Fernando Morais: “Presos pagam uma condenação a mais, a - TopicsExpress



          

Fernando Morais: “Presos pagam uma condenação a mais, a superexposição” 19 nov 2013/3 Comentários/ destaque /Por Equipe do Blog Acompanhem a entrevista concedida ao blog pelo escritor Fernando Morais, que condena a superexposição na forma como as prisões e deslocamentos dos presos foram conduzidos. Sobre o julgamento, Morais é taxativo: “Estamos diante de um tremendo erro judiciário”. Fernando, qual sua análise do julgamento? [ Fernando Morais ] Sempre fui muito pessimista em relação ao desfecho desse processo. De todas as pessoas que estavam próximas do Zé Dirceu, do Genoino, e de outros, eu sempre fui dos mais céticos, não acreditava que isso terminaria de outra maneira. O desenrolar do processo indicava isso. Agora, o que mais me surpreendeu nisso tudo é essa superexposição a que estão submetidos os presos. Da forma como conduzem as prisões, os deslocamentos, parece haver a nítida intenção de expô-los à execração pública. Da forma como conduzem essas ações nada mais é do impor-lhes uma pena adicional a que eles não estavam condenados. No auge da perseguição que sofreu de Joseph Stalin na União Soviética, Trotsky disse que “a pior das agressões a uma pessoa, a um cidadão, é expor-lhe a humilhações, porque elas desarmam o indivíduo e o agridem no essencial de sua dignidade”. E mesmo com a saúde frágil do Genoino… [ Fernando Morais ] Sem falar no Genoino, de quem não quero, não posso e não consigo falar, ainda… Em qualquer parte do mundo um cardiopata como ele tem direito a tratamento, assistência médica completa, a uma internação hospitalar, a uma alimentação condizente com o seu estado. E eu li uma entrevista de uma das filhas dele dizendo que ele está comendo sanduíches, porque nem deixam a família levar-lhe comida. Zé Dirceu e os demais desse processo são vítimas de um aberrante, um tremendo erro judiciário. É sempre arriscado fazer avaliações políticas no calor dos acontecimentos, embora esse julgamento, desde o início do processo, seja eminentemente político. Mas, na hora que baixar a poeira, quando os ânimos serenarem, o Brasil descobrirá que nós estamos diante de um tremendo erro judiciário. Você atuou no documentário do Raimundo Pereira “AP470 – o julgamento medieval”. [ Fernando Morais ] Sim, eu ajudei o jornalista Raimundo Pereira na pesquisa e na elaboração do documentário “AP 470 – o julgamento medieval” (clique aqui e confira o vídeo). Ali, com a obsessão do Raimundo pelo detalhe, pela minúcia, pela precisão, o erro judiciário fica absolutamente claro. Ele prova e comprova a exaustão que o dinheiro público dessa história, os R$ 74 milhões da Visanet, que constituem o maior montante que, dizem, foi usado no mensalão, na verdade foram empregados no pagamento de publicidade e patrocínios normais do cartão que se chamava Visa e hoje é Cielo. No caso, a maior parte foi em pagamento de publicidade e de patrocínio às meninas do vôlei, ao tenista Guga… E boa parte desse dinheiro foi para premiar gerentes do Banco do Brasil, em bônus e prêmios porque como qualquer outro, o Banco do Brasil estabelecia cotas de venda de cartões para seus gerentes e os bonificava, os premiava quando eles as atingiam. A disparidade das penas também é outro dado que chama atenção. Por exemplo, Ramon Hollerbach, ex-sócio do Marcos Valério, foi condenado a 29 anos, 7 meses e 20 dias de prisão. O goleiro Bruno, do Flamengo, que mandou matar a namorada, esquartejá-la e distribuir seus restos aos cachorros, foi condenado a 22 anos de prisão. Isso dá bem a medida do que é a justiça no Brasil. Não deixem de ler, também, “Um julgamento predominante político” do deputado e jornalista Emiliano José (PT-BA).
Posted on: Wed, 20 Nov 2013 03:43:16 +0000

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