Minorias não destituem governos, menino. É simples. Tenho - TopicsExpress



          

Minorias não destituem governos, menino. É simples. Tenho visto por aí propostas malucas de impeachment da Presidenta, uns “Fora Dilma” aqui, uns “fora Alckmin” acolá... Li hoje, em algum lugar, de um menino de 17 anos: “Tiramos o Collor, podemos tirar a Dilma”. Primeiro, é um puta humanismo essa história de se apropriar da conquista de outrem, concreta, e torná-la própria e abstrata. Como se se dissesse “chegamos à Lua” e realmente se tivesse chegado. Por si mesmo. Mas beleza, entendo e até compartilho de algumas irresignações – com relação a Dilma e Alckmin. Agora vamos esclarecer ao humanista aí alguns pontos que distanciam um caso do outro e inviabilizam o impeachment (tanto de Dilma como de Alckmin, para não dizer que estou “sendo” petista). Lá nos idos de 1990, quando Collor caía aos 36% de aprovação – após ter chegado ao poder com 71% de expectativa positiva – extinguiam-se 920 mil vagas de trabalho. A inflação bateu os 1.200% anuais (você, indignado, sabe do que se trata?) e o senhor Presidente da República era denunciado pelo próprio irmão pela prática de corrupção juntamente com seu tesoureiro P. C. Farias. Perceba que Collor ganhou a eleição em segundo turno com 50,01% dos votos válidos, depois daquela fatídica manipulação do debate eleitoral eternizada para as gerações vindouras (você, jovem insurgente) pela BBC de Londres, no documentário “Muito Além do Cidadão Kane” (que, aliás, você precisa assistir – tem completo no YouTube). No momento do impeachment, Fernando Collor detinha míseros 9% de aprovação popular. Não possuía maioria no Congresso (dos 503 deputados, 441 votaram a favor), estava rompido com segmentos importantes da Sociedade, mergulhado em denúncias de corrupção e havia perdido o apoio da Rede Globo (que o elegera). Nos anos que se seguiram (92 a 02) a taxa de desemprego subiu 40%. Dilma foi eleita com 56,05% dos votos válidos e, ao contrário do que se propaga no Facebook, apenas 1/3 do seu eleitorado recebe algum tipo de “Bolsa”. 50% do seu eleitorado são da classe média (C e B), portanto, está entre seus pares, querido amigo politicamente engajado. Dilma goza também de um cenário bem mais favorável, pois os índices de desemprego nunca foram tão baixos (apesar da recessão e do desaquecimento do mercado). Diga-se de passagem, chegamos a esses números no decorrer dos últimos dois governos dos “PTralhas”. Agora, olha que interessante: lembra-se que 50% do eleitorado da Dilma estão entre vossos pares da classe média? Então. Essa classe média, que representava 34,96% da sociedade em 1992 (época do nosso querido Collor, inspirador dos seus desejos de impeachment) se transformou, em 2010, em 52% da população. Ao passo que entre aqueles que recebem “algum tipo de bolsa” – a dita classe D e os abaixo da linha de pobreza (“bolsa” que você tanto abomina e em outro post vou explicar o porquê de você não saber nem sequer do que se trata), 19 milhões migraram para estratificações superiores. Assim, ó: “Abracadabra!” Portanto, ali, naquela zona cinzenta e amórfica que ninguém quer reconhecer que existe, aquela massa incômoda que tem direitos, com a qual a sociedade brasileira tem uma dívida histórica imensa, e que constitui 1/3 do eleitorado de Dilma, há ali, hoje, 8,5% da população. Quanto à Bolsa Família, diz a Wikipedia: “Foi considerado um dos principais programas de combate à pobreza do mundo, tendo sido nomeado como "um esquema anti-pobreza originado na América Latina que está ganhando adeptos mundo afora" pela britânica The Economist. Ainda de acordo com a publicação, os governos de todo o mundo estão de olho no programa. O jornal francês Le Monde reporta: "O programa Bolsa Família amplia, sobretudo, o acesso à educação, a qual representa a melhor arma, no Brasil ou em qualquer lugar do mundo, contra a pobreza." Pra esclarecer, recebem algum tipo de bolsa (mecanismo condicional de transferência de recursos, também amplamente adotado por FHC (Ohhhh!!!)), pessoas cuja renda mensal está abaixo de R$ 140,00, ou seja, pessoas que, se fossem esperar pelo aprendizado da pesca, como você defende, morreriam de fome - dá a vara não, pra ver. Ao passo que, segundo o estudo A Evolução da Classe Média e o seu Impacto no Varejo – Diagnósticos e tendências – 2012, da FECOMERCIO SP (não são dados governamentais, veja bem, mas sim da Federação do Comércio de SP), 40 milhões de pessoas ascenderam às classes C e B entre 2003. Entenda-se por classe média aquela composta por aquelas famílias que possuem renda entre R$ 1.400,00 e R$ 7.000,00 e na qual Dilma abocanha mais de 50% dos votos. Em suma, embora haja motivos para que você esteja bastante fulo, nobre revolucionário - desmandos, corrupção, ausência de controle e uso político dos benefícios, etc., etc. -, a conjuntura é bem diferente daquela que, em 1992, legitimara o movimento pelo impeachment de Fernando Collor. Mas perfeitamente justificável seu equívoco, já que você não estava lá, né? Portanto, para finalizar, não vamos nos desgastar em pleitos elitizados e desconexos dos anseios populares que, embora justos, não justificam o Golpe Político. Porque é espernear que nem moleque mimado contra a vontade da maioria. É querer impor sua vontade só porque ela é sua, e a “sua” concepção de como as coisas deveriam ser. Ou, no mínimo, embase-se. Estude as questões que pretende combater, arregimente argumentos válidos, ouça o outro lado, para não cair no risco do ridículo. Saiba o que é a PEC 37, a PEC 33, o que é o Estatuto do Nascituro, o projeto de lei conhecido como “Cura Gay”. Lembre-se que Renan Calheiros continua lá, firme e forte, apesar das mais de dois milhões de assinaturas pedindo sua renúncia. Lembre-se que os estádios da Copa estão praticamente terminados e ninguém auditou isso. Outra coisa: gritar contra a corrupção, a favor da saúde, contra a violência, assim, de forma vaga e generalizada, pode ser muito nobre, porém, inofensivo. Generalizando, não se dá nome aos bois, e, portanto, os bois não vestem a carapuça. E o Estado, cobrado, não tem a quem efetivamente cobrar. Além do mais, todos são, num grau ou outro, a favor desses valores universais. Deixo claro que isso aqui não é uma defesa do PT. Estou cagando e andando pro PT. É em defesa da razão, da consciência, e é também o máximo que farei por isso. Protesto veementemente contra as regras da cartilha trotskista que agora surgem, num oportunismo bisonho dos revolucionários dos Jardins, do Cerqueira César, que elucubram entre um trago e outro do seu uísque irlandês em meio a baforadas de Cohiba. Querem ditar? Desçam às ruas e nos convençam. Mas, enfim, é isso. Confio em você, menino. Confio no seu talento inato para a irresignação, para a luta, para o inconformismo, que é o que importa. E o mais significativo você já fez: tirou do sofá a mim e a minha geração e nos levou de volta para a rua. E lhe somos grato por isso. Vamos à luta!
Posted on: Thu, 20 Jun 2013 20:20:36 +0000

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