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Matéria na Revista Viver Brasil: "Gandarela, até quando? Atividade mineratória ameaça serra que guarda 1,6 trilhão de litros de água potável, nascentes, cavernas, campos rupestres, cerrado, mata atlântica e outros tesouros naturais Parecia até miragem, mas não era. Solitário, se abrigando sob a sombra de uma árvore, no alto da serra do Gandarela, José Gouveia, 75, apenas iniciava um dia inteiro de plantão para zelar por sua propriedade, a fazenda Água Limpa, adquirida em 1918 pelo seu pai. Tem escritura e tudo, mas de nada serve. “Fui almoçar e quando voltei tinham arrancado mais de 2 km de cerca de arame farpado. Estava tudo no chão. Ninguém me procurou para conversar, para fazer acordo, nada”, indigna-se Gouveia. O fazendeiro não se conforma. Suas terras somam quase 500 alqueires. “Meu pai teve 10 filhos, dois morreram. Somos oito herdeiros diretos e quase 70 indiretos. Minha avó é nascida aqui na fazenda. Agora, a Vale do Rio Doce vem e diz que as terras são dela. Há três anos, faça chuva ou sol, fico aqui de tocaia, com medo de eles invadirem minha propriedade. Pode até ser que eles tenham se regenerado. Não sei por que não sentam, fazem um acordo”, diz. Cristina Aparecida Moraes Dias, 41, nasceu, mora e ganha seu sustento em Água Limpa. “Isso é minha vida. Tenho dois filhos e moro com minha família. Dormimos de janela aberta, levamos uma vida sossegada. Tenho medo de que, caso seja aprovada a mina Apolo, possamos perder essa qualidade de vida e liberdade. A serra é um santuário natural que precisa ser preservado”, defende. A fotógrafa e enfermeira Isabel Souza, 52, mora há apenas dois anos entre Tangará e Água Limpa. “A Gandarela é vital para todos nós. Tenho uma nascente no meu terreno e a qualidade da água é inquestionável. Queremos a serra em sua integridade, mas sua área já sofreu cortes, em função do interesse das mineradoras”, desabafa. Seu José Gouveia, Cristina e Isabel, são apenas alguns entre centenas de nomes de pessoas que decidiram quase no apagar das luzes, mas espera-se que ainda em tempo, salvar a serra do Gandarela ou pelo menos uma parte significativa dela. “As terras da serra já estão praticamente todas nas mãos das mineradoras. Sua destruição estava praticamente sacramentada. Os movimentos ambientalistas e a pressão popular em apoio à proposta de criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela poderão salvá-la de um mal maior”, avalia Mário Douglas Fortini de Oliveira, coordenador da 11ª região do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Fortini destaca que, desde o início, a luta pela preservação da serra do Gandarela tem sido um processo de fato participativo. “Na última rodada de consultas estiveram presentes 1.975 pessoas, número altíssimo que mostra a força da negociação. Tiveram voz, representantes das prefeituras, órgãos públicos, iniciativa privada, movimentos ambientalistas e sociedade em geral, que opinaram para que haja uma proposta que compatibilize o uso e ocupação desse último nicho do sistema do Quadrilátero Ferrífero, a última fatia significativa que não foi minerada, com a conservação dos recursos naturais da região”. Fonte: Revista Viver Brasil Leia mais: revistaviverbrasil.br/117/materias/01/ecologia/gandarela-ate-quando/
Posted on: Sun, 09 Jun 2013 22:39:22 +0000

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