Nestes tempos em que, com 49 anos de atraso, quase meio século - TopicsExpress



          

Nestes tempos em que, com 49 anos de atraso, quase meio século (!), a Globo sente necessidade de dizer que se arrepende do apoio ao golpe de 64, chega ser um insulto falar do passado de Genoíno na luta contra a ditadura. . O lugar de Genoíno não precisa de enfeites nem remendos. Só quem perdeu a alma não consegue imaginar como isso dói. Com todo respeito que já manifestei pelos conhecimentos jurídicos do ministro Barroso, e que Carmen Lucia também merece, pergunto: José Genoíno, um dos grandes políticos de sua geração, sete mandatos como parlamentar, deve ser elogiado porque “jamais enriqueceu com a política?” Desculpe a expressão: que preconceito “Casa Grande” é este? Vamos elogiar Genoíno porque ele não roubou? Era um destino de cearense, de político, de guerrilheiro, de petista? Ou vamos expor Genoíno a um pelourinho televisivo, bruto, selvagem, indigno, e depois, com dor no coração, olhar para suas feriras e falar de sua “história digna”? Quer dizer. O cara chega ser torturado em praça pública no Araguaia, como lição para a população não tem a menor dúvida sobre quem mandava naquele país – onde o Supremo se encolheu, engoliu as próprias cassações e até ajudou a ditadura a livrar-se de um adversário como Chico Pinto – e é Genoíno que precisa palavras bondosas para não sentir-se humilhado? Não, meus amigos. A Globo precisa explicar porque esperou 49 anos para fazer auto-crítica. Os ministros fazem uso da palavra para falar de seus lamentos. Genoíno só precisa da lei e da justiça. Tem direitos iguais aos 201 milhões de brasileiros. Basta ler o relatório entregue pelo delegado Luiz Flavio Zampronha para se descobrir que os empréstimos eram reais, não eram fraudados e colocaram dinheiro de verdade nas contas do PT, que redistribuiu os recursos. Genoíno foi condenado por que não se considerou “razoável” nem “plausível” que não “soubesse” do “esquema.” Mas essa denuncia sobre os empréstimos, aos poucos, foi sendo escondida e deixada de lado, porque era difícil de sustentar. Mas claro que continua sendo repetida, impunemente, até hoje. Porque, para o cidadão comum, é a “prova”. Essa turma vai levar 49 anos para se arrepender, de novo? Não adianta pedir desconto e lembrar que, condenado a uma pena menor, Genoíno terá direito a regime semi-aberto. Não se trata de um premio de consolação nem de uma barganha. O ponto de partida dessa visão é achar que ele merecia ser punido. Está errado. Pune-se, com penas maiores ou menores, quem tem culpa provada, com fatos robustos, inquestionáveis. A menos, claro, que se queira usar Genoíno como exemplo para lembrar, pela segunda vez, quem manda no país. Ninguém precisa ser lembrando disso. Está na cara.
Posted on: Mon, 02 Sep 2013 20:46:02 +0000

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