanto um país valoriza seus patrimônios. Mas também já vi muito prédio de arquitetura histórica ser depredado porque o poder público não fez nada pra conservá-lo. Vejo até hoje inúmeros prédios no centro da cidade e Lapa com portões de cimento porque, se o Estado não tá fazendo nada com ele que os inúmeros sem moradia da cidade também não façam, não ocupem e não usem o espaço socialmente. Sei também que o prédio, o cimento, tem seu valor, mas não tem todo valor. E mais valor tem o direito de ir e vir, o direito de moradia, o direito de se expressar politicamente - com e sem partidos e bandeiras - o direito de entrar e sair de sua própria casa. E a ALERJ, antes de ser um prédio histórico, era pra ser a nossa casa. Mas ela foi invadida muito antes de ontem. Foi invadida quando sediou o Departamento de Imprensa e Propaganda do Vargas, foi invadida quanto incontáveis deputados, eleitos democraticamente ou não, usaram suas canetas para aprovar leis que feriam a população. E está sendo invadida até hoje, por pessoas muito mais vândalas do que os possíveis vândalos de ontem. Quem me conhece sabe que eu tenho uma posição ainda confusa em relação a depredações, mas tenho certeza que não foi vandalismo por vandalismo, foi um ato político e legítimo, contra quem tem um poder que não retorna a população. Pichação é pouco perto do que as pessoas que estão na ALERJ fazem com a gente todo santo dia e ir lá tentar "consertar o erro doa vândalos" é legitimar essa agressão cometida pela ALERJ e por todos que entram lá pra nos vandalizarem também.
Posted on: Tue, 18 Jun 2013 16:41:55 +0000
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