Na casa de minha infância recriada Haverá um tênue canto Como aragem Vem este da brisa do mar Da voz materna Abrandando o espírito. Haverá ali um monstro Mas este somente debaixo da cama Dentro do armário escuro... _____Nunca através do espelho Sem me poder molestar E a voz Doce Como aragem Combate, sempre certa Esse, que é o único medo irracional De meu invento. Haverá vaga-lumes Que tomam o céu de onde vieram E unem Céu e Terra Numa dança sagrada. Haverá o amor Este, nu Como tem que ser _____E como deveras é E o choro A dor Estes, reais, Mas nunca coisas Que não se pode esquecer. Haverá o Universo Um mistério, Mas nem por isso Se torna indigno de louvor. Haverá meus olhos Puros Minhas mãos imaculadas Nas formas E sem as entender Não tendo-as por adjetivos As terá nas suas formas poéticas. Haverá, nesta casa Um poeta em potencial Este, mal sabendo ler e escrever Será muito mais poeta Que o de agra. Haverá a santidade recriada Deus tão perto Que as utopias As esperas Desfalecem. Nesta casa eu me encontrarei Seguro Pois o único lugar seguro que me resta É o passado. Fecho o meu livro de poesia Escrita Sob esta decadente mesa na qual escrevo o meu último poema _____Escrito Nesta casa, que logo se incendiará. Na casa da minha infância recriada Haverá um novo _____Homem Não o chamem pelo nome. – Mário Ganumbi
Posted on: Sat, 29 Jun 2013 18:58:20 +0000
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