Não existe revolução expontânea. Em todo movimento de rua - TopicsExpress



          

Não existe revolução expontânea. Em todo movimento de rua sempre existe uma liderança, tem sempre que haver uma logística por trás, os famosos agitprop. A massa por si só segue um movimento browniano, por si só as indignações individuais não se traduzem num movimento coerente sem a vanguarda de um partido. Os bolsheviques fizeram a revolução de 1917 sendo minoria entre todos os opositores do czarismo, porque souberam entender a lógica da revolução, que continua e continuará sempre a mesma, independentemente de celulares, facebook, twitter ou telepatia. Os meios de comunicação, a viralidade das mensagens, afetam apenas a tática do grupo de vanguarda. Porém a lógica da psicologia das massas, do espírito de um tempo, da consolidação de idéias é sempre o mesmo. O movimento do #giganteacordou foi gestado por uma lógica que está a esquerda desse governo. A coordenação, a logística e tudo isso estavam objetivamente subordinados à um partido que é uma dissidência do PT, e que considera José Dirceu, no limite, como seu companheiro, porque ele representa um PT combativo que, parafraseando o viril Paulo Betti, "sujou a mão na merda" não para enriquecer, mas para alcançar a hegemonia política. Em que pesem as diferenças entre uma Luciana Genro e uma Dilma Rouseff, se a tarefa que se lhes é apresentada for a supressão das correntes liberais, tais diferenças serão imediatamente jogadas de lado. O julgamento do mensalão não é uma causa que empolgue o PSOL e o PSTU de verdade, porque para eles, o mensalão, como tentativa de cooptar um parlamento de direita para votar em um programa de esquerda sem questionamentos, é algo moralmente aceitável e correto. O que divide PSOL/PSTU do PT na questão do mensalão não são as implicações autoritárias de um esquema de corrupção que efetivamente castrou um dos três poderes com a faca afiada do vil metal. O que os divide é que para o PSOL/PSTU, tal poder quase totalitário que foi propiciado ao PT pelo mensalão, deveria ter sido usado para um programa mais à esquerda, mais bolivariano, mais Hugo Chavez e menos FHC. Mas essa diferença é deixada de lado numa questão em que uma oposição liberal poderia tomar proveito. Se for para o PSOL vencer o PT fortalecendo a oposição liberal, um discurso pró-mercado, pró estado de direito e pró liberdade, eles previsivelmente irão pular fora. Então, na ausência de partidos de massa de de centro ou de direita no Brasil, não existirá entidade capaz de convocar uma reação popular massiva de caráter carater revolucionário. Além do mais, os revolucionários de ontem já aprenderam, com o custo de até uma vida e incontáveis feridos, que a insurreição desarmada é praticamente um ataque kamikaze. A esta hora, o jovem médio de classe média já deve ter intuído de alguma maneira que a camera de um iphone e um post no facebook ainda falam bem menos alto no mundo real do que um projétil de calibre 7.62X0.39 disparado por um FAL de um soldado do Batalhão de Choque. Espero que essa minha comprida e tediosa análise esteja totalmente errada. Mas, agora, nesse momento, prevejo que o povo não reagirá ao escândalo da anunciada absolvição dos mensaleiros em seu novo julgamento. Faltam liderança, organização e experiência nos raivosos libertários do facebook para aceitar que não se muda a política de um país sem um esforço metódico e organizado de luta pelo poder. É irônico que o punhado de líderes que disseminou o discurso de uma política "sem partidos" adotado tão entusiasticamente pelos nossos sans-cullotes do facebook, seja ao mesmo tempo um examplo de livro-texto de organização partidária. E é triste que ninguém perceba isso e que continue-se a acreditar em milagres.
Posted on: Wed, 18 Sep 2013 22:16:34 +0000

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