Não havia passaporte para dizer de onde veio. Por anos que sua passagem era negada e seu tempo era imaginação de criança por entre os vãos do muro onde cabe apenas um olhar. Observava o tamanho da pátria alheia através dos pelos que nasciam da terra. Quando cresceu ele ofereceu sua língua e não puderem lhe impedir. Ela entrou pela estrada sem se desviar das montanhas e vales, deixou o abismo pernoitar entre seus cabelos e choveu maturidades de empoçar as mãos. Por noites escreveu com a ponta dos dedos na terra úmida o eco de sua respiração abafada pela bandeira enrolada no rosto. Adoeceu de tanta natureza nos bilhetes debaixo da porta do exílio que respondia a todos como se revelasse saudade de casa, e soube ouvir os lençóis abrindo cartas na cama para esquecer seu corpo como uma fotografia 3x4 perdida num envelope.
Posted on: Tue, 15 Oct 2013 01:18:35 +0000
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