Me lembro de uma aula de história do Celio Barbosa, na qual - TopicsExpress



          

Me lembro de uma aula de história do Celio Barbosa, na qual alguém lhe perguntou: "Mas Célio, se a monarquia voltou depois de Napoleão, então no fim das contas a revolução francesa não conseguiu derrubá-la?". E da resposta emblemática dele: "Você se lembra que eu comentei o hábito de Maria Antonieta de passear pelas ruas numa liteira, enquanto o povo era obrigado a se ajoelhar ao vê-la passar, e então pedir para pararem para que ela pudesse descer e cuspir em alguém que ela escolhesse? Isso nunca mais aconteceria. A monarquia nunca mais seria a mesma, mesmo que tivesse sido restaurada." É óbvio que sabemos que algo mudou, e mudou para muito melhor a partir dos protestos dos últimos dias. É óbvio que o povo tomou consciência. A resposta do meu ex professor de história ecoa num artigo que acabo de ler sobre os desdobramentos da primavera árabe: "Arab dictators in Yemen, Libya and Syria declared, “It’s either me or to hell with them” and launched a war against their own people. The war in Syria is still on; no one can predict its results, but one thing we can be sure of: The people broke the barrier of fear and came out in a massive protest that will not be turned back. Masses went out to the streets and public squares in a peaceful protest and civil disobedience. But the rulers confronted it with excessive power and violence, which led to a violent reaction from protestors, pushing some of them to seek foreign intervention. No one can predict where these revolutions are heading. They all are speaking about democracy, free elections, dignity, justice, human values, etc. But translating this into reality is another issue. So far, Libya, Yemen and Egypt have proven that this will not be an easy task." Sabemos que algo mudou. Mas, como disse Slavoj Zizek, não nos apaixonemos por nós mesmos. "Não se apaixonem por si mesmos, nem pelo momento agradável que estamos tendo aqui. Carnavais custam muito pouco – o verdadeiro teste de seu valor é o que permanece no dia seguinte, ou a maneira como nossa vida normal e cotidiana será modificada. Apaixone-se pelo trabalho duro e paciente – somos o início, não o fim. Nossa mensagem básica é: o tabu já foi rompido, não vivemos no melhor mundo possível, temos a permissão e a obrigação de pensar em alternativas. Há um longo caminho pela frente, e em pouco tempo teremos de enfrentar questões realmente difíceis – questões não sobre aquilo que não queremos, mas sobre aquilo que QUEREMOS. Qual organização social pode substituir o capitalismo vigente? De quais tipos de líderes nós precisamos? As alternativas do século XX obviamente não servem." O momento agora nos causa medo, SIM. Medo de uma guinada à direita, medo do nacionalismo que escala. Medo de uma conjunção ENORME de fatos estranhos, estranhíssimos, e que cheiram, para muitos, a golpe da direita. Exatamente por termos este medo é que devemos lutar contra aquilo que o causa. O orgulho leva à vaidade; a vaidade leva à sensação de dever cumprido. Não, o dever não está cumprido. Olhem em volta. O dever não está cumprido. Está longe de ter sido cumprido. Muito longe.
Posted on: Fri, 21 Jun 2013 12:40:18 +0000

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