LÓGICA MÉDICA THIAGO DUARTE* Merecida é a gratidão universal tributada aos “Médicos Sem Fronteiras” face a solidária prática médica dedicada aos povos miserabilizados do Planeta o quanto, todavia, não é o caso do Brasil. Mesmo assim, insiste o oficialismo em desafiar a lógica médica com a tentativa de importação de médicos estrangeiros para suprimento das carências interioranas brasileiras, como se impossível fosse à sapiência tupiniquim quaisquer outras iniciativas menos traumáticas. É evidente que importar médicos por decreto presidencial exibe-se atitude escancaradamente inconstitucional por afrontar a legislação federal que impõe requisitos perenes a revalidação dos diplomas de profissionais estranhos a Pátria. Além disso, trata-se de providência nociva à Medicina Nacional por repudiar todas as demais alternativas internas pertinentes, evitar a audiência dos organismos profissionais categorizados, representar franca represália aos colegiados médicos, desprezar o ensino e a pesquisa médica nacional, ignorar a dramática penúria funcional imposta ao exercício profissional do médico brasileiro e, sobretudo, mostrar-se hostil aos interesses sanitários do País. Ao invés de perseguir ações permanentes para solucionar em definitivo o problema suscitado, o equivocado Poder Central prefere aderir a paliativos açodados e provisórios em clara intencionalidade eleitoreira, escondendo estranhos propósitos personalíssimos, econômicos ou políticos avessos ao interesse público. Trazer médicos alienígenas ao território nacional não pode ser confundido com a importação de pepinos, de coca-cola ou de abacaxis. Então, além da imanente indignidade, criar-se-á uma subclasse médica nesta Terra pois a atuação dos mesmos será exclusivamente limitada ao atendimento no contratante SUS, vedando-se-lhes todas as demais funções médicas, o quanto beira ao estelionato profissional contra eles. Por definição, a insidiosa médica oficial tende ao fracasso pois o médico do exterior vivencia usos, costumes, cultura, práticas e realidades médicas distintas e, inclusive, a própria língua tornar-se-á um entrave funcional posto que diferenciada. Nisso tudo, o maior vitimizado será o Povo Brasileiro, já tão maltratado pela hedionda malversação do dinheiro público sonegado da saúde desde os tempos da CPMF de lúgubre memória. No mais, ainda machuca o orgulho pátrio aquela famigerada sentença de Charles De Gaulle de que “ – Le Brésil n’est pasun pays sérieux!”; a qual jamais poderá ser reprisada em tempos de Globalização.
Posted on: Sun, 04 Aug 2013 15:04:36 +0000
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